Saída pela direita https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br Conservadorismo, nacionalismo e bolsonarismo, no Brasil e no mundo Mon, 06 Dec 2021 12:49:36 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 No Twitter, protesto pela educação tem ligeira vantagem sobre ato pró-Bolsonaro https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/05/28/no-twitter-protesto-pela-educacao-tem-ligeira-vantagem-sobre-ato-pro-bolsonaro/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/05/28/no-twitter-protesto-pela-educacao-tem-ligeira-vantagem-sobre-ato-pro-bolsonaro/#respond Tue, 28 May 2019 11:17:28 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/Bolsonaro-320x213.jpg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=1079 As menções no Twitter, uma das formas mais diretas de se medir o impacto de um grande evento, mostraram os protestos contra Bolsonaro (15 de maio) ligeiramente à frente das manifestações a favor dele (26 de maio). Praticamente um empate técnico.

Até as 18h de domingo passado, houve 1,1 milhão de menções relacionadas à manifestação em defesa do governo, segundo levantamento feito pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV (DAPP-FGV).

Nesse mesmo horário, mas no protesto contra Bolsonaro, que teve como mote os cortes na área de Educação, a pesquisa registrou 1,18 milhão de referências no Twitter,  (7,2% a mais portanto).

Nem todas essas menções ao ato do último domingo foram de apoio, segundo o levantamento: 67% foram positivas e 29% com críticas ao governo (além de 4% neutras).

Os apoiadores do ato se dividiram em dois grupos. Um defendendo mais claramente Bolsonaro, inclusive com críticas à direita que não aderiu, sobretudo o MBL (Movimento Brasil Livre), e outro priorizando pautas do governo, como a reforma da Previdência e o pacote anticrime do ministro Sergio Moro (Justiça).

Entre os alvos principais dos tuítes estiveram o Congresso Nacional, o STF e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

De uma forma geral, portanto, a tuitosfera refletiu mais ou menos de maneira fidedigna as bandeiras prioritárias dos manifestantes (ao menos no ato da avenida Paulista, que acompanhei). Vi muita defesa de Bolsonaro, mas muita gente que estava lá estava quase se lixando para o presidente e mais preocupada com a aprovação de reformas pelo Congresso.

Dentro do universo de citações no Twitter, os temas ficaram assim divididos:

 

O DAPP-FGV também levantou os personagens mais citados (após Bolsonaro, obviamente):

A conclusão do DAPP-FGV é de que as manifestações foram “significativas, mas não avassaladoras”, o que só vai apimentar a disputa nas redes. Os atos também tiveram caráter “antissistema” (contra os políticos, o Congresso e o STF), o que deve gerar reação contra o presidente, que de uma certa forma os estimulou.

Por fim, consolidou-se um racha na base de direita de Bolsonaro: de um lado os defensores radicais do presidente, de seu estilo e de seus valores conservadores. De outro, os mais liberais, preocupados com a economia e apoiadores apenas de Guedes.

]]>
0
Militares só querem ir para a África ganhar comenda, diz deputado https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/04/30/militares-so-querem-ir-para-a-africa-ganhar-comenda-diz-deputado/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/04/30/militares-so-querem-ir-para-a-africa-ganhar-comenda-diz-deputado/#respond Tue, 30 Apr 2019 11:18:05 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/principe-320x213.jpg http://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=797 As tensões entre a base conservadora de apoio ao presidente Jair Bolsonaro e os militares têm marcado o início do governo.

Deputado federal eleito na onda direitista de outubro passado, Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP), é um dos que têm lado assumido. “Os militares se tornaram o que o [ex-presidente] Fernando Henrique queria que fossem. Querem ir para a África ganhar comenda”, afirma.

Descendente da família real brasileira (que, aliás, foi derrubada pelos militares em 1889), Luiz Philippe, 50, não costuma realçar seu sangue nobre como característica política. Em quase duas horas de conversa na semana passada, não mencionou esse aspecto nenhuma vez. Apresenta-se como empresário liberal, ativista de causas conservadoras e estudioso da política externa –na Câmara, é vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores.

É também um admirador assumido do filósofo Olavo de Carvalho, o que ajuda a explicar as farpas que lança sobre os militares, alvo da ira do guru do presidente. O ponto básico do deputado é: falta conservadorismo à turma da farda.

“Os militares não são conservadores. Eles têm uma característica nacionalista e estatizante. Têm muito mais viés socialista que capitalista”, afirma.

