Saída pela direita https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br Conservadorismo, nacionalismo e bolsonarismo, no Brasil e no mundo Mon, 06 Dec 2021 12:49:36 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 O que significa para o bolsonarismo a briga entre Nando Moura e Allan dos Santos https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/09/16/o-que-significa-para-o-bolsonarismo-a-briga-entre-nando-moura-e-allan-dos-santos/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/09/16/o-que-significa-para-o-bolsonarismo-a-briga-entre-nando-moura-e-allan-dos-santos/#respond Mon, 16 Sep 2019 21:29:47 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/nando.jpg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=1710 Nando Moura vs. Allan dos Santos.

Não se preocupe se você não estiver identificando quem são os dois protagonistas deste duelo. Mas se estiver disposto a acompanhar por algum tempo a atividade no gueto digital conservador, vai até achar que estamos diante de um novo Muhammad Ali vs. George Foreman.

Nando e Allan são dois gladiadores da direita no mundo virtual. Tuiteiros e youtubers, são agressivos, grosseiros e histriônicos. Atacam a imprensa, a esquerda, os progressistas e tudo que cheirar ao famoso “marxismo cultural”. E são devotos de são Olavo de Carvalho.

Até pouco tempo atrás, estavam do mesmo lado. Nando, por exemplo, foi todo sorrisos com Italo Lorenzon, uma espécie de fiel escudeiro de Allan, em março, no lançamento de um filme que relativiza o golpe de 1964. (Está neste link, a partir de 4min42s).

Mas o caldo destro entornou no final da semana passada. Nando Moura, depois de um período longe do YouTube, retornou de forma bombástica na sexta-feira (13).

“Fala, seus bandidos ilícitos!!!”, esgoelou-se, provavelmente matando de susto muita gente desavisada que clicou no botão play. “Eu estava com muita saudade de vocês, de verdade. Esse canal é uma terapia para mim”, disse.

No dia seguinte, sábado (14), soltou a bomba: num mesmo vídeo, criticou a odiada Rede Globo e o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), por ter se recusado a assinar a chamada CPI da Lava Toga, que pretende investigar sobretudo o Supremo Tribunal Federal.

De roupa do Exército e guitarras penduradas na parede ao fundo, literalmente trincando os dentes, xingou o filho do presidente. “Já que estamos falando de cinismo, cretinice e canalhice, estava assistindo à entrevista do Flávio Bolsonaro ao Terça Livre, foi uma das coisas mais nojentas que eu já vi na minha vida”, disse, em referência ao canal capitaneado por Allan dos Santos, que veiculou uma entrevista com o filho do presidente em 10 de setembro.

“Todo mundo está presenciando os desmandos do Judiciário. […] Flávio Bolsonaro, você vai assinar essa CPI da Lava Toga quando, seu covardão?”, arrematou Nando.

A resposta de Allan, num tom apenas um pouco menos virulento, veio no mesmo dia. “O Nando Moura diz que eu sou inimigo. Falou gritando comigo no telefone. Eu não sei se ele é personagem, não sei se ele é assim mesmo”, disse.

O youtuber Allan dos Santos com o presidente Bolsonaro (Reprodução)

Logo depois, anunciou a criação de uma espécie de cadastro de militantes bolsonaristas, atendendo a uma sugestão de são Olavo (http://www.probolsonaro.com.br/).

Por trás da briga de dois ególatras, há uma questão de fundo dividindo a direita. Era muito simples ser radical e jacobino fora do governo. Basta lembrar da famosa frase de Eduardo Bolsonaro de que para fechar o Supremo bastam um cabo e um soldado, veiculada no auge da campanha eleitoral do ano passado.

Com Bolsonaro chefiando o Poder Executivo, patrocinar investidas contra outros Poderes pode ser problemático. O presidente, afinal, firmou alianças muito próximas, por exemplo, com os comandantes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do STF, Dias  Toffoli.

A CPI da Lava Toga é mais um ato a estremecer a aliança entre conservadores e lavajatistas, já abalada pela fritura do ministro Sergio Moro (Justiça) e pelo projeto de lei sobre o abuso de autoridade. Parte da base do PSL e da direita parece estar colocando o ímpeto investigatório acima da lealdade ao presidente. Nando Moura, com seus 3,3 milhões de seguidores, está nesse grupo. Os senadores Major Olímpio (SP) e Selma Arruda (MT, de partida para o Podemos), também.

