Saída pela direita https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br Conservadorismo, nacionalismo e bolsonarismo, no Brasil e no mundo Mon, 06 Dec 2021 12:49:36 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Manifesto aponta preconceito contra evangélicos no governo https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2020/02/07/manifesto-aponta-preconceito-contra-evangelicos-no-governo/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2020/02/07/manifesto-aponta-preconceito-contra-evangelicos-no-governo/#respond Fri, 07 Feb 2020 11:26:04 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2020/02/Damares-320x213.jpg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=2349 Evangélicos que ocupam posições de destaque no governo sofrem preconceito?

O assunto vem sendo debatido com intensidade crescente desde o início do mandato de Jair Bolsonaro.

Na verdade, desde antes, quando a pastora Damares Alves, ainda nem empossada como ministra dos Direitos Humanos, foi ridicularizada por dizer que viu Jesus numa goiabeira.

No final de janeiro, outra notícia jogou lenha nesse debate incandescente, com a revelação pela Folha de que o novo presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Benedito Guimarães Aguiar Neto, defende a abordagem educacional do criacionismo em contraponto à teoria da evolução.

Ex-reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Aguiar Neto é adepto do chamado design inteligente, uma espécie de criacionismo gourmetizado.

Como agora ele é responsável por um órgão que cuida dos cursos de pós-graduação, choveram críticas de que o ensino no Brasil poderia ser ameaçado em razão de sua crença pessoal.

Nos últimos dias, a discussão seguiu. Na terça-feira (4), em artigo no jornal O Estado de S. Paulo, o economista Pedro Fernando Nery apontou a existência de uma certa “crentefobia” no país, citando os episódios de Damares e do novo chefe da Capes, entre outros.

No mesmo dia, um artigo no site The Intercept Brasil usou o gancho da nomeação de Aguiar Neto para denunciar que esse fato “marca a presença cada vez maior e influente no núcleo do governo de um grupo evangélico tão reacionário quanto discreto: os calvinistas”.

A tese é de que os calvinistas, um dos chamados ramos históricos do protestantismo, são menos histriônicos que os neopentecostais, mas não menos influentes. E até mais perigosos, por agirem em silêncio.

Citado na reportagem do Intercept, um grupo evangélico divulgou nessa quinta (6) um manifesto (clique aqui para ler a íntegra).

A Coalizão Pelo Evangelho, que reúne diversos líderes evangélicos pelo país, reclama de “ataques em determinadas mídias” e um “perceptível aumento das demonstrações de desprezo contra os cristãos nas redes sociais em nosso país”.

No final de 2019, esse grupo, ligado à organização americana The Gospel Coalition, notabilizou-se por ter iniciado a campanha contra o especial de Natal do Porta dos Fundos, que satirizava Jesus Cristo e apontava uma relação homossexual dele. Houve uma campanha online de cancelamento de assinaturas da Netflix, que veiculou o filme.

“Repudiamos o abandono do campo das ideias e o uso de ataque através da plantação de mentiras e do assassinato de reputações, bem como a difusão de difamações como meio de produzir conteúdo, vencer debates, ou atrair adeptos”, diz o manifesto, assinado por 17 líderes evangélicos de estados como São Paulo, Rio, Pernambuco, Ceará e Paraíba, entre outros.

O texto afirma que religião e Estado “são esferas distintas da sociedade”. Os signatários asseguram que não são adeptos de qualquer forma de teonomismo, ou seja do governo da sociedade pela lei cristã.

“A religião não deve ser imposta pelo Estado, e nem o Estado e a sociedade devem ser subjugados pela religião”.

Ao mesmo tempo, dizem os pastores, Estado laico não é sinônimo de Estado ateu. “Ninguém deve ter opiniões diminuídas ou exercício político limitado por conta de sua religião”, prega o manifesto.

“Defendemos o direito de cidadãos de viés filosófico e ideológico diverso de se reunirem com a finalidade de propagar aquilo no qual acreditam”, prossegue o texto.

A controvérsia é, em larga medida, esperada, dado que Bolsonaro elevou os evangélicos a parte fundamental de sua coalizão política.

Existem realmente sinais preocupantes de que ser crente virou o pré-requisito mais importante para ocupar determinados cargos públicos no atual governo.

Por outro lado, não é porque a pessoa é evangélica que necessariamente aplicará suas crenças no campo político.

A pessoa pode acreditar em Adão e Eva e ser um gestor técnico. Mesmo o criacionista no comando da Capes merece o benefício da dúvida.