Perguntei se ele inclui nesse diagnóstico inclusive os que dão expediente no Palácio do Planalto, como os generais Augusto Heleno (Segurança Institucional), Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo) e o vice-presidente, Hamilton Mourão. “Sim”, responde o deputado. “Mas não quero falar individualmente deles, muitos são meus amigos. Estou falando do aspecto geral”.

Quando critica o desejo de generais de ganhar comenda da ONU, o deputado tem dois alvos óbvios: Heleno, que chefiou tropas de paz no Haiti, e Santos Cruz, que fez o mesmo na República Democrática do Congo.

“Os militares se tornaram globalistas. A lealdade deles é regional, é à América Latina, à África. É como a ONU vê o Brasil”, declara.

Coisas mais importantes acabam sendo deixadas de lado, acredita Luiz Philippe. “Não querem cuidar de fronteira, de temas transnacionais”. O deputado também vê resistência grande deles em apoiar a pauta conservadora do governo. “No caso da agenda moralizante,  são um corpo resistor. Resistem à mudança na área educacional, por exemplo”.

O único aspecto positivo, aponta o parlamentar, é a capacidade administrativa que os generais possuem. “Isso ajuda muito na parte gerencial”, admite.

Para Luiz Philippe, a guerra aberta empreendida por Olavo de Carvalho contra os militares é positiva porque deixa claras as diferenças de visão sobre o governo. “O Olavo é um cara que está jogando luz nessas características. A população acha que os militares são conservadores. Não é verdade. Eles são estatizantes, têm muita proximidade com o PT”.

Durante a campanha eleitoral, o nome do deputado circulou como possível indicado a diversos postos importantes. Ele diz que foi cotado para ser vice de Bolsonaro, e inclusive teve conversas a respeito da possibilidade com os filhos do presidente. E nega a outra hipótese que circulou, de ser nomeado chanceler.

E o que ele acha, então, do atual ocupante do Itamaraty, o ministro Ernesto Araújo, outro representante da ala olavista? “O Araújo é um burocrata, como são os diplomatas de carreira. Não é um mau burocrata, é a característica dele”, afirma.

Mas em alguns momentos, afirma Luiz Philippe, a diplomacia requer uma certa agressividade, especialmente em um cenário internacional em que a direita, a seu ver, está comendo poeira. “Qual é a proposta global da direita hoje? Não existe. A ONU é de esquerda, a União Europeia é de esquerda, o Foro de São Paulo é de esquerda”.

Liberal convicto na economia, ele defende priorizar entidades supranacionais com essas características, como a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), à qual o Brasil quer se filiar. “Estamos num momento definidor. Queremos ser a cabeça da sardinha ou o rabo do tubarão?”.

Traduzindo a metáfora marítima: queremos liderar o mundo dos pobres, como, segundo ele, pregam o PT e os militares, ou entrar no clube dos ricos, ainda que na rabeira?

A resposta, para Luiz Philippe, é evidente: melhor ser rabo de tubarão.

]]>
0
Próximo de Bolsonaro, Alexandre Garcia rejeita rótulo de ‘porta-voz da direita’ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/03/01/proximo-de-bolsonaro-alexandre-garcia-rejeita-rotulo-de-porta-voz-da-direita/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/03/01/proximo-de-bolsonaro-alexandre-garcia-rejeita-rotulo-de-porta-voz-da-direita/#respond Fri, 01 Mar 2019 11:17:32 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/garciabolsonaro-150x150.png http://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=190 A-le-xan-dre Gar-cia.

Desde o final do ano passado esse chamado ritmado ao decano dos comentaristas políticos de Brasília sumiu da TV Globo (quem o fazia melhor, para mim, era a Zileide Silva, no Bom Dia Brasil). Alexandre encerrou seu vínculo com a emissora, após 30 anos, de comum acordo, segundo as duas partes.

Aos 78 anos, saiu de cena o jornalista de ar solene  da TV e surgiu um autêntico influenciador digital dos novos tempos. Alexandre está chegando à impressionante marca de 1,1 milhão seguidores no Twitter e parece se divertir fazendo postagens sobre comida, animais de estimação, noticiário internacional e, claro, política.