Outra ala, representada por Allan dos Santos (630 mil inscritos em seu canal) e, ao que tudo indica, o próprio Olavo, prefere a realpolitik, para não correr o risco de desestabilizar o barco do governo. Nessa situação, obviamente, estão os filhos do presidente.

Allan tempera sua visão dizendo que não é contra a investigação dos ministros do STF –sobretudo Toffoli e Gilmar Mendes, vistos como inimigos da Lava Jato. Ele diz apenas que prefere que se peça o impeachment deles no Senado, o que é uma forma de sair pela tangente, dado que é uma alternativa completamente irrealista.

Como camadas de cebola, a direita vai aos poucos se descolando de Bolsonaro: MBL, João Doria, Wilson Witzel, Gustavo Bebianno, Alexandre Frota já partiram. Mas o núcleo duro bolsonarista vinha se mantendo mais ou menos coeso.

Se gente como Nando Moura largar o capitão, é mais uma camada que se vai, e talvez seja o prenúncio de mais defecções. Mas é possível também que após causar barulho e ganhar audiência, todos voltem às boas. Youtubers são mestres da manipulação de suas audiências.

Enquanto a coisa não se desenrola, sugiro curtir a briga à distância (se você não tiver nada melhor para fazer, claro). É até divertido.

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Camisas amarelas vão para o revide e defendem Moro com raiva na Paulista https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/06/30/com-raiva-camisas-amarelas-defendem-moro-na-avenida-paulista/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/06/30/com-raiva-camisas-amarelas-defendem-moro-na-avenida-paulista/#respond Sun, 30 Jun 2019 22:20:37 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/protesto1-320x213.jpeg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=1334 Da dupla de senhores de cabelos brancos que desfilava com um cartaz atacando a imprensa ao discurso num caminhão de som pedindo “bullying” sobre o Congresso, o tom do novo protesto dos camisas amarelas na avenida Paulista foi raivoso.

Certamente, a indignação era maior do que a da manifestação anterior dos bolsonaristas, em 26 de maio, que tinha uma pauta mais difusa. Neste domingo (30), a defesa do ministro da Justiça, Sergio Moro, esteve em um claro primeiro plano e contaminou o humor da multidão, mesmo quando o tema era outro.

O sentimento dominante era a necessidade de uma reação urgente para resgatar Moro, após uma sequência de reveses que incluiu os diálogos revelados pelo “The Intercept”, a aprovação do projeto de abuso de autoridade pelo Senado e o susto da quase soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Moro, afinal, é hoje uma das duas últimas figuras a unificarem a direita (a outra é o ministro da Economia, Paulo Guedes). Mesmo movimentos que se distanciaram de Bolsonaro, caso do MBL (Movimento Brasil Livre), mantêm seu apoio ao herói da Lava Jato e estiveram presentes na avenida, embora de maneira relativamente discreta.

Vendo o ex-juiz ser atacado, seus defensores foram para o revide. Por onde se olhasse era possível ver cartazes e ouvir palavras de ordem com provocações. “Esquerda escrota, pare de atrapalhar!”, era apenas um exemplo.

Até o vice, general Hamilton Mourão, há muito visto com desconfiança pelo público fiel ao presidente, foi resgatado em um cartaz que pedia: “General Mourão, faça a intervenção. Fim do congresso e do STF”.

Manifestante segura cartaz pedindo que o general Mourão feche o Congresso e o STF

As críticas ao Congresso, sempre presentes em protestos da direita, foram especialmente duras desta vez. Do alto do carro de som do movimento Vem Pra Rua, normalmente visto como mais moderado em comparação com os congêneres, um orador entoou: “Eu estou vendo que o povo está bravo! O povo quer que o Congresso Nacional acorde!”.

À grita contra o projeto do abuso de autoridade somou-se a constatação, de resto óbvia, de que o sucesso do governo de Jair Bolsonaro depende da recuperação econômica e da reforma da Previdência em particular.

“Rodrigo Maia, presta atenção, nós queremos a reforma de 1 trilhão!”, puxou em coro um locutor no caminhão do Vem Pra Rua, em referência ao montante que, segundo o Ministério da Economia, será economizado com a reforma em dez anos.

No vizinho caminhão do movimento Nas Ruas, o recado foi mais direto, e quase ameaçador. “Todo mundo aqui tem que pressionar os deputados pela reforma. É para fazer bullying digital, sim”, afirmou um coordenador.