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Em Uganda, abstinência sexual proposta por Damares é ensinada desde os 6 anos https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2020/01/14/na-africa-abstinencia-sexual-proposta-por-damares-e-ensinada-desde-os-6-anos/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2020/01/14/na-africa-abstinencia-sexual-proposta-por-damares-e-ensinada-desde-os-6-anos/#respond Tue, 14 Jan 2020 11:01:07 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2020/01/uganda-320x213.jpg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=2244 Quem se indignou com a proposta lançada pela ministra Damares Alves (Direitos Humanos) de uma campanha incentivando a abstinência e o adiamento do início da vida sexual poderia dar uma olhadinha no que acontece em Uganda, na África central.

No país de 40 milhões de habitantes, as práticas defendidas por conservadores religiosos como Damares são correntes há pelo menos duas décadas.

Não é coincidência: quem manda em Uganda, desde 1986, é o presidente Yoweri Museveni, dono de um estilo messiânico e autoritário de governar.

Conservador nos costumes, o evangélico Museveni faz uma dobradinha com sua mulher, a primeira dama Janet, que também é ministra da Educação e Cultura. É ela que cuida da estratégia do governo para combater dois problemas sérios que atingem a juventude de Uganda, a epidemia de Aids e a gravidez precoce.

No país africano, abstinência sexual antes do casamento é a principal estratégia de saúde pública para a juventude, à frente do uso de contraceptivos e camisinhas.

A estratégia está detalhada em planos periódicos de educação sexual lançados pelo governo. O mais recente é de 2018, que você pode ler clicando aqui (em inglês).

“Uma política que ofereça orientação para a educação sexual a todas os jovens é necessária para proteger a moral e assegurar que todos possam contribuir de maneira apropriada para o desenvolvimento social e econômico da nação”, diz o prefácio do documento, assinado pela primeira-dama.

Em Uganda, a defesa da abstinência sexual começa aos 6 anos de idade. Para a faixa que vai dessa idade até os 9 anos, há diversas recomendações a pais, professores e autoridades do país.

Entre as orientações estão “fazer a criança apreciar a importância da virgindade e da abstinência sexual” e deixar claro que esta é a maneira mais segura de prevenir a transmissão do HIV.

Para a faixa etária seguinte, dos 10 aos 12 anos, algumas recomendações são “alertar para os mitos e desinformação sobre virgindade e abstinência sexual” e orientar sobre “como lidar com desejos sexuais e pressões durante a abstinência na adolescência”.

Estive em Uganda duas vezes, fazendo reportagens para a Folha de S. Paulo, em 2008 e 2010. O governo conservador do casal Museveni tem amplo respaldo sobretudo nas classes mais baixas e apoia-se fortemente nas igrejas evangélicas, bastante influentes no país.

O presidente não chega a ser um ditador clássico, que prende e tortura, mas restringe o trabalho de ONGs e persegue a imprensa e a oposição. Eleições com aparência democrática são fraudadas, e lá se vão 33 anos em que o casal Museveni está no poder.

Nos anos 90, o país foi atingido em cheio pela epidemia de Aids que se espalhava pelo continente africano. Isso se misturou a questões locais, como a cultura do “sugar daddy”, que é uma espécie de prostituição disfarçada.

Homens de meia idade com recursos materiais casam-se com meninas adolescentes pobres, ou as transformam em amantes, passando a sustentá-las e às suas famílias. Isso cria condições para que a Aids se espalhe e cria uma legião de mães às vezes de 12 ou 13 anos de idade.

O governo de Uganda ostenta alguns indicadores para tentar demonstrar que sua política focada na abstinência dos solteiros e na fidelidade durante o casamento trouxe resultados.

De fato, o percentual de infectados pela Aids no país caiu de um pico de 12% da população na década de 1990 para 5,7% em 2018, segunda dados da ONU. Por ano, cerca de 50 mil ugandenses ainda se infectam com o HIV, mas é metade do que ocorria há duas décadas.

No entanto, críticos dos métodos do governo, sobretudo ONGs que defendem a prioridade a anticoncepcionais, apontam que a queda nos índices de Aids ocorreu de maneira uniforme em diversos países africanos. Argumentam que não se pode fazer uma relação direta com as políticas de abstinência.

No caso de gravidez precoce, o cenário ainda é bastante negativo, apesar de uma pequena melhora. Segundo levantamento da Unicef de 2015, a idade média das mulheres ao terem o primeiro filho subiu de 18,7 anos em 2006 para 18,9 em 2011. Desde então, manteve-se mais ou menos estável.

O que o exemplo de Uganda revela é que a ideia lançada por Damares não é uma jabuticaba. Ao contrário, é uma estratégia coerente defendida em diversos países do mundo por um segmento conservador, com forte influência de setores religiosos.

No país africano, isso virou política de Estado. Veremos que tipo de sucesso terá no Brasil.

