Saída pela direita https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br Conservadorismo, nacionalismo e bolsonarismo, no Brasil e no mundo Mon, 06 Dec 2021 12:49:36 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Divórcio de Bolsonaro e PSL atropela evento conservador, e Bivar é excluído da programação https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/10/09/divorcio-de-bolsonaro-e-psl-atropela-evento-conservador-e-bivar-e-excluido-da-programacao/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/10/09/divorcio-de-bolsonaro-e-psl-atropela-evento-conservador-e-bivar-e-excluido-da-programacao/#respond Wed, 09 Oct 2019 17:24:00 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/cpac-320x213.jpg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=1849 Os sinais de um divórcio iminente entre o presidente Jair Bolsonaro e o PSL atropelaram a agenda da Cpac, conferência conservadora americana cuja primeira edição brasileira ocorrerá sexta-feira (11) e sábado (12) em um hotel de São Paulo.

O presidente nacional do partido, Luciano Bivar, foi excluído da mesa de abertura do evento, prevista para a noite de sexta, em que estaria ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do presidente da União Conservadora Americana, Matt Schlapp.

Oficialmente, trata-se de “incompatibilidade de agendas”, mas a presença de Bivar ficou insustentável após a declaração dada pelo presidente na última terça-feira (8) pedindo a um militante para “esquecer o PSL”. Bolsonaro também disse que Bivar estava queimado.

Outra mudança de última hora foi a retirada da programação de Nando Moura, um dos principais youtubers de direita do país, com 3,35 milhões de assinantes em seu canal. Recentemente, Moura passou a criticar Bolsonaro e teve um bate-boca com o também youtuber Allan dos Santos, aliado fiel do presidente e de seu guru ideológico, o filósofo Olavo de Carvalho.

Importada dos EUA por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), a Conservative Political Action Conference (Conferência de Ação Política Conservadora), criada em 1973, é um dos principais eventos anuais da direita americana. Reúne políticos ligados ao Partido Republicano, lideranças libertárias e grupos como evangélicos e defensores do porte de armas.

O presidente Donald Trump é presença frequente nestes eventos.

Na edição brasileira, a Cpac terá a presença de intelectuais conservadoras, políticos e influenciadores digitais, além de convidados americanos, que discutirão temas que vão da religião como ferramenta para derrotar o comunismo às queimadas na Amazônia.

Também deverá haver mesas sobre direitos humanos, combate à criminalidade, ideologia feminista e liberdade econômica.

A participação de Bolsonaro está prevista para encerrar o primeiro dia da conferência. No sábado, haverá as presenças de diversos representantes do governo, como os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Damares Alves (Direitos Humanos) e Abraham Weintraub (Educação), além do assessor internacional da Presidência Filipe Martins.

Entre os convidados internacionais, estarão na conferência a ex-diretora de Comunicação da Casa Branca Mercedez Schlapp, o senador republicano Mike Lee (Arizona) e o economista James Roberts, do Heritage Foundation, um dos principais thinks tanks da direita americana.

A expectativa é que Bolsonaro e seus aliados aproveitem a Cpac para radicalizar o discurso contra a oposição, imprensa e dissidentes da própria direita, além de solidificar sua base mais fiel, já pensando na sua campanha de reeleição, em 2022 .

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Militares só querem ir para a África ganhar comenda, diz deputado https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/04/30/militares-so-querem-ir-para-a-africa-ganhar-comenda-diz-deputado/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/04/30/militares-so-querem-ir-para-a-africa-ganhar-comenda-diz-deputado/#respond Tue, 30 Apr 2019 11:18:05 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/principe-320x213.jpg http://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=797 As tensões entre a base conservadora de apoio ao presidente Jair Bolsonaro e os militares têm marcado o início do governo.

Deputado federal eleito na onda direitista de outubro passado, Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP), é um dos que têm lado assumido. “Os militares se tornaram o que o [ex-presidente] Fernando Henrique queria que fossem. Querem ir para a África ganhar comenda”, afirma.

Descendente da família real brasileira (que, aliás, foi derrubada pelos militares em 1889), Luiz Philippe, 50, não costuma realçar seu sangue nobre como característica política. Em quase duas horas de conversa na semana passada, não mencionou esse aspecto nenhuma vez. Apresenta-se como empresário liberal, ativista de causas conservadoras e estudioso da política externa –na Câmara, é vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores.