Cartaz com crítica ao Congresso e o STF durante a manifestação

Segurando um cartaz em defesa de Moro, Jaime Araújo, 51, funcionário de uma empresa que fabrica plástico, disse que a vontade do povo estava na avenida, e não no Congresso. “Existe uma parcela do Congresso que não foi renovada na eleição, por isso é importante a pressão popular”, disse.

Glenn Greenwald e a imprensa em geral foram alvos preferenciais. A Folha foi chamada de “esquerdiota”, “escrota” e “comunista”, entre outros termos, por pessoas que viravam as costas e se recusavam a dar entrevistas.

“A imprensa comprou a versão do Intercept. Perdeu o norte, transformou o jornalismo em militância”, disse Irineu Ramos, que se apresentou como jornalista e, ao lado do empresário Jorge Fernandes, segurava um cartaz escrito “Imprensa Inimiga do Brasil”.

Manifestantes seguram cartaz com crítica à imprensa

Não conseguiam dar dez passos sem ter de parar para um  pedido de foto.

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Para advogado, proximidade entre Moro e procuradores é compreensível https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/06/24/para-advogado-proximidade-entre-moro-e-procuradores-e-compreensivel/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/06/24/para-advogado-proximidade-entre-moro-e-procuradores-e-compreensivel/#respond Mon, 24 Jun 2019 20:44:27 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/MarceloK-320x213.jpg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=1276 Marcelo Knopfelmacher, 43, é um estranho no ninho da advocacia, em que o sentimento de repulsa ao ex-juiz Sergio Moro e à Lava Jato em geral é dominante.

Advogado criminal e tributário em São Paulo, onde atua há 21 anos, ele defende o atual ministro da Justiça e diz considerar normal a proximidade dele com os procuradores da operação, evidenciada pelos diálogos revelados pelo site The Intercept Brasil.

“Por se tratar de uma operação tão longa, vultosa, sui generis, e sendo os acusadores sempre os mesmos, é compreensível que haja diálogo entre juízes e promotores”, diz ele, ex-conselheiro da OAB-SP.

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O que o sr. achou do vazamento dos diálogos que envolvem o ministro Sergio Moro? O que existe até agora são notícias dando conta de diálogos. A gente nem tem prova, tem notícias. Segundo a jurisprudência dos nossos tribunais, denúncia anônima não serve para dar início à investigação. Ainda que tivéssemos provas, a obtenção delas se deu de maneira ilícita, por meio de um hacker. Isso juridicamente não pode ser considerado prova nem pela acusação, nem pela defesa. As provas são do processo, não pertencem a nenhuma das partes. É um princípio geral do Direito.

Isso é controverso, não? Muitos juristas entendem que prova obtida ilicitamente pode ser usada. Estou dando argumentos técnicos, mas o juízo é que vai emitir decisão sobre isso. Por se tratar de uma operação tão longa, vultosa, sui generis, e sendo os acusadores sempre os mesmos, é compreensível que haja diálogo entre juízes e promotores. Diferentemente da defesa, que é pulverizada, em que cada um tem seu advogado. Além disso, a gente tem de compreender o contexto dessas mensagens. Diálogos captados por meio de mensagens frias não têm entonação, ironia, sarcasmo, colocações jocosas. A mensagem fria permite mais de uma interpretação. E você nem sabe se as pessoas que estavam digitando são elas mesmas.

A própria Lava Jato já defendeu que provas obtidas ilicitamente podem ser usadas. Foram mais os procuradores de Curitiba. Se o Moro falou isso alguma vez, falou sozinho. Eles não acertaram em tudo. A experiência está mostrando que temos de ser parcimoniosos nessas questões.

O que o sr. acha da acusação de que há viés político na Lava Jato? Todo ser humano tem um viés político. O juiz discute política, futebol. O que ele não pode é colocar a política no seu trabalho, e isso a gente não consegue detectar nesse diálogos. É justamente por isso que existe um sistema recursal. Ter opinião não significa ser suspeito. A suspeição se dá se a opinião está colocada de maneira imotivada nos autos.

Ali não está claro que Moro tomou um partido? É muito difícil dizer. Tenho dificuldades em enxergar isso.