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‘Sexóloga de Cristo’ diz que prazer carnal está previsto na Bíblia https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/10/29/sexologa-de-cristo-diz-que-prazer-carnal-esta-previsto-na-biblia/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/10/29/sexologa-de-cristo-diz-que-prazer-carnal-esta-previsto-na-biblia/#respond Tue, 29 Oct 2019 11:24:51 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/aryanne-320x213.jpeg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=2010 Enquanto milhares de evangélicos espalhavam a palavra de Deus em estandes montados no imenso pavilhão do Anhembi, em São Paulo, um grupo de não mais de duas dezenas de pessoas, quase todas mulheres, acompanhava numa salinha uma mulher vestida de rosa choque ensinar que “nos tempos da Bíblia existia preliminar, beijo na boca, amasso, aconchego, acolhimento”.

Mais do que isso, que o sexo é uma atividade física criada por Deus e que, ao contrário do que defendem muitos pastores conservadores, não é apenas para fins reprodutivos. É também para o prazer.

A autora dessa pregação é a brasiliense Aryanne Marques, 33, uma espécie de sexóloga de Cristo.

Sua palestra “Sexualidade à Luz da Bíblia”, durante a Expo Cristã, no último dia 18, estava longe de ter lotação máxima (culpa, em parte, da sala afastada e de difícil localização que a organização arrumou para ela).

Não importa. Durante cerca de meia hora, Aryanne divertiu a plateia com sua inusitada mistura de aula de sexo com princípios bíblicos. E muitas piadas e referências à vagina como “preciosa”.

“Sexo é o vínculo afetivo mais precioso que Deus deixou na Bíblia para homem e mulher casados”, afirmou, enquanto projetava numa tela um diagrama do aparelho sexual feminino, com destaque para o clitóris.

“Em Cantares [de Salomão], a Bíblia fala: ‘que os teus lábios me cubram de beijos, pois teu amor é melhor que o vinho'”.

A plateia riu quando ela aconselhou as mulheres a “esquentarem” a vagina no banheiro antes do sexo. “Porque o homem já chega querendo colocar o carro na garagem, mas sem estímulo é igual a descer tobogã sem água. A gente queima os cotovelos tudo.”

Formada em sexologia clínica com especialização em teologia, Aryanne começou a se dedicar ao tema há cerca de dez anos. “Comecei a estudar sexualidade escondido da igreja”, diz ela, membro da igreja Comunidade das Nações, de Taguatinga (DF).

“Nos primeiros 4 ou 5 anos eu lia livros sobre sexo, fazia cursos, mas minha intenção era salvar o meu casamento, cuidar da minha sexualidade, que era mal resolvida”, afirma.

Hoje, tem no marido um parceiro que a defende dos muitos ataques que recebe em eventos de que participa e no canal que mantém no YouTube. “Já fui chamada de tudo, um pastor outro dia me disse que eu era uma pastora endemoniada do inferno”, afirma.

Para ela, é tudo resultado de uma cultura que considera o prazer carnal algo pecaminoso.

“O cristão criou uma cultura de que alimentar a carne é pecado, de que tudo tem que ser espiritual. Biblicamente a gente não encontra essa tese, pelo contrário. Eu poderia citar vários versículos que incentivam o prazer no sexo”, afirma.

Um destes trechos bíblicos, segundo Aryanne, é Eclesiastes 9:9, que diz: “Desfruta a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã”.

Ela hoje vive de viajar pelo país dando palestras. Seu público preferencial são casais que querem resgatar o prazer sexual na relação matrimonial.

“Muitas pessoas, e em especial no público cristão, não têm a experiência orgástica. Homens sofrem de disfunções sexuais como ejaculação precoce e, por serem cristãos e religiosos, não buscam ajuda”, diz.

A única prática que ela não recomenda é a masturbação. “Respeito quem pratica, mas não recomendo. A Bíblia diz que o autoprazer gera pensamentos pecaminosos”, afirma.

Aryanne concilia a vida de palestrante com uma família de 6 filhos (3 do primeiro casamento do marido, 1 do primeiro matrimônio dela e 2 do casal). E diz que hoje se sente realizada no sexo, na igreja e na profissão.

“Sexo foi criado por Deus para a vida e o prazer. Senão, a mulher não teria clitóris”, afirma.

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Com coach cristão e réplica do Coliseu, feira mostra força do mercado evangélico https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/10/21/expo-crista-mostra-como-os-evangelicos-conseguem-se-adaptar-aos-novos-tempos/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/10/21/expo-crista-mostra-como-os-evangelicos-conseguem-se-adaptar-aos-novos-tempos/#respond Mon, 21 Oct 2019 11:16:12 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/expo1-320x213.jpeg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=1962 Encerrada neste domingo (20) em São Paulo, a Expo Cristã, mega feira evangélica realizada no pavilhão do Anhembi, explica muito as razões pelas quais esse segmento cresce tanto, em número e influência.