É também um admirador assumido do filósofo Olavo de Carvalho, o que ajuda a explicar as farpas que lança sobre os militares, alvo da ira do guru do presidente. O ponto básico do deputado é: falta conservadorismo à turma da farda.

“Os militares não são conservadores. Eles têm uma característica nacionalista e estatizante. Têm muito mais viés socialista que capitalista”, afirma.

Perguntei se ele inclui nesse diagnóstico inclusive os que dão expediente no Palácio do Planalto, como os generais Augusto Heleno (Segurança Institucional), Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo) e o vice-presidente, Hamilton Mourão. “Sim”, responde o deputado. “Mas não quero falar individualmente deles, muitos são meus amigos. Estou falando do aspecto geral”.

Quando critica o desejo de generais de ganhar comenda da ONU, o deputado tem dois alvos óbvios: Heleno, que chefiou tropas de paz no Haiti, e Santos Cruz, que fez o mesmo na República Democrática do Congo.

“Os militares se tornaram globalistas. A lealdade deles é regional, é à América Latina, à África. É como a ONU vê o Brasil”, declara.

Coisas mais importantes acabam sendo deixadas de lado, acredita Luiz Philippe. “Não querem cuidar de fronteira, de temas transnacionais”. O deputado também vê resistência grande deles em apoiar a pauta conservadora do governo. “No caso da agenda moralizante,  são um corpo resistor. Resistem à mudança na área educacional, por exemplo”.

O único aspecto positivo, aponta o parlamentar, é a capacidade administrativa que os generais possuem. “Isso ajuda muito na parte gerencial”, admite.

Para Luiz Philippe, a guerra aberta empreendida por Olavo de Carvalho contra os militares é positiva porque deixa claras as diferenças de visão sobre o governo. “O Olavo é um cara que está jogando luz nessas características. A população acha que os militares são conservadores. Não é verdade. Eles são estatizantes, têm muita proximidade com o PT”.

Durante a campanha eleitoral, o nome do deputado circulou como possível indicado a diversos postos importantes. Ele diz que foi cotado para ser vice de Bolsonaro, e inclusive teve conversas a respeito da possibilidade com os filhos do presidente. E nega a outra hipótese que circulou, de ser nomeado chanceler.

E o que ele acha, então, do atual ocupante do Itamaraty, o ministro Ernesto Araújo, outro representante da ala olavista? “O Araújo é um burocrata, como são os diplomatas de carreira. Não é um mau burocrata, é a característica dele”, afirma.

Mas em alguns momentos, afirma Luiz Philippe, a diplomacia requer uma certa agressividade, especialmente em um cenário internacional em que a direita, a seu ver, está comendo poeira. “Qual é a proposta global da direita hoje? Não existe. A ONU é de esquerda, a União Europeia é de esquerda, o Foro de São Paulo é de esquerda”.

Liberal convicto na economia, ele defende priorizar entidades supranacionais com essas características, como a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), à qual o Brasil quer se filiar. “Estamos num momento definidor. Queremos ser a cabeça da sardinha ou o rabo do tubarão?”.

Traduzindo a metáfora marítima: queremos liderar o mundo dos pobres, como, segundo ele, pregam o PT e os militares, ou entrar no clube dos ricos, ainda que na rabeira?

A resposta, para Luiz Philippe, é evidente: melhor ser rabo de tubarão.

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Recém-inaugurado, bar de direita em BH tem prato Tríplex e drinque Vai Pra Cuba https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/04/22/recem-inaugurado-bar-de-direita-em-bh-tem-prato-triplex-e-drink-vai-pra-cuba/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/04/22/recem-inaugurado-bar-de-direita-em-bh-tem-prato-triplex-e-drink-vai-pra-cuba/#respond Mon, 22 Apr 2019 10:29:29 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/Destro-320x213.jpg http://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=708 A decoração tem ícones da direita como o ex-presidente dos EUA Ronald Reagan, os ex-primeiros-ministros britânicos Winston Churchill e Margaret Thatcher e pensadores liberais como Milton Friedman e Ludwig von Mises. Do Brasil, são homenageados o ex-ministro Roberto Campos, o Barão de Mauá e o filósofo Olavo de Carvalho, entre outros.