Mas ele orienta os procuradores, cobra, sugere… Para mim, ele está seguindo o artigo 40 do Código de Processo Penal [que obriga juízes a comunicar o Ministério Público sobre crimes em andamento]. É uma notícia de crime. Ele tomou conhecimento de fato ilícito e mandou para o MP. Em relação a ter aconselhado a Lava Jato, entendo que ele simplesmente fez o registro de que determinada procuradora ia mal em audiências. Em tribunais do júri, já aconteceram situações em que o magistrado determinou a substituição de promotores por questões técnicas. É excepcional, mas acontece. O juiz também pode nomear advogado dativo caso o réu esteja sem defesa. São figuras previstas no ordenamento jurídico brasileiro. Se ele pode nomear um advogado, por que não tem como registrar que uma procuradora ia mal?

Esses fatos não comprometem a imparcialidade do Moro? De novo: numa operação longa, é normal que as pessoas criem uma cumplicidade. Imagine em cidades pequenas do interior, a relação de camaradagem entre juiz e promotor.

O sr. vê risco de anulação da condenação de Lula? Nenhum. Até porque a sentença de Moro não existe mais. Ela virou outras decisões, do TRF-4 e do STJ. Como as pessoas recorreram, a decisão de Moro foi substituída por outras.

E politicamente, a Lava Jato pode perder força? Ela sai fortalecida. Acho que não houve mudança no sentimento popular retratado no resultado das urnas.

Advogados em geral são críticos de Moro, como é ser um estranho no ninho? Sempre que houver um abuso, vamos criticar. Da mesma forma que os réus da Lava Jato têm direito a defesa, Moro e os procuradores também têm. Estou tranquilo.

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Campanha pela deportação de Greenwald vira grito de guerra da direita https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/06/11/campanha-pela-deportacao-de-greenwald-vira-grito-de-guerra-da-direita/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/06/11/campanha-pela-deportacao-de-greenwald-vira-grito-de-guerra-da-direita/#respond Tue, 11 Jun 2019 14:38:10 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/greenwald-320x213.jpg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=1201 Nas primeiras 38 horas desde a revelação das conversas envolvendo o ministro Sergio Moro (Justiça) e o procurador Deltan Dallagnol, pelo site Intercept, a guerra de hashtags no Twitter registrou 60% de menções para os críticos da Lava Jato e 40% para os defensores da operação.

Os dados foram compilados pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DAPP-FGV), que faz o acompanhamento rotineiro de assuntos políticos no Twitter.

Somadas, as hashtags #vazajato, #morocriminoso e #lulalivre tiveram 597 mil menções entre as 18h de domingo (9) e as 8h de terça (11). No outro pólo, as que defendem o ex-juiz (#euapoioalavajato e #deportagreenwald) registraram 394 mil citações.

Uma novidade no debate é a campanha nas redes pela deportação do jornalista americano Glenn Greenwald, responsável pelo site. Os diálogos mostram Moro e Deltan discutindo procedimentos e fases da Lava Jato, além de deixarem claro que havia dúvidas nos investigadores sobre o envolvimento de Lula com corrupção no caso tríplex.

Como mostra o gráfico abaixo, a hashtag #deportagreenwald surgiu no início da tarde de segunda-feira (10) e aos poucos foi encorpando. No fim do dia, já estava empatava com #vazajato e #morocriminoso. E ganhava com alguma folga de #lulalivre.

Por volta das 20h30 de segunda, o DAPP-FGV registrou pico de 2.315 menções a cada ciclo de meia hora para a defesa da deportação.

Vivendo no Brasil há anos, Greenwald é casado com o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ). Apesar da gritaria dos lavajatistas e bolsonaristas nas redes, não há nenhum sinal até agora de que o governo esteja planejando alguma medida de proibir sua estada no país.

Em 2004, vale lembrar, o governo Lula ameaçou revogar o visto do jornalista americano Larry Rohter por não ter gostado de reportagem feita por ele no jornal The New York Times sobre os hábitos etílicos do petista, mas depois recuou.

A análise dos dados mostra que houve duas ondas de reação à reportagem do Intercept. O primeiro pico, dos críticos à Lava Jato, chegou a 12 mil menções no Twitter a cada ciclo de meia hora no final do domingo. O segundo, em reação, começou na manhã de segunda.

Essa situação, obviamente, é parcial ainda, visto que Greenwald promete novas revelações. Aguardemos.