Com uma variedade de estandes que foram muito além das tradicionais exposições de Bíblias e divulgação de pequenas igrejas, a feira mostrou um setor com uma incrível capacidade de se adequar a diversos segmentos da economia.

É espantosa a maneira como se consegue imprimir uma digital cristã das maneiras mais improváveis.

Um local anunciava um consórcio evangélico (consórcio mesmo, de venda de carros e imóveis). Outro promovia um curso de coach cristão, seguindo as orientações do “maior coach de todos os tempos, Jesus Cristo”.

Mulheres circulavam com bolsas do banco Santander adaptando seu slogan (“o que a gente pode fazer por você hoje?”) para “o que a gente pode fazer pela sua instituição evangélica hoje?”.

Ingressos para um parque aquático eram vendidos a preços especiais para igrejas evangélicas, e com o compromisso de que parte do valor pago financiasse cursos de informática em comunidades carentes.

Até uma palestra sobre “sexualidade à luz da Bíblia” entrou na programação, com uma sexóloga de Cristo, toda vestida de rosa choque, ensinando uma plateia basicamente de mulheres que “sexo não é apenas para reprodução, mas para prazer também”.

Bandas gospel em todos os cantos imagináveis e invencionices high tech deram um certo ar de parque de diversões para o local.

Uma réplica do Coliseu romano foi construída, com direito a tour de realidade virtual no qual um leão pula no usuário que faz o papel de um cristão no meio da arena. Filas se formavam para atrações temáticas das Dez Pragas do Egito, Travessia do Mar Vermelho e Arca de Noé.

João Vitor Alves de Almeida, 18, enfrentava uma dessas filas. Tinha acabado de entrar na feira e foi direto para a área de diversões. “Tem muita coisa para fazer. Vou dar uma olhada em tudo”, disse ele, fiel da igreja Nova Vida. Mesmo desempregado, pretendia gastar com livros evangélicos.

Em um palco montado dentro do pavilhão, apresentava-se a cantora Cassiane, um fenômeno da música gospel. No intervalo entre as músicas, entoava um discurso junto à plateia como se fosse uma pastora.

“Vamos dar um soco na cara do Diabo! E dar glória a Deus aí, meu irmão! Aleluia!”, pregou. “Tem gente que acha que glória a Deus espanta, né? Não espanta, não, viu, meu irmão. Glória a Deus atrai”.

Painel interativo na Expo Cristã explica as origens da Bíblia

Segundo o Datafolha, os evangélicos já são 31% dos brasileiros e começam a ameaçar a hegemonia católica (55%). Votaram majoritariamente em Jair Bolsonaro para presidente no ano passado, e seguem sendo um bloco político importante de apoio a ele, apesar de rusgas eventuais.

Uma das ministras mais conhecidas do governo é uma pastora, Damares Alves (Direitos Humanos). O presidente também já prometeu nomear um ministro “terrivelmente evangélico” para uma vaga no Supremo no ano que vem.

Fila para visitar a atração temática sobre as 10 Pragas do Egito

Mas a Expo Cristã mostra que os evangélicos têm força independentemente da presença de um aliado no Palácio do Planalto. Prova disso é o fato de que em nenhum lugar da exposição o nome ou a imagem de Bolsonaro estavam em evidência.

Aliás, as maiores e mais fortes igrejas não se fizeram presentes no Anhembi. O evento é destinado mesmo para o mercado evangélico, cujo crescimento, ao que tudo indica, passa pela conquista conjunta de fiéis e consumidores.

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O que pensam direitistas de Paraíba e Maranhão sobre a frase de Bolsonaro https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/07/23/o-que-pensam-direitistas-de-paraiba-e-maranhao-sobre-a-frase-de-bolsonaro/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/07/23/o-que-pensam-direitistas-de-paraiba-e-maranhao-sobre-a-frase-de-bolsonaro/#respond Tue, 23 Jul 2019 10:20:00 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/Bolsonaro-320x213.jpg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=1456 Até para o padrão Jair Bolsonaro, a última sexta-feira (19) foi, digamos, intensa. Numa manhã inspirada, durante um café com jornalistas de veículos estrangeiros, o presidente distribuiu declarações polêmicas para todo lado.

Curiosamente, talvez a que mais gerou burburinho foi uma afirmação que ganhou o debate público meio sem querer. Em conversa antes do início do evento com o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil), captada pelos microfones, Bolsonaro referiu-se aos governadores dos estados  ‘paraíba’, como nordestinos são chamados de maneira pejorativa no Rio de Janeiro. Um deles, especialmente, foi alvo especial da língua ferina do presidente: o do Maranhão, Flávio Dino (PC do B).

