Saída pela direita https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br Conservadorismo, nacionalismo e bolsonarismo, no Brasil e no mundo Mon, 06 Dec 2021 12:49:36 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Crises na Educação e na Cultura abalam projeto de poder da direita https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2020/01/18/crises-na-educacao-e-na-cultura-abalam-projeto-de-poder-da-direita/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2020/01/18/crises-na-educacao-e-na-cultura-abalam-projeto-de-poder-da-direita/#respond Sat, 18 Jan 2020 20:19:17 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2020/01/live.jpg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=2275 Jair Bolsonaro elegeu-se prometendo a retomada do crescimento econômico, a melhora nos índices de segurança e o resgate de valores que teriam sido minados por décadas de ideologia de esquerda.

Ao fim de um ano de seu mandato, ele tem algo a mostrar em dois terços deste tripé. Com inflação controlada e juros na baixa histórica, a economia mostra alguma força para crescer em 2020.

A queda no número de homicídios, embora algo que apenas levemente possa ser creditado a seu governo, tem potencial para ser para Bolsonaro um símbolo comparável ao que foi a redução da desigualdade para o PT e a estabilidade para o PSDB.

Mas para a direita, isso não é suficiente, e por isso as crises gêmeas na Cultura e na Educação, ocorridas num intervalo de apenas dois dias, são tão danosas.

O resgate dos valores é fator importantíssimo para o conservadorismo, e para isso essas duas áreas são estratégicas. Parte da direita trocaria sem pestanejar o crescimento de 2,5% previsto para 2020 pela aprovação do Escola Sem Partido, ou pelo expurgo de Paulo Freire dos currículos escolares.

O nome disso é o combate ao “marxismo cultural”, um termo surgido nos EUA nos anos 1990 que aqui chegou uma década depois, popularizado por ele, Olavo de Carvalho.

É um dos motivos, aliás, pelos quais o professor autoexilado na Virgínia mantém-se tão influente na direita, apesar de sua verborragia escatológica.

Ideólogos de direita acreditam que, sem vencer a influência esquerdista nas escolas primárias, na academia, nos movimentos sociais e no meio cultural, não criará raízes sociais e será apenas uma marola passageira num oceano vermelho. Esse, pelo menos, é o credo de uma parte considerável da base política que sustenta Bolsonaro.

Péssima notícia para os conservadores, então, que Cultura e Educação estejam entre os setores mais caóticos de um governo que não é conhecido pela constância.

A queda de Roberto Alvim é apenas o exemplo mais absurdo de uma sucessão de erros de gestão e planejamento que transformaram o setor cultural numa balbúrdia, para tomar emprestado um termo popularizado pelo ministro Abraham Weintraub, da Educação.

O erro da divulgação das notas do Enem, admitido neste sábado (18) pelo próprio Weintraub, pode não ser tão aberrante quanto o já famoso vídeo nazistoide de Alvim, mas tem consequências mais sérias.

É mais uma demonstração de que a Educação vive desgoverno, o que é obviamente trágico para uma geração de jovens que depositam seu futuro num sistema falido.

Mas não apenas isso. Para a direita, as crises da semana que passou são uma confissão de que seu grande projeto ao chegar ao poder está incompleto.

Por terem caráter transformador, Educação e Cultura são relevantes demais para os conservadores para que fiquem sujeitos a tanta confusão.

Talvez isso acorde o governo para a necessidade de resolver os problemas de gestão das duas áreas. Se isso será preferível à bagunça, é outra história.

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Livro infantil ensina que imposto é roubo https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/08/16/livro-infantil-ensina-que-imposto-e-roubo/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/08/16/livro-infantil-ensina-que-imposto-e-roubo/#respond Fri, 16 Aug 2019 10:25:10 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/imposto1-320x213.jpeg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=1578 Um dos gritos de guerra mais controversos de libertários, anarcocapitalistas e demais ultraliberais é que “Imposto é Roubo”.

Moralmente, defendem, não há distinção entre o Estado que recolhe tributos e o sujeito que entra numa loja e leva mercadorias sem pagar. Ambos estão se apropriando de parte da riqueza produzida por um indivíduo sem que ele tenha escolha.

Ensinar esse conceito a crianças é exponencializar a polêmica. Mas há quem esteja mexendo no vespeiro.

“Desbravando o mundo livre e aprendendo sobre a lei” é um livro infantil do autor libertário americano Connor Boyack.