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Na Paulista, manifestantes esquecem o PT e escancaram o racha na direita https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/05/26/na-paulista-manifestantes-esquecem-o-pt-e-escancaram-o-racha-na-direita/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/05/26/na-paulista-manifestantes-esquecem-o-pt-e-escancaram-o-racha-na-direita/#respond Mon, 27 May 2019 00:44:27 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/e9cd0182f4b7f73cff0f632314fa1d39173ccee0d321ad86627f6cd2f75bf7a3_5ceae0e4ad617-320x213.jpg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=1049 Até podiam ser vistos alguns Pixulecos na avenida Paulista, e de vez em quando alguém puxava um coro de “a nossa bandeira jamais será vermelha”.
A manifestação de apoiadores do governo, no entanto, tinha outros inimigos. Eram os “traidores”.

O centrão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os ministros do STF e o MBL (Movimento Brasil Livre) tomaram o lugar que durante muito tempo foi ocupado por Lula, Fernando Haddad ou Gleisi Hoffmann.

Um desavisado que aparecesse por ali com uma camiseta do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), líder do MBL, correria tanto risco quanto alguém que usasse uma do PT.

Um exemplo dessa mudança de alvos ocorreu no carro de som do grupo Direita SP, quando foram lidos os nomes dos deputados federais paulistas do centrão que votaram contra a permanência do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) com Sergio Moro (Justiça).

Um a um foram vaiados parlamentares de DEM, PP, MDB, PRB e outros, com destaque para Paulinho da Força (SD-SP), chamado de “maldito”.
Os do PT e PSOL foram ignorados, porque, como justificou o locutor, destas legendas nunca se esperou apoio para as pautas do governo. Era como se tivessem sido rebaixadas a uma Série B do antibolsonarismo.

Já a direita não-alinhada ao governo foi tratada como uma inimiga muito mais forte, o que revela uma disputa de espaço no conservadorismo.

O MBL apanhou muito, algo sintomático dado que era um protesto de direita. Foi chamado de “tchutchuca do centrão” e “Movimento Bumbum Livre”. Num rap improvisado, o MC Reaça mandou o movimento para a “Cuba que o pariu”, sob intensos aplausos.

Sobraram petardos também para as deputadas Janaina Paschoal (PSL), que criticou as manifestações, e Carla Zambelli (PSL), vista como titubeante na defesa dos atos.
“Eu tenho vergonha de ter votado na Janaina e ver que ela chegou lá e em cinco minutos nos esqueceu”, disse uma liderança do Direita SP no microfone.

Muitas das pessoas ali presentes apoiavam as reformas propostas por Moro e Paulo Guedes (Economia) até com mais força do que defendiam o próprio presidente Jair Bolsonaro.
Contraditoriamente, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, um dos principais defensores da reforma da Previdência, era criticado em cartazes e palavras de ordem. Seu pecado: tentar roubar o protagonismo de Bolsonaro.

“Ele teve 67 mil votos [na verdade, 74.232] e o Bolsonaro teve 57 milhões, não dá para comparar”, disse a empresária Milcia Ghilardi, que estava com um grupo que carregava uma faixa contra o “golpe” do parlamentarismo. “Nós votamos no Bolsonaro, é ele quem deve governar, não o Rodrigo Maia”, afirmou.
Corretor de seguros, José Alexandre Acre afirmou que “Maia usa sua inteligência para o mal”. “Ele se elegeu a duras penas, não gosta do Sergio Moro e agora se aliou ao centrão”.

Outrora idolatrado em manifestações do tipo, que incluíam até o maior símbolo de prestígio da direita –seu próprio boneco inflável–, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, foi outro a receber críticas, embora em escala menor do que a destinada ao odiado centrão.

“Ele é traíra. Tudo que o Bolsonaro fala ele é contra. É a favor do aborto, contra porte de armas, defende a Venezuela”, disse João de Andrade, bancário aposentado que veio de Araras (SP) para a manifestação.

Apoiador de Bolsonaro durante a manifestação na avenida Paulista (Nelson Almeida/AFP)

Apesar da virulência de alguns discursos, eles ficaram no limiar da defesa da ruptura institucional, mas sem cruzar essa linha vermelha, no que parece ter sido uma orientação dos movimentos de evitar qualquer posicionamento que pudesse ser classificado como antidemocrático.

Vaias a ministros do STF, pedidos de impeachment de integrantes da corte como Dias Toffoli e Gilmar Mendes (outro que já foi visto como aliado dos que estavam na Paulista) estiveram por todo lado.