E o que os envolvidos pensam disso? Fui atrás de representantes da direita nos dois estados citados nominalmente pelo presidente. Como sempre acontece no Brasil atualmente, as opiniões se dividiram.

Mateus Siqueira, diretor do Instituto Tropeiros, da cidade paraibana de Campina Grande, considerou um erro a fala de Bolsonaro. “O episódio enfatiza quanto o presidente está desalinhado com as mudanças necessárias que devem ocorrer em todo o país”, disse Siqueira

A entidade que ele comanda defende o liberalismo econômico, mas tem laços também com o conservadorismo. Recentemente, numa sessão tumultuada por grupos de esquerda, ele organizou a exibição do documentário “1964, o Brasil entre Armas e Livros”, que apresenta uma visão simpática ao golpe militar.

Para ele, Bolsonaro mostra desprezo pela região em sua fala. “Quando faz referência a todo o Nordeste como ‘Paraíba’, ele demonstra falta de conhecimento com relação aos seus estados, cultura, limites e população, além de desdenhar de uma região sempre tão prejudicada pelo estatismo e pelo coronelismo”, afirma.

Do outro lado do debate, o pastor Euder Ferreira, coordenador do Vinacc (Visão Nacional para uma Consciência Cristã), diz que a frase do presidente está sendo distorcida.

“Bolsonaro não falou da Paraíba e do Maranhão, nem dos nordestinos. Atacou apenas os governos desses estados, algo natural no mundo político. O resto é fake news, pura distorção apenas para jogar o Nordeste contra ele”, afirmou ele, cuja entidade é uma espécie de guarda-chuvas de igrejas evangélicas, sobretudo nordestinas.

Todos os anos, o Vinacc organiza um grande encontro, também em Campina Grande, reunindo milhares de evangélicos. É um dos maiores do tipo no Brasil.

Ao publicar sua opinião no Facebook, o pastor ouviu reclamações de alguns seguidores. Respondeu que “crítica política [de Bolsonaro] faz parte do jogo”.

“Não mandar dinheiro para o governo do estado não significa não mandar dinheiro para o estado, pois o governo federal pode fazer diretamente a obra que quiser em parceria com as prefeituras. Isso faz parte do jogo político. O governador comunista do Maranhão vive atacando o governo, eu no lugar de Bolsonaro faria a mesma coisa”, declarou.

No outro estado citado, o Maranhão, perguntei ao prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahésio Rodrigues (PSDB), o que achou do que disse o presidente.

A cidade de 4.600 moradores no sul do estado tem uma peculiaridade: é uma ilha bolsonarista num estado vermelho, onde o presidente teria ganho já no primeiro turno. O motivo é que a localidade tem alta proporção de evangélicos.

Rodrigues, adversário político do governador, acha que Bolsonaro está coberto de razão.

“Ele liberou muito dinheiro para o Maranhão. Está recuperando as estradas da região para o escoamento da soja, que é importante para nossa economia. E o governador fica usando Twittter, o Instagram e Facebook para detonar o presidente”, diz.

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Marcha para Jesus ora por policiais e exibe símbolos da direita https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/06/20/marcha-para-jesus-tem-oracao-para-policiais-e-exibe-simbolos-da-direita/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/06/20/marcha-para-jesus-tem-oracao-para-policiais-e-exibe-simbolos-da-direita/#respond Thu, 20 Jun 2019 21:09:10 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/marcha5-320x213.jpeg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=1252 A Marcha para Jesus já estava na metade de seu trajeto entre a estação da Luz e a praça Heróis da FEB, na zona norte de São Paulo, quando um dos caminhões de som que animavam a multidão fez uma parada súbita.

Do outro lado da avenida Tiradentes estava o conhecido prédio em tom alaranjado que sedia a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), unidade de elite da Polícia Militar de SP. A música foi interrompida e o cantor que puxava a melodia gospel pediu que a multidão o acompanhasse em uma oração em prol dos policiais.

“Em nome de Jesus Cristo, queremos orar por aqueles que têm o compromisso de proteger nossas vidas e nossa segurança. Senhor Jesus, pedimos que proteja a todos os policiais militares contra a malignidade, e que as trevas em seu caminho sejam dissipadas”, entoou.

O louvor aos policiais é uma marca registrada da direita. Não foi a única no evento anual promovido pela Igreja Renascer em Cristo com participação de outras denominações, autointitulado o maior encontro evangélico do planeta.

A 27ª edição da Marcha foi a primeira com a presença de um presidente da República, e o fato de Jair Bolsonaro e os evangélicos terem uma relação muito próxima parece ter reforçado o apoio dos participantes a seu governo e suas ideias.