No Brasil, a produtora gaúcha Brasil Paralelo, especializada na difusão de ideias de direita, comprou os direitos e o traduziu no primeiro semestre deste ano. Foram impressos 2.000 exemplares, que se esgotaram rapidamente.

É uma versão adaptada de um dos clássicos do liberalismo, “A Lei”, do francês Frédéric Bastiat (1801-50). Na história infantil, Fred, um simpático idoso, conversa com os irmãos Marcos e Sofia, seus vizinhos, que o procuram para fazer um trabalho escolar.

Ele começa então a ensinar às crianças o que são direitos de um indivíduo. “Ter direitos significa que existem coisas que eu posso fazer e ninguém pode me impedir”, diz.

Teoricamente, afirma Fred, quem deve proteger os direitos das pessoas é o governo. Mas o que acontece quando homens maus estão no governo?, pergunta.

Para ilustrar a teoria, Fred leva os irmãos à sua horta. Se Maria, a vizinha, roubasse tomates, seria errado, diz ele. E se um policial viesse junto, continuaria sendo errado, prossegue. “Roubar é sempre errado”, escreve o garoto Marcos em seu caderninho, assimilando a lição.

Ou seja, não importa se é um agente do governo que tenta tomar algo sem permissão. Isso não é justo.

“As pessoas más no governo pegam as minhas coisas e dão a outras pessoas sem a minha permissão”, ensina o idoso.

“Mas quem faz isso são os piratas!”, diz Marcos. “Sim, Marcos, piratas roubam coisas –isso é chamado de espoliação. E quando os agentes do governo o fazem, chamamos de espoliação legalizada”, concorda Fred.

Ele arremata sua conclusão dizendo que “quando as leis permitem que haja espoliação, as pessoas voltam-se umas contra as outras”.

“Todos passam a querer receber, sem que haja algo em troca. Algumas pessoas deixam de trabalhar duro e esperam que o governo tome conta delas. Assim, as pessoas más no governo conseguem o controle de tudo”, conclui.

Ilustração mostra a disputa entre setores da sociedade por receita de impostos (Divulgação)

Em outras palavras, o que ele está ensinando é que imposto é roubo, embora o slogan polêmico nunca seja mencionado no texto. O argumento é que o poder do Estado de tributar os cidadãos é uma forma de opressão e um modo pelo qual se exerce controle sobre o indivíduo.

Muito mais correto, prega Fred às crianças, seria as pessoas doarem voluntariamente parte de sua riqueza para quem precisa. Sem que isso seja uma obrigação, um tributo.

Lucas Ferrugem, um dos sócios da Brasil Paralelo, me disse que há uma demanda muito grande por parte de pais de direita, ou liberais, por livros infantis que não estejam impregnados por uma visão esquerdista.

Por isso, a produtora, que surgiu fazendo vídeos e documentários, está querendo entrar no mercado de livros impressos.

Não é a única iniciativa nessa área. Como mostrei aqui em junho, o Instituto Liberdade e Justiça, de Goiânia (GO), também está lançando livros infantis ensinando conceitos de liberalismo. Mas eles não se aventuraram na espinhosa questão de imposto ser o equivalente legalizado de roubo.

Para os liberais, uma sociedade sem impostos é uma utopia distante. Para chegar lá, é preciso começar a incutir esse pensamento desde cedo na sociedade. Espere mais livros nessa linha para breve.

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Em livro, ‘Rei do Churros’ prega liberalismo e meritocracia para crianças https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/06/03/em-livro-rei-do-churros-prega-liberalismo-e-meritocracia-para-criancas/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/06/03/em-livro-rei-do-churros-prega-liberalismo-e-meritocracia-para-criancas/#respond Mon, 03 Jun 2019 10:41:29 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/81-320x213.jpg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=1135 Todos os dias, o Rei do Churros acorda bem cedo, compra seus ingredientes, prepara os doces, coloca em seu carrinho e anda muito até a porta de uma escola para vendê-los para a criançada.

Ele nunca os distribui de graça, porque isso seria recompensar quem não está dando duro para ganhar seu sustento. Também está sempre empenhado em que seus churros sejam deliciosos, para que as crianças não parem de comprar dele e mudem para o Rei do Picolé.

O Rei do Churros é uma metáfora para crianças de um dos clássicos do liberalismo, “As Seis Lições”, de Ludwig von Mises, um dos pais da chamada Escola Austríaca, defensora do Estado mínimo e da primazia do mercado.

A adaptação da obra de Mises para linguagem infantil está para ser lançada em livro pelo Instituto Liberdade e Justiça, que se dedica ao liberalismo com foco na educação e tem sede em Goiânia (GO).