A descrição não é da sede de um dos incontáveis institutos conservadores que surgiram Brasil afora nos últimos anos, mas de um bar. Inaugurado há duas semanas em Belo Horizonte (MG), o Destro é assumidamente de direita, provavelmente o primeiro do Brasil com essa temática.

No cardápio, além de vários tipos de coxinhas, há pratos de nomes sugestivos como Tríplex (ossobuco, queijo canastra e mandioca cozida), A Lula Tá Presa (anéis de lula) e Saudando a Mandioca (linguiça de porco com mandiocas cozidas). Entre os drinques há o Vai Pra Cuba! (mojito de maracujá) e o Trump Wall (à base de tequila e suco de limão). O bar também conta com uma cerveja artesanal, a Destra.

Às terças-feiras, no lugar de ofertas como “chopp em dobro”, comuns em botecos Brasil afora, o mote é a promoção “Imposto é Roubo”, com descontos em bebidas e petiscos.

A ideia veio de quatro amigos direitistas que se conheceram na PUC de BH, três estudantes de direito e um de administração. “Começou com uma brincadeira. A gente sempre comentava que a noite está muito chata, muito politicamente correta, e que a solução seria abrir um bar sem mimimi”, diz Guilherme Laender, 35, um dos sócios, que foi diretor da Fiat e cuja família tem concessionárias de automóveis.

Ao lado de seu irmão Daniel e dos amigos José Neto e Gustavo Lopes, decidiram botar a ideia no papel em dezembro do ano passado. Em três meses, o bar estava pronto, num imóvel no bairro Sion, zona boêmia da capital mineira.

Neste curto período de vida do Destro, não houve situações de tensão com a esquerda, fora algumas críticas via redes sociais. Mas os donos tomaram precauções: além de um segurança na porta, o bar tem câmeras, alarme e conta com uma ronda noturna que passa periodicamente pelo local.

Caneca em forma de revólver, do Destro Bar (Divulgação)

Em noites de futebol o local se rende ao inevitável e transmite jogos de Cruzeiro ou Atlético-MG, mas nas demais as TVs ficam ligadas em documentários sobre figuras da direita (sem som). Há duas semanas, o bar transmitiu as entrevistas de Olavo de Carvalho e Sergio Moro ao programa “Conversa com Bial”, da TV Globo.

Apesar de ser um bar com temática de direita, pessoas de esquerda também são bem-vindas, diz outro dos sócios, José Neto, 39, que também tem um hostel na cidade. E se aparecer alguém com camisa de Che Guevara, ou de “Lula Livre”?

“Vai poder entrar sem problema, desde que não esteja ali para provocar e criar confusão. A gente sabe que nem todo mundo que frequenta o bar é de direita, isso seria impossível”, diz Neto.

Apesar de os quatro sócios se declararem bolsonaristas fiéis, a figura do presidente não está presente em nenhum lugar do ambiente, ao menos por enquanto. Segundo Neto, ainda é cedo. “Vamos esperar e ver se ele vai fazer um bom governo. Se fizer, a gente coloca um quadro”, diz.

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O que é o marxismo cultural, que o novo ministro da Educação quer combater? https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/04/09/o-que-e-o-marxismo-cultural-que-o-novo-ministro-da-educacao-quer-combater/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/04/09/o-que-e-o-marxismo-cultural-que-o-novo-ministro-da-educacao-quer-combater/#respond Tue, 09 Apr 2019 11:04:46 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/frankfurt-320x213.png http://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=565 Além da baixa qualidade do ensino público, da desmotivação dos professores e da falta de infraestrutura nas escolas, o novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, parece ter outro inimigo, talvez até mais poderoso: o marxismo cultural.

O risco que essa forma de esquerdismo representa para ele ficou claro logo no início de uma palestra em dezembro do ano passado, num fórum conservador em Foz do Iguaçu (PR) (veja o vídeo). Contra ameaça tão premente, a receita de Weintraub é simples: doses cavalares do pensamento do filósofo Olavo de Carvalho.