Em breve, ele me contou numa conversa telefônica bastante simpática nessa semana, terá um canal no YouTube. E não cortou completamente os laços com a mídia tradicional. Faz um comentário diário para 290 emissoras de rádio e escreve uma coluna publicada em 20 jornais. Há informações, que ele não confirma, de que estaria na mira da futura CNN Brasil.

A esquerda nunca foi muito com a cara dele. Alexandre, em sua carreira, ficou associado ao conservadorismo e à direita. Gaúcho que começou no Jornal do Brasil, ele foi porta-voz do general João Figueiredo, último presidente da ditadura militar (1979-85).

No final dos anos 80, Alexandre personificou, na Globo, o apoio da emissora ao então candidato e depois presidente Fernando Collor de Mello, ganhando a antipatia eterna de muitos petistas.

Mais recentemente, foi convidado por Jair Bolsonaro para ser seu porta-voz, o que acabou recusando –não por razões ideológicas, segundo ele, apenas profissionais.

Mas ele não esconde sua simpatia por diversas bandeiras do atual governo, como endurecimento penal e direito às armas, e já ganhou elogios públicos do presidente.

Nesta quinta (28), foi um dos 11 jornalistas selecionados por Bolsonaro para uma conversa no Palácio do Planalto.

Quando pergunto o que ele acha de ser considerado por muitos uma espécie de porta-voz da direita, Alexandre rejeita de pronto. “Eu não sou nada. Eu sou jornalista. Jornalista não pode ser nada, eu não tenho nem time de futebol”, diz.

Ser rotulado, para ele, é algo que foge de seu controle. “Já votei no Lula, votei no Fernando Henrique…”, afirma.

Tem mais: lista entre seus amigos figurões do PT.

“Eu tenho amigos como por exemplo o Zé Dirceu, Aloizio Mercadante, José Genoino. Rótulo qualquer um pode pregar em qualquer pessoa. Minha escola é aquela que considera jornalismo algo isento, neutro, em que os fatos são mais fortes”.

Como Alexandre se definiria então? Conservador? Nacionalista? Liberal? “Eu me considero um patriota”, ele responde. “Eu amo meu país, ponto final”.

Uma ligação muito forte dele é com as Forças Armadas. Seu Twitter está cheio de imagens com militares, participando de eventos e fazendo comentários elogiosos a eles.

A grande presença da caserna, segundo ele, é um ponto positivo do novo governo.

“Todos eles são muito bem preparados, gente muito simples, que não está se empolgando com o poder. Não têm interesses político-partidários. Aí dá para confiar, porque a pessoa só tem um interesse, que se chama Brasil”.

Alexandre Garcia é reticente em suas análises sobre o governo. Diz que é cedo para ter um veredito. “Ainda tenho que esperar uma consolidação maior para dar opinião”, afirma.

Também sai pela tangente quando peço para que comente a comunicação oficial, em especial a interferência de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, via redes sociais.

“Não tenho o visto o Carlos Bolsonaro na comunicação, tenho visto nas redes sociais. Não sei se interferiu”, diz. Mas aposta que a escolha do general Otávio Rego Barros para o cargo que ele recusou, o de porta-voz da Presidência, foi um acerto. “Ele fez um grande trabalho Exército [onde cuidava da comunicação]”.

Alexandre gostou da proposta de reforma da Previdência apresentada por Bolsonaro. “Ela é necessária. Aprovar é uma obrigação do Congresso, não é favor, porque senão nós vamos ficar na mão”.

Mas também tem críticas ao atual governo. No dia em que conversamos, havia acabado de finalizar um artigo criticando a ideia do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, de pedir que escolas filmassem crianças cantando o Hino Nacional.

Nada contra o hino, obviamente, para alguém que preza os símbolos pátrios. O problema, para Alexandre, foi o pedido para que os alunos repetissem o slogan de campanha de Bolsonaro, “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” –especialmente a segunda parte.

“A coisa mais óbvia do mundo é toda escola ter uma bandeira no alto do mastro. O que não é óbvio é que seja repetido um slogan de campanha. Entrar Deus nessa fica complicado porque parece uma teocracia”, diz ele, que afirma que o Brasil não é o Vaticano, nem o Irã, dois Estados teocráticos.

Alexandre lamenta que hoje a distância entre a imprensa e o poder seja maior do que no passado. Não que seja culpa de Bolsonaro, claro.