Mas, excetuando-se manifestações isoladas de pessoas mais exaltadas, não se ouviu a defesa do fim do Supremo ou do Congresso Nacional.

Ninguém lembrou, por exemplo, do cabo e do soldado mencionados por Eduardo Bolsonaro como suficientes para fechar o STF.

O máximo a que se chegava eram faixas como “A Justiça se perde com esses togados do STF”. Ou o muito aplaudido discurso de um sargento, completo com sua farda do Exército, que defendeu a mudança na forma como os ministros são escolhidos, com obrigatoriedade de serem juízes de carreira.

A Paulista estava cheia, embora não intransitável. Havia muitos empresários, profissionais liberais e estudantes universitários que defendiam as reformas. Um deles, Ericon Matheus, segurava um cartaz que dizia: “Larga esse ódio e venha amar o Guedes”.

Mas também participaram muitos desempregados e moradores de bairros periféricos, todos defendendo uma reforma que vai, em última análise, reduzir direitos, o que não deixa de ser uma demonstração de força do governo.

“Vim pelo pacote do Moro, a reforma da Previdência e contra os ministros do STF. Bolsonaro está tentando governar, mas tem a interferência do Parlamento”, afirmou José Carlos de Oliveira, 21, ajudante de pedreiro em Guarulhos (SP).

Não se perdeu totalmente o clima de domingão na Paulista. Crianças tiravam fotos em cima de um caminhão do Exército estacionado (propriedade de um colecionador). Ambulantes vendiam camistas de Bolsonaro a R$ 10.

Bastões de plástico branco eram distribuídos. Mas neste domingo, não eram bonecos de Lula preso, como em outras manifestações. Tinham a frase “Congresso corrupto”, com ratos passeando pelas letras.

Bastão inflável distribuído na manifestação (Fábio Zanini/Folhapress)
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‘Ombudsman do STF’, jurista diz que Toffoli e Moraes cometem terrorismo https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/04/18/ombudsman-do-stf-jurista-diz-que-toffoli-e-moraes-cometem-terrorismo/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/04/18/ombudsman-do-stf-jurista-diz-que-toffoli-e-moraes-cometem-terrorismo/#respond Thu, 18 Apr 2019 10:26:04 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/modesto-320x213.jpeg http://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=721 Enquanto o país discute se houve excesso do Supremo Tribunal Federal no combate a fake news, um brasileiro poderia dizer: eu já sabia.

Aos 87 anos, Modesto Carvalhosa, professor aposentado da Faculdade de Direito da USP, notabilizou-se nos últimos anos por ser uma espécie de ombudsman dos ministros do STF. Apresentou pedido de impeachment de três deles: Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e o atual presidente, Dias Toffoli.

De forma quixotesca, o jurista há tempos se dedica a combater o que vê como leniência da corte com casos de corrupção, ocupando as redes sociais e a imprensa em geral com sua defesa de um Supremo antenado ao desejo da sociedade de moralidade. Não eram muitos os que acreditavam que teria sucesso.

Nos últimos dias, contudo, a agenda de Carvalhosa tem estado repleta com pedidos de entrevistas e comentários. O motivo, obviamente, é a série de medidas controversas tomadas por Toffoli para resguardar o STF de ataques nas rede sociais. Primeiro, a abertura de um inquérito “de ofício”, sem pedido da Procuradoria-Geral da República, com nomeação, sem sorteio, do ministro Alexandre de Moraes como relator.

Seguiram-se a censura determinada por Moraes ao site “O Antangonista” e à revista eletrônica “Crusoé”, por terem noticiado uma referência do empreiteiro Marcelo Odebrecht a Toffoli. Por fim, houve a operação de busca e apreensão da Polícia Federal contra pessoas que postaram críticas à corte nas redes sociais.

Perguntei a Carvalhosa se ele se sente vingado, mas ele foi, perdoe o trocadilho, modesto. “Vingado? Não, eu me sinto indignado”, afirma o professor.

Segundo ele, Moraes e Toffoli não cometeram apenas crime de responsabilidade. São culpados também de crimes comuns.

“Eles fizeram uma dupla para estabelecer o terrorismo, porque estão ameaçados pela Lava Jato”, diz Carvalhosa.

Ele enxerga quatro artigos do Código Penal que teriam sido infringidos pelos ministros: 146 (constrangimento ilegal), 147 (ameaça), 150 (violação de domicílio) e 322 (violência arbitrária).