O que é esse fantasma da direita chamado “marxismo cultural”? Liberais, conservadores, bolsonaristas e olavetes têm uma relação ambivalente com o conceito.

Por um lado, consideram-no uma ameaça existencial. Ao mesmo tempo, o veem como uma espécie de “fruto proibido”: reconhecem que o marxismo cultural exerce uma influência sobre o pensamento contemporâneo que eles podem apenas sonhar em igualar. E querem fazer igual, mas com o sinal trocado.

A própria expressão é controversa. Raramente você verá um esquerdista que a utiliza. Costuma ser mencionada por uma ala da direita radical que acredita na existência de uma espécie de conspiração socialista de dominação global. Nela, como disse na mesma palestra Arthur Weintraub (irmão do novo ministro), cabem o PT, Cuba e o ex-presidente dos EUA Barack Obama. Olavo de Carvalho e seus discípulos partilham da tese.

Há dezenas de referências de esquerda que estariam na origem do marxismo cultural, mas vou destacar duas: o italiano Antonio Gramsci (1891-1937) e a turma da Escola de Frankfurt, surgida nos anos 1920.

O pensador italiano de esquerda Antonio Gramsci (Reprodução)

Baseado nas conversas que ando tendo, digo sem medo de errar que hoje Gramsci rivaliza com Karl Marx na trinca dos maiores inimigos da direita (o terceiro elemento é o economista britânico John Maynard Keynes). Sua contribuição ao pensamento de esquerda foi fazer uma releitura da teoria marxista, reduzindo o peso do materialismo econômico e transportando-a para o campo da cultura.

Ou seja, para Gramsci, tão ou mais importante que a batalha pelos meios de produção é o conceito de hegemonia cultural. A maneira como é contada a história, os valores da sociedade civil, as manifestações culturais são os campos onde a guerra é travada.

A Escola de Frankfurt, sob o comando de Max Horkheimer (que Arthur Weintraub cita várias vezes na palestra), expandiu esse conceito e apoiou-se em disciplinas como sociologia, filosofia e as teses existencialistas para reanalisar o marxismo.

Mas o gramscismo e os discípulos de Horkheimer (entre eles pensadores influentes, como Theodor Adorno e Herbert Marcuse) só passaram a habitar os pesadelos da direita muitas décadas depois de seu surgimento, nos ano 1990.

Não é difícil entender o motivo. Na análise feita pela direita, a esquerda se reinventou a partir da queda do bloco comunista: desistiu de apresentar uma alternativa ao capitalismo e passou a priorizar a hegemonia cultural, em universidades, na imprensa, nas artes, na economia e em muitos outros campos.

Como diz Arthur Weintraub na palestra de Foz do Iguaçu: “A coisa é séria. Quando caiu o Muro de Berlim, a gente pensou: ‘puxa vida, agora acabou, não tem mais comunismo’. Mas eles se reinventam”.

Multiculturalismo, globalismo, desenvolvimentismo, feminismo, ações afirmativas, social-democracia, secularismo, aquecimento global, ambientalismo e dezenas de outras manifestações que questionam ou relativizam o sistema liberal, os valores conservadores e a civilização judaico-cristã ganharam o rótulo de “marxismo cultural”.

Mas é como me disseram já diversos direitistas: culpados fomos nós, que deixamos o campo cultural aberto para a esquerda. Agora, é hora de reagir, na mesma moeda: instilando valores conservadores na academia, na mídia, no cinema, na literatura.

Essa é a cruzada de Olavo, do novo ministro da Educação e de muitos outros.

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Filme sobre o golpe de 64 diz que militares perderam a batalha das ideias https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/04/01/filme-sobre-o-golpe-de-64-diz-que-a-direita-perdeu-a-batalha-das-ideias/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/04/01/filme-sobre-o-golpe-de-64-diz-que-a-direita-perdeu-a-batalha-das-ideias/#respond Mon, 01 Apr 2019 12:48:41 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/filme3-320x213.jpeg http://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=481 Não era exatamente a estreia de um blockbuster. Mas o lançamento do documentário “1964: O Brasil Entre Armas e Livros”, na noite de domingo (31), em São Paulo, empolgou a direita. Uma hora antes do início da projeção, uma fila enorme já se formava esperando a abertura da sala no complexo de cinemas do shopping Eldorado.