“O que eu vejo é que os veteranos como eu dizem: ‘puxa, lá atrás a gente tinha mais acesso’. A sala de imprensa do Palácio do Planalto ficava no mesmo andar do presidente, depois passou para o térreo. Essa queixa eu tenho ouvido, mas não é de agora, faz muito tempo que ficou assim”.

Ele diz que ainda está se adaptando à nova vida fora da maior emissora do Brasil e que está gostando de poder dar pitaco em tudo. “Na Globo eu tinha que tomar cuidado porque era comentarista. Não podia sair expressando opiniões. Agora ficou mais fácil”.

É uma repercussão, diz Alexandre, que ele não esperava. E a empolgação com que trata das novas mídias mostra que deve ser um caminho sem volta em sua longa carreira.

“Fui gostando aos poucos, e depois que saí da Globo gostei mais ainda. Vai ser minha opção agora, trabalhar com redes sociais”, afirma.

]]>
0
Quero causar desconforto ao STF, diz deputada pró-Bolsonaro https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/02/18/quero-causar-desconforto-ao-stf-diz-deputada-pro-bolsonaro/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/02/18/quero-causar-desconforto-ao-stf-diz-deputada-pro-bolsonaro/#respond Mon, 18 Feb 2019 11:43:03 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/BiaKicis-150x150.jpg http://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=62 Numa Câmara dos Deputados repleta de novas caras querendo fazer barulho, Bia Kicis (PSL-DF) se destaca pela hiperatividade.

Nesse começo de legislatura, ela apresentou nova versão para o projeto de lei do Escola sem Partido; está recolhendo assinaturas para revogar a chamada PEC da Bengala, o que abriria caminho para mudar a composição do Supremo; e promete fazer o meio de campo entre o Congresso e a equipe econômica chefiada por Paulo Guedes, cujo primeiro encontro com Jair Bolsonaro ela ajudou a viabilizar, em 2017.

Procuradora de carreira do Distrito Federal durante 24 anos, a política em primeiro mandato, eleita com 86.415 votos, fala rápido, é cheia de certezas e assumidamente conservadora.

Comentando as revelações da Folha de que seu partido apresentou candidaturas laranja para deputado nas eleições, ela defendeu apuração, mas sem contaminar o partido ou o governo. “Nossa missão é muito maior, a gente está brigando contra uma coisa chamada Foro de São Paulo [grupo de partidos latino-americanos de esquerda. Não vão ser umas laranjinhas que vão atrapalhar”.

O gabinete dela na Câmara é um entra-e-sai frenético, com assessores apressados trabalhando em suas iniciativas parlamentares. Enquanto eu esperava para falar com ela, na última quinta (14), apareceu um casal que se disse do grupo Vem Pra Rua, de Goiás. Foram reclamar que o governador Ronaldo Caiado vem mostrando uma estranha tendência esquerdista ao montar sua equipe –isso porque é o do DEM e ligado a ruralistas. (A direção do VPR-GO entrou em contato depois de publicado esse texto para dizer que nenhum representante seu esteve no gabinete da deputada).

A formação jurídica de Kicis é um dos atributos que a credenciam a ter certo destaque. Ela é cotada para presidir a Comissão de Constituição e Justiça, a mais poderosa da Câmara.

A deputada é cria do novo ambiente de ativismo fomentado durante o processo que levou ao impeachment de Dilma Rousseff. “Eu sou uma parlamentar que vim dos gramados do Congresso para dentro do Congresso”, diz.

Em 2015, ela se filiou ao movimento Revoltados On-Line. Gravava vídeos denunciando o PT e o esquerdismo e passou a ser presença constante em manifestações de rua. “Percebi que política é como uma TV sem controle remoto. Se a gente não levanta para mudar, vai assistir o que não quer”, afirma.

Passou a promover ações populares na Justiça contra atos do então governo petista. Em uma, diz, impediu que uma termelétrica fosse “doada” para o governo boliviano de Evo Morales. Também é coautora de uma ação ainda não julgada para que o brasão da República volte a adornar o passaporte brasileiro, em vez do símbolo do Mercosul.

Uma data memorável para Bia Kicis foi 4 de março de 2016, quando a Polícia Federal levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a depor sobre acusações da Lava Jato.

Por coincidência, ela estava em São Paulo, e correu para Congonhas, onde o petista prestava depoimento. Quando chegou, o charmoso saguão do aeroporto havia virado uma tensa arena onde se encaravam manifestantes pró e contra Lula.