Caminhão de som na Marcha para Jesus, em São Paulo

Havia, por exemplo, muita gente com as camisetas da seleção brasileira, que foram alçadas a símbolos da direita durante os atos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2015/16 e mantêm esse status.

A manicure Daniela de Souza, 28, era uma que vestia a “amarelinha”. “Precisamos orar pelo Brasil”, disse. Perguntei se ela se referia ao time de Tite, que não vem empolgando na Copa América, ou ao país.

Ela me olhou com aquela cara de quem acaba de ouvir uma pergunta idiota (era mesmo), mas respondeu pacientemente. “Estou falando do nosso país, claro. Se a gente não orar, não vai ter solução”.

Também havia inúmeras bandeiras de Israel, país com o qual os evangélicos têm uma relação antiga de apoio, e que está em alta desde que foi elevado a uma espécie de condição de aliado estratégico pelo atual governo.

Jean Carlos de Carvalho, 42, balançava uma bandeira enorme do Estado judeu, pesando 5 kg. A cada cinco minutos, precisava se revezar com um amigo. “É muito importante [o apoio a Israel], porque foi lá que a história cristã começou”, disse, ofegante sob o sol forte da manhã paulistana.

Bandeira de Israel é agitada durante a Marcha para Jesus

Num trecho do canteiro central da avenida, o vendedor Daniel Nunes, lucrava com uma ideia engenhosa: criou uma camiseta que misturava os universos evangélico e militar e não parava de vendê-la, a R$ 25 a unidade. “Se não fosse a fiscalização da prefeitura, eu estaria vendendo mais”, reclamou, ao lado de sua mercadoria pendurada em um varal improvisado no local.

Camiseta evangélica com figurino militar à venda durante a Marcha para Jesus

O apoio a Bolsonaro, claro, foi dominante na Marcha, apesar de alguns poucos terem feito o sinal de polegar para baixo no meio da plateia quando ele começou a falar no palco do evento. Passados seis meses e alguns escândalos, o presidente continua recebendo elogios pelo discurso do combate à corrupção e pedidos de paciência ante a cobrança de resultados.

“O presidente está começando agora, pegou tudo muito bagunçado”, disse a professora Leticia Ferreira, que aplaudiu efusivamente o breve discurso de Bolsonaro.

Para o vendedor Marcos Ribeiro da Rocha, 36, com o novo governo e o tamanho da Marcha, fica impossível ignorar a força dos evangélicos. “O Brasil agora enxerga o tamanho da igreja”, diz ele, que é fiel  da Renascer. “Existe conhecimento, mas ainda não há entendimento da maioria da população sobre quem somos”, afirmou.

A ordem e o respeito à autoridade, diz ele, são marcas dos evangélicos. “Você não vê uma briga, um consumo de bebida alcoólica, uma fumaça de cigarro. Vai lá ver a Parada Gay domingo e compara”, disse.

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No MA, cidade dos crentes rejeita ‘modernidades’ e confia em Bolsonaro https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/03/25/no-ma-cidade-dos-crentes-rejeita-modernidades-e-confia-em-bolsonaro/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/03/25/no-ma-cidade-dos-crentes-rejeita-modernidades-e-confia-em-bolsonaro/#respond Mon, 25 Mar 2019 11:10:12 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/SãoPedro1-320x213.jpeg http://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=405 São Pedro dos Crentes (MA) – No mapa eleitoral do Maranhão, há um pontinho amarelo num estado tingido de vermelho. É São Pedro dos Crentes, cidadezinha de 5.000 moradores em que Jair Bolsonaro (PSL) teria sido eleito no primeiro turno, com 50,93% dos votos.

Mas como São Pedro dos Crentes não é o Brasil, foi preciso haver segundo turno, e aí o capitão ampliou sua vantagem: teve 57,5% dos votos válidos. No Maranhão, só para comparar, Fernando Haddad (PT) levou de lavada, com 73,2% dos votos.

A cidade no sul do estado tem características únicas entre os 5.570 municípios brasileiros. A mais óbvia, como o próprio nome diz, é sua proporção de evangélicos. Segundo dados do IBGE de 2010, são 51% na cidade, contra uma média nacional de 29% (apontada pelo Datafolha). Mas os moradores locais dizem que esse dado está subestimado, e que os evangélicos são pelo menos 70% da população.

São Pedro dos Crentes não tem agência do Banco do Brasil (algo raríssimo no país), mas tem dez igrejas evangélicas em sua meia dúzia de ruas. Nos estabelecimentos comerciais, é comum haver uma passagem bíblica pintada na parede. Há três botecos atendendo à minoria de “desviados”, como são chamados os não-evangélicos, mas estavam fechados nos dois dias em que estive por lá, na semana passada.