Fila formada para a estreia do documentário, em São Paulo

No “tapete vermelho” —que, felizmente para os organizadores, não tinha essa cor—, o youtuber Nando Moura (3,18 milhões de inscritos em seu canal) e um repórter do canal ultrabolsonarista Terça Livre entrevistavam personalidades do mundo conservador. Estiveram por lá, entre outros, o youtuber Bernardo Kuster, o deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), o presidente do Instituto Mises Brasil, Helio Beltrão, além de diversos professores universitários.

O youtuber Nando Moura faz entrevista para seu canal, antes do filme

O documentário é obra do Brasil Paralelo, misto de produtora e empresa baseada em Porto Alegre (RS) que tem se especializado na produção de vídeos sobre a história do Brasil, sempre com viés de direita.

Seus diretores são olavistas assumidos. Um deles, Henrique Zingano, louvou o filósofo Olavo de Carvalho antes da exibição, na sala lotada, dizendo que ele era o “maior produtor de ‘red pills’ do Brasil”. A referência é a uma cena do  filme Matrix (1999), em que uma pílula vermelha é oferecida ao personagem Neo para despertar nele o conhecimento sobre os duros fatos do mundo real.

O filme levou quase dois anos para ser produzido e foi feito de maneira independente (veja o trailer). Em fevereiro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro causou certo frisson ao tuitar fazendo propaganda do documentário.

Os produtores apresentam uma versão “alternativa” sobre o golpe de 1964, que, segundo eles, é contaminada pela  historiografia tradicional de esquerda. Não por outro motivo, a data escolhida para seu lançamento foi a do aniversário de 55 anos da derrubada de João Goulart pelos militares.

Houve eventos simultâneos em dez cidades, que transcorreram de forma tranquila. Em Belo Horizonte, a direção da sala de cinema contratada chegou a ameaçar cancelar a exibição após protestos nas redes sociais, mas acabou mantendo-a.

Integrantes do Brasil Paralelo, que produz o filme

E o que ele mostra, afinal?

Estou longe de ser um especialista na arte cinematográfica, mas posso dizer que a película é tecnicamente bem-feita, com uso interessante de grafismos e boa qualidade de imagens.

Com duas horas de duração, o filme é um pouco cansativo em alguns trechos, e fica a sensação de que daria para enxugar bastante a avalanche de depoimentos que se sucedem. Entre os entrevistados estão jornalistas, historiadores e acadêmicos, no Brasil e no Leste Europeu. A trilha sonora marcial permanente no fundo, por vezes alta demais, dá um certo desespero.

Olavo de Carvalho, claro, está lá, e surpreendentemente comportado. Não solta palavrão uma única vez. O mais próximo disso é quando diz que os militares fizeram uma “cagada” de manter-se no poder tempo demais.

Esta é uma das surpresas do filme: Olavo diz com todas as letras que foi um “golpe”, e que depois houve um “golpe dentro do golpe”, referência ao endurecimento do regime em 1968.

A promessa de revelação de documentos inéditos do Instituto para o Estudo de Regimes Totalitários em Praga (República Tcheca) é um pouco frustrante. Não há muita coisa fundamentalmente nova em papéis mostrados de forma apressada, que corroboram o já conhecido interesse de serviços de inteligência do bloco soviético no Brasil, nos anos 1960.

Seria um tanto injusto dizer que o documentário defende a ditadura. Há algumas críticas aos exageros do regime militar e até referências à atuação de “psicopatas” que torturaram e mataram opositores.

O que o filme traz de mais polêmico é estabelecer uma equivalência entre os dois lados: militares e a direita de um lado, opositores e a esquerda de outro.

Isso fica claro desde a explicação sobre a origem do 31 de março de 1964, que teria sido uma reação legítima a um movimento acelerado de adesão de Goulart ao bloco soviético.

Na verdade, na visão do filme, a deriva esquerdista brasileira vinha de bem antes, do governo Juscelino Kubitschek, que entregou a construção de Brasília ao notório comunista Oscar Niemeyer. Como se não bastasse, seu sucessor, Jânio Quadros, condecorou o guerrilheiro Che Guevara. Jango, assim, apenas completaria o trabalho de entregar o Brasil aos braços da União Soviética, e precisava ser parado.