Partidários pró e contra Lula se confrontam em Congonhas ( Bruno Santos – 4.mar.2016/Folhapress)

“Eu estava vestida com uma camiseta do Pixuleko [caricatura de Lula como presidiário]. A polícia falou para a gente que não tinha efetivo para nos proteger. Tive que entrar numa loja e botar minha blusa do lado do avesso. Virou um campo de guerra. Arrancaram a bandeira de uma amiga minha. Consegui sair ilesa, não sei como”, lembra.

Outra data que ela não esquece é 13 de novembro de 2017. Nesse dia, Bolsonaro e Guedes se reuniram pela primeira vez, num hotel na Barra da Tijuca, no Rio. Kicis teve papel importante no encontro do futuro presidente com seu futuro posto Ipiranga.

“Eu tinha uma impressão de que se ele [Bolsonaro] não tivesse uma equipe econômica forte, se não conseguisse conquistar o coração e a mente dos liberais, poderia ter problema”, afirma. Pediu uma indicação a um conhecido seu, o empresário sino-brasileiro Winston Ling, ligado ao Instituto Millenium, que difunde ideias liberais.

“Em setembro de 2017, eu estava em Nova York numa viagem, acompanhando o Bolsonaro. O Winston estava na China e me ligou. Disse: ‘Bia, vc viu que o Gustavo Franco foi pro Novo? A gente precisa apresentar alguém para o Bolsonaro’. Daí me falou que estava pensando em apresentar o economista Paulo Guedes, que havia escrito um artigo simpático ao Bolsonaro.”

Encontro marcado, Bolsonaro não parecia muito animado, lembra ela. “O Bolsonaro falou: ‘vou atender 15 minutos, dona Bia’. Eu sugeri a ele não marcar mais nada, porque ele ia gostar. No fim, a conversa durou horas”. Bolsonaro e Guedes começaram a namorar (“no bom sentido”, como diz o presidente), e o flerte evoluiu para um casamento. “Fui a casamenteira”, orgulha-se.

Defensora intransigente do projeto Escola sem Partido, que se propõe a evitar doutrinação esquerdista em sala de aula (e que opositores chamam de censura), ela admite que não será uma prioridade imediata.

“A nossa educação virou um lixo”, diz. “Mas não precisa votar agora. Deixa primeiro arrumar a casa na parte da economia e na da segurança”. Ela diz que recebe mensagens o tempo todo de pais pedindo a aprovação desse projeto.

“Nas cidades, as pessoas vão para a rua com bandeira do Escola Sem Partido. Virou torcida de futebol”, diz ela. “Outro dia o Zé Dirceu falou que a pior coisa que pode acontecer para a esquerda é o Escola Sem Partido. Quer coisa melhor para a gente do que ele falar isso?”.

Mas é sua outra grande iniciativa, a revogação da PEC da Bengala, que deve causar barulho. Em 2015, uma emenda constitucional aumentou de 70 para 75 anos a idade de aposentadoria compulsória de ministros do STF. Revogá-la poderia levar à saída imediata dos ministros Celso de Mello, 73, Marco Aurélio de Mello, 72, Ricardo Lewandowski, 70, e Rosa Weber, 70.

O objetivo declarado da deputada é fazer uma limpa no tribunal. “O povo não aguenta mais esse ativismo do Supremo, isso está uma vergonha”. Traduzindo: a ideia é impedir que a corte barre o Escola sem Partido e o endurecimento das leis penais, além de tomar decisões como a criminalização da homofobia.

Para ela, o Supremo é dividido em duas turmas. “Uma é anti-Lava Jato, para soltar bandido, a outra é anti-comportamentos conservadores, antisociedade cristã. Quer impingir o globalismo”.

E uma atitude assim não pode criar um atrito na relação entre os Poderes? Ela dá de ombros. “Eu quero causar desconforto para o Supremo. O povo quer que o Supremo saia dessa bolha. Eles  podem tudo, são inquestionáveis. São 11 imperadores do Brasil acima do bem e do mal”.

Antes de a conversa chegar ao fim, ela faz questão de dizer que está feliz na nova função. Fala que seu coração “pulou de alegria” ao ver o colega Alexandre Frota “descendo a lenha” na presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

E garante que há união na bancada do PSL, apesar de rusgas no grupo de WhatsApp. “A gente é uma grande família. Mas é uma família italiana. No final, tá todo mundo junto”.

]]>
0