Passagem bíblica grafitada em parede de oficina de motos na cidade

As pessoas são conservadoras, bolsonaristas e não gostam da esquerda. O governador do Maranhão, Flávio Dino, do PC do B, que foi reeleito no primeiro turno com quase 60% dos votos, ali teve míseros 14%.

“A sociedade aqui não aceita muito as modernidades”, diz o prefeito, Lahésio Rodrigues, 40, um tucano que abandonou o candidato de seu partido, Geraldo Alckmin, já no primeiro turno e apoiou Bolsonaro. Ele cita entre as “modernidades” rejeitadas o aborto, o casamento gay e a ideologia de gênero nas escolas.

A cidade tem uma história sui generis. Foi criada a partir da Assembleia de Deus, maior denominação evangélica do país e que ainda hoje domina a vida política e social do município. “A igreja normalmente surge da cidade, aqui a cidade surgiu da igreja”, diz o pastor Manoel Lima de Souza, titular da maior igreja do município.

Pastor Manoel Souza, titular da maior igreja da cidade

Perguntei a ele se é fácil pregar para uma cidade de convertidos. Ele diz que não necessariamente. “Aqui as pessoas conhecem a Bíblia, inclusive crianças, que vão à escola dominical aprender sobre ela. Tenho que me preparar bem para falar com todos”, diz.

Na década de 1940, a fazenda São Pedro, de propriedade da Assembleia de Deus, foi divida em lotes doados para família evangélicas que vieram de fora colonizar a região, dando origem a uma vila pertencente à cidade de Estreito (MA). Em 1994, houve a emancipação, e São Pedro dos Crentes se tornou município.

As principais ramificações da Assembleia de Deus estão representadas na cidade: Madureira, Convenção Geral, Seta, Guará e Comadesma (um ramo local). Mantêm uma relação cordial, mas competem intensamente por fiéis. Há uma solitária Igreja Católica no município.

Lavrador aposentado, Pedro Damasceno, 73, é uma espécie de historiador informal do município. “Quando isso aqui surgiu, crente era besta-fera”, lembra ele, que chegou criança ao povoado. “Hoje, é uma cidade abençoada por Deus”, diz.

Ele afirma que votou em Bolsonaro porque sua candidatura está de acordo com a Bíblia. “Notei que ele fala muito a favor de Israel“, diz. Também gostou do slogan do então candidato, que menciona “Deus acima de todos”.

A cidade é relativamente pobre, com Índice de Desenvolvimento Humano de 0,60 numa escala de 0 a 1 (a média do Brasil é 0,69), mas fiquei com boa impressão do lugar. As ruas são limpas e asfaltadas, a estrutura de saúde é boa, com um hospital grande e equipado, e o comércio é surpreendentemente pujante.

A base da economia é a agricultura familiar. Além disso, o sul maranhense, que fica numa zona de transição entre o Cerrado e a Amazônia, é grande produtor de soja. Parte da população trabalha em lavouras em municípios vizinhos.

Há quatro meses, São Pedro recebeu o que seria a versão local de um Carrefour ou Wal-Mart: um supermercado que vende comida, roupas e autopeças. Seu dono, Neurivan Jorge, 43, traz produtos de cidades maiores como Balsas e Imperatriz e diz que não costumam encalhar.

“Está melhor o movimento este ano”, diz ele, que, claro, é evangélico e votou em Bolsonaro. “Se o presidente diminuir um pouco a corrupção, já é um adianto”, afirma. Para melhorar seu ambiente de negócio, ele pede duas coisas: estradas melhores (as que levam ao município são uma buraqueira só) e uma agência bancária.

Uma vez por mês, conta ele, um carro-forte traz dinheiro para o único caixa eletrônico da cidade (do Bradesco), e para a agência do Banco Postal, que representa o Banco do Brasil. Acaba faltando dinheiro em circulação, e por isso ele criou um cartão de crédito de sua loja, nos moldes dos que têm as grandes redes.

Pelo menos de uma coisa os comerciantes da cidade não podem se queixar. Episódios de violência são praticamente inexistentes. Não há delegacia de polícia, apenas um destacamento da PM.

“Há pequenos furtos e de vez em quando algum caso de Maria da Penha [agressão a mulher]”, disse o soldado Wellington, que naquele dia chefiava o posto.

Para ele, o alto índice de evangélicos contribui para a cidade ser tão pacífica. “Aqui dá um certo tédio. A gente sai pilhado da academia de polícia, vir pra cá é meio frustrante. Não acontece nada”, diz.