Ainda mais controverso, equaliza-se o jogo no nervo exposto das violações de direitos humanos. Sim, diz o filme, houve abusos do governo, mas que foram uma reação justificada à atividade terrorista de grupos armados. Em determinado momento, um entrevistado chega a classificar os confrontos de “guerra civil entre militares e comunistas”.

A película gasta mais tempo com a crítica a Carlos Marighella do que com o assassinato de Vladimir Herzog. A contabilidade de 434 mortos feita pela Comissão Nacional da Verdade é colocada em dúvida. A censura é relativizada e classificada como amadora e confusa.

No filme, como disse Olavo, os militares fizeram “cagada”, mas não da maneira como isso é tradicionalmente apresentado. Para a direita, pior que a questão dos direitos humanos foi a falta de preocupação com a batalha das ideias, vencida pela esquerda. Enquanto o aparato repressivo matava Herzog, Chico Buarque conquistava a juventude com suas composições sobre amor e liberdade.

No trecho final, o filme exala melancolia. O desgaste dos militares abriu caminho para a “Constituição Cidadã”, cristalizando em lei grande parte das teses pelas quais Goulart foi derrubado. Os derrotados de 1964 se vingaram em 1988.

Após a exibição, num rápido debate representantes da chamada “nova direita” ali presentes disseram que é prioridade recuperar terreno e vencer a batalha de ideias. Para isso, contam com o novo clima no país instaurado pela vitória de Jair Bolsonaro —que, aliás, não é mencionado nenhuma vez no filme.

O documentário agora deve fazer carreira em institutos e universidades (espero que sem tumultos). Também ficará disponível no YouTube.

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Aliados de Olavo de Carvalho terão braço no movimento estudantil https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/03/13/aliados-de-olavo-de-carvalho-terao-braco-no-movimento-estudantil/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/03/13/aliados-de-olavo-de-carvalho-terao-braco-no-movimento-estudantil/#respond Wed, 13 Mar 2019 10:48:09 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/DouglasGarcia-320x213.jpg http://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=314 Nesta sexta (15), a improvável trajetória de Douglas Garcia, 25, da favela do Buraco do Sapo, na divisa de São Paulo com Diadema, para um gabinete na Assembleia Legislativa paulista se completa.

Não satisfeito, no dia seguinte à sua posse como deputado estadual pelo PSL, ele será um dos organizadores do evento de criação de uma nova entidade estudantil, assumidamente pró-Jair Bolsonaro e alinhada com o conservadorismo de Olavo de Carvalho, guru do presidente.

Garcia é a principal força por trás da União Nacional dos Estudantes Conservadores (Unecon), pensada para ser uma voz do olavismo dentro do movimento estudantil.

Seu surgimento vem no momento em que Olavo trava uma queda de braço com representantes do Ministério da Educação que não seguem sua cartilha.

O guru tem força na pasta, e está demonstrando. Indicou a Bolsonaro o ministro Ricardo Vélez Rodríguez e nos últimos dias pressionou para que ele demitisse o número dois do MEC, Luiz Antônio Tozi, e o coronel-aviador Ricardo Roquetti de uma diretoria, porque seriam técnicos demais e tutelados pelos militares.

Olavo, diz Garcia, terá na Unecon uma aliada inconteste. “O professor foi muito importante na minha formação intelectual”, afirma, antes de citar de um só fôlego o nome de todos os livros do filósofo. Jovem pobre de direita, lamentar nunca ter tido dinheiro para fazer o curso online dele, que custa R$ 640 a anualidade.

Para o encontro de fundação da entidade são esperados 150 delegados do interior de São Paulo e estados como Minas Gerais e Ceará. A maioria ligada ao Direita SP, entidade liderada por Garcia, e ao Instituto Conservador.

Não querem substituir a UNE (União Nacional dos Estudantes), mas tomá-la por dentro, agindo como uma espécie de “partido” da direita estudantil. No curto prazo, pretendem controlar alguns centros acadêmicos e grêmios estudantis.