O professor se tornou uma pedra no sapato do Supremo por volta de 2017. Segundo ele, foi quando começaram a se avolumar sinais de que a corte estava sendo benevolente com acusados de corrupção. “O Supremo se perdeu quando começou a conceder habeas corpus para políticos, para rei do ônibus [Jacob Barata], para tudo”, diz ele. “Eu refletia naquela altura a indignação do povo brasileiro”.

Carvalhosa nem de longe defende soluções extremas como o fechamento ou enfraquecimento da corte. Ao contrário, diz, é preciso resgatar a legitimidade do tribunal. “A democracia necessita de instituições, mas o Supremo está falindo. É preciso mudar sua composição, a começar pelo presidente Toffoli, que deveria ser afastado pelo conjunto dos ministros”, diz.

A corte não é uma terra arrasada, diz o professor. Dos 11 ministros do STF, ele diz ter respeito por 5: Carmen Lúcia, Rosa Weber, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.

Outros 2 Carvalhos coloca “em observação”: Celso de Mello e Marco Aurélio.

Celso, diz o professor, é uma pessoa “idônea”. “Mas o formalismo dele prejudica sua função de pacificação social. Ele mora há uns 420 anos em Brasília, não sabe o que a sociedade quer, só se preocupa com precedentes”, ironiza

Já Marco Aurélio é marcado pela “ambiguidade”. “Ele é imprevisível, às vezes toma decisões interessantes, outras são absurdas”, afirma Carvalhosa.

Procurei a assessoria do STF para comentar as declarações do professor, mas não tive resposta.

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Ação do STF foi ditatorial, diz Clube Militar https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/04/17/acao-do-stf-foi-ditatorial-diz-clube-militar/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/04/17/acao-do-stf-foi-ditatorial-diz-clube-militar/#respond Wed, 17 Apr 2019 19:36:04 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/Clube1-320x213.jpeg http://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=723 O Clube Militar, entidade que reúne militares da ativa e da reserva, divulgou nota nessa quarta-feira (17) criticando a ação da Polícia Federal, a mando do Supremo, que teve sete pessoas como alvo, inclusive o general da reserva Paulo Chagas.

Segundo o Clube, a ação do STF foi “ditatorial”. “[O Clube Militar] assistiu a um de seus dignos associados [o general Chagas] ser tolhido em seus legítimos direitos constitucionais em ação ditatorialmente editada, visto que foi desacreditada pela Procuradoria Geral da República, dentre inúmeros conceituados órgãos da vida brasileira”, diz o texto da entidade.

O Clube Militar afirma que o Brasil viveu nesta terça (16) “um dia negro, nebuloso, em que a perplexidade tomou conta da população, face às notícias emanadas do Supremo Tribunal Federal”.

A ação do Supremo foi parte do inquérito aberto pelo presidente da corte, ministro Dias Toffoli, para investigar ataques à corte. Ele nomeou como relator seu colega Alexandre de Moraes, que autorizou a Polícia Federal a fazer busca e apreensão contra pessoas que estariam espalhando “fake news” críticas ao tribunal.

Paulo Chagas, general de brigada (segundo cargo mais importante na hierarquia do Exército), foi alvo da PF por ter feito diversas postagens críticas ao STF nas redes sociais, inclusive sugerindo que poderia ser criado no lugar da corte um “tribunal de exceção”.

Na segunda (15), Moraes também determinou a censura aos sites “O Antagonista” e “Crusoé”, proibindo-os de noticiar uma menção feita pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht a Toffoli num depoimento anexado aos autos da Lava Jato.

A PGR defendeu o arquivamento do inquérito, mas esse posicionamento foi ignorado por Moraes.

Para o Clube Militar, está em curso uma reação da corte ao possível envolvimento de alguns de seus membros com casos de corrupção. “Começamos a temer pelas verdadeiras causas de tudo isso. […] É inconcebível que qualquer e indevida atitude venha retratar inconformismo e, menos ainda, enseje reação, possibilitando defesa, a qualquer preço, de status quo preexistente”, afirma a nota.

Com 38 mil membros, a entidade não é formalmente ligada às Forças Armadas, e suas opiniões têm peso mais político do que prático junto à caserna. Diversos membros da diretoria têm relação pessoal com o alto escalão militar do governo de Jair Bolsonaro, a começar pelo vice-presidente, Hamilton Mourão, que presidia a entidade até ser eleito, no ano passado.

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