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Na PB, megaevento evangélico compete com Carnaval e usa estrutura do São João https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/03/22/na-pb-megaevento-evangelico-compete-com-carnaval-e-usa-estrutura-do-sao-joao/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/03/22/na-pb-megaevento-evangelico-compete-com-carnaval-e-usa-estrutura-do-sao-joao/#respond Fri, 22 Mar 2019 11:13:18 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/coro-320x213.jpg http://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=388 Campina Grande (PB) – Enquanto os blocos de rua passavam, a Mangueira encantava a Sapucaí e o Brasil discutia o que é “golden shower”, um público estimado em 120 mil pessoas passava um Carnaval bem diferente em Campina Grande (PB).

Eles participavam da vigésima edição do Encontro Para a Consciência Cristã, hoje o maior evento evangélico do Nordeste e um dos principais do Brasil. Não apenas o período escolhido para sua realização é simbólico, mas o local também: o Parque do Povo, mais conhecido por abrigar “o maior São João do mundo”, em junho (embora a pernambucana Caruaru discorde desse título).

O fato de um evento gigantesco como esse ocorrer todos os anos durante o Carnaval num centro urbano de médio porte como Campina Grande mostra a força dos evangélicos no Nordeste. A cidade de 410 mil habitantes mal dá conta de receber tantas pessoas de fora, e tem gente que acampa ou se acomoda em sofás de desconhecidos, como relata o organizador do evento, pastor Euder Faber, 47.

Baixinho, franzino e carismático, pastor Euder comanda o show de seu modesto escritório numa casa perto do centro da cidade paraibana.

O pastor Euder Faber, 47, em seu escritório em Campina Grande (Fábio Zanini/Folhapress)

Ex-coroinha da Igreja Católica que se converteu em 1996, ele é um verdadeiro empreendedor do mundo evangélico. Preside uma entidade chamada Visão Nacional para a Consciência Cristã (Vinacc), que organiza o encontro. A exemplo dos responsáveis pelo Carnaval do Rio, mal termina uma edição e ele já começa a pensar na do ano seguinte.

A Vinacc é um guarda-chuva de igrejas evangélicas de Campina Grande, reunindo cerca de 70% das denominações presentes na cidade. Só ficam de fora as neopentecostais, como Universal, Renascer e outras. “A gente prioriza mais o lado evangelizador, não tanto a teoria da prosperidade que essas igrejas representam”, alfineta.

A entidade ainda conta com uma editora própria de livros, a Visão Cristã, um canal no YouTube e uma plataforma online de distribuição de vídeos cristãos, a Blesss (com três “s” mesmo).

Mas o carro-chefe é mesmo o encontro, que começou de forma modesta, em 1999. “Na primeira edição reunimos 300 pessoas num museu”, lembra o pastor, que é da igreja O Brasil Para Cristo.

O encontro funciona como um festival, mas sem músicas ou shows. São debates, palestras, uma feira de livros e eventos paralelos. Na tenda principal, convidados, alguns deles internacionais, se revezam durante sete horas por dia. Nos 22 eventos paralelos, foram discutidos temas tão diversos como arqueologia bíblica, islamismo, design inteligente (espécie de criacionismo repaginado) e depressão.

Estrutura do encontro é desmontada no Parque do Povo, em Campina Grande (Fábio Zanini/Folhapress)

A chave para o sucesso do evento, conta o pastor Euder, é marcar Campina Grande como uma “cidade-retiro”. A população historicamente tem um viés conservador, expresso já há algumas eleições. Em 2014, Aécio Neves bateu Dilma Rousseff, e em outubro passado Jair Bolsonaro venceu nos dois turnos.

“Aqui nunca houve muito Carnaval de rua. Então, se tornou um point dos evangélicos, que não se identificam com a festa”, afirma.

O evento custa R$ 810 mil. Cerca de 40% são bancados por editoras que participam da feira de livros, e o resto vem de alguns patrocínios e colaborações de fiéis, além de ajuda da prefeitura, que cede o espaço.

Mesmo com o governo Bolsonaro ainda fresco e a empolgação natural no meio evangélico com os valores que ele defende, o encontro tomou cuidado com questões políticas, diz o pastor. “A gente procurou não entrar muito na temática nacional. Temos uma cautela muito grande”. Políticos locais foram convidados para a abertura, mas não discursaram.

A entidade não se manifesta sobre política, mas seus líderes, sim. O pastor Euder foi de Bolsonaro. “O brasileiro de direita era visto como um cão sarnento. O Bolsonaro teve a sacada de fazer uma leitura correta da época, as coisas estão mudando”, diz ele.

A conjuntura, diz o pastor, é favorável para os evangélicos, e não apenas por terem um aliado na Presidência. “A Igreja Católica se enfraqueceu muito desde que abraçou a questão social e deixou a evangelização de lado. Não existe vácuo, nem de poder, nem de espírito. O espaço sempre vai ser ocupado”, afirma.

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