Nisso, pretendem se diferenciar do braço estudantil do MBL (Movimento Brasil Livre), dando apoio total a Bolsonaro. “O MBL muitas vezes é progressista nos costumes. Nós somos conservadores sempre”, diz Garcia.

A programação do encontro discutirá temas como “O envenenamento da juventude pelas ideologias totalitárias” e “A supressão dos estudantes conservadores nas instituições de ensino”. Haverá competição de debates, com prêmios (um deles é o livro “A Verdade Sufocada”, do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido como torturador pela Justiça).

Programação do encontro de fundação da Unecon (Divulgação)

A UNE, controlada há décadas pelo PC do B, e os ambientes universitários de forma geral não toleram a direita, afirma Garcia. No final do ano passado, um grupo do Direita SP organizou uma marcha na USP para celebrar a vitória de Bolsonaro. Tiveram de sair do campus escoltados pela PM.

A plataforma da Unecon é impecavelmente bolsonarista/olavista. (Garcia se assume um “bolsominion com orgulho”, sem problemas com o tom pejorativo do termo). O primeiro alvo, claro, é o educador Paulo Freire, cuja influência, segundo ele, “produz analfabetos funcionais ao privilegiar o socioconstrutivismo”. “O cara chega na faculdade e não consegue fazer uma equação de segundo grau”, afirma.

Outras bandeiras são a regulamentação do ensino domiciliar, o aumento do número de colégios militares e, obviamente, o Escola Sem Partido.

Mas em ao menos um totem petista a Unecon não vai mexer: o ProUni. O máximo a que chega é defender que seja um programa temporário, e que a prioridade do governo seja voltada para a educação de base.

Estudante de Direito na Unip, Garcia é cria dos movimentos de junho de 2013. Aquelas passeatas despertaram seu gosto pelo ativismo, primeiro na  sua “quebrada” na zona sul de SP, e depois em atos convocados pelo Facebook.

Em 2016 aproximou-se de Bolsonaro, criou o Direita SP e chegou a promover um bloco de Carnaval que apoiava abertamente a ditadura, o Porão do Dops, depois barrado pelo Ministério Público. No ano passado foi escolhido pelo PSL como um de seus candidatos à Alesp. Eleito com 74 mil votos, será o deputado estadual mais jovem na Casa.

Na periferia, diz ele, o sentimento conservador é dominante, mas a esquerda sempre monopolizou o discurso por falta de alternativa.

Agora é diferente, afirma. E desafia: “Vai lá na favela e pergunta o que as pessoas acham de o filho poder fumar maconha livremente, de abortar quando quiser, de o menino de 5 anos pode ser chamado de Mariazinha. Faz um teste”.

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Nas redes, direita celebra recuo de Moro em nomeação de Szabó https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/02/28/com-olavo-de-carvalho-a-frente-direita-celebra-recuo-de-moro/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/02/28/com-olavo-de-carvalho-a-frente-direita-celebra-recuo-de-moro/#respond Thu, 28 Feb 2019 23:41:27 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/ilona2-150x150.jpg http://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=219 Se ontem estava em chamas com a nomeação da cientista política Ilona Szabó como suplente no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, a direita pró-armas festejou o recuo do ministro Sergio Moro dando tiros (metafóricos) para o alto.

Moro cedeu à pressão das redes sociais e desconvidou Ilona, pedindo desculpas a ela, como antecipou a colunista Vera Magalhães, de O Estado de S. Paulo e rádio Jovem Pan. Tudo porque Ilona tem uma conhecida militância contraria à flexibilização da posse e porte de armas.

No Twitter, pessoas que se diziam decepcionados com o ministro celebraram a volta do filho pródigo.

O ex-senador Magno Malta, que andava meio sumido desde que foi escanteado por Bolsonaro na formação do governo, ressurgiu parabenizando o ex-juiz.

Bene Barbosa, um dos mais influentes militantes pró-armas do país, aproveitou para festejar o efeito colateral do desconvite a Ilona, a renúncia de Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança do Conselho Nacional de Segurança, em solidariedade a ela.

Outro bolsonarista influente nas redes, Allan dos Santos, diz que foi uma vitória do povo que elegeu Bolsonaro.

Já o MBL inimigo jurado de Ilona, foi sucinto:

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