A obra tem o título de “Antônio e o Segredo do Universo em Seis Lições” e sairá com uma tiragem de 2.000 exemplares, que serão distribuídos para escolas, ONGs e bibliotecas de Goiás e outros estados.

Antônio, o personagem principal, fica curioso para saber como o Rei do Churros, um vendedor que aparece todo dia na frente de sua escola, ostenta esse título tão grandioso. Quem explica é Ludovico (referência ao primeiro nome de Mises), um adulto amigo de sua família.

“A história é uma forma de trabalhar questões de produtividade, de que as coisas não acontecem por acaso. Ele não é o rei porque tem um castelo, é porque faz bem o churros”, diz Giuliano Miotto, 46, presidente do instituto e principal roteirista da história.

Principal, mas não único, ele frisa, porque a revisão fica a cargo de sua filha de 9 anos, Sofia. “Ela que me diz se o livro está claro para uma criança”.

A história do Rei do Churros é a segunda que Miotto lança para apresentar ideias liberais para crianças. No ano passado, saiu “Anya e o Mistério do Sumiço de Galt”, cuja referência é o clássico “A Revolta de Atlas”, da russa Ayn Rand.

Se no original o Estado totalitário oprime os amantes da liberdade e do empreendedorismo, que fogem do país, na versão infantil o cãozinho Galt se refugia numa caverna de “um rei malvado que gostava de tomar as coisas das pessoas”.

Formado em direito, Miotto diz que sempre teve interesse por literatura, especialmente autores russos. Já participou de coletâneas de contos e poesias. Em 2015, fundou o instituto, em meio à proliferação de entidades liberais pelo país que coincidiu com o desgaste do governo do PT.

Mas enquanto a maioria dos institutos côngeneres prioriza a economia, ele preferiu dedicar-se à difusão do liberalismo por meio da educação. Daí veio a ideia de criar uma coleção de livros infantis, que ganhou o nome de Turminha da Liberdade.

A educação é uma das novas trincheiras dos liberais, que consideram ser necessário reduzir o que veem como monopólio das ideias de esquerda no sistema de ensino brasileiro. “A educação hoje é muito focada em enfraquecer o indivíduo em prol de um projeto coletivo. Indivíduos fracos fazem um coletivo fraco”, afirma ele.

Para Miotto, a ênfase no papel social da criança não vem acompanhada dos valores de responsabilidade individual.  “A criança aprende muito sobre cidadania, cuidar de meio ambiente, mas não aprende a arrumar o quarto, a ter respeito pelo professor”, afirma.

Os livros da Turminha da Liberdade não têm apoio público e são feitos com dinheiro 100% privado, diz Miotto. O custo de cada exemplar chega a cerca de R$ 17. Com a tiragem de 2.000 livros prevista para a história do Rei do Churros, o investimento total, portanto, é de R$ 34 mil, bancados por empresas e escolas particulares.

“Já tivemos contato de pessoas interessadas no livro no Uruguai, na Espanha e na Argentina. Temos planos de traduzir para espanhol, alemão e inglês”, diz.

O terceiro livro da série já está nos planos. Será uma adaptação infantil de “Beleza”, do filósofo britânico conservador Roger Scruton, e terá uma crítica sutil às polêmicas exposições de arte que contêm elementos como nudez e ataques à religiosidade.

“A arte precisa ser bela, precisa transmitir valores importantes para o engrandecimento da alma das pessoas”, afirma Miotto.

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Estudante pede que sala de professor de direita seja queimada https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/05/05/estudante-pede-que-sala-de-professor-de-direita-seja-queimada/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/05/05/estudante-pede-que-sala-de-professor-de-direita-seja-queimada/#respond Sun, 05 May 2019 19:38:50 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/jungmann-320x213.jpg http://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=865 “Queimem a sala dele!!!”. O que poderia parecer um diálogo de filme sobre a Idade Média foi publicado neste domingo (5) no Facebook por um estudante da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

O alvo era o professor de filosofia Rodrigo Jungmann, que tem opiniões abertamente conservadoras e de direita. O autor da ameaça chama-se Bruno de Araújo, que acrescentou: “Ta na hora dele sofrer nessa pele adiposa o que [é] intolerância de perto!!!”.

Comentário publicado no Facebook contra o professor Rodrigo Jungmann (Reprodução)

O comentário foi escrito num grupo de estudantes da universidade na rede social.

Jungmann recebeu a ameaça após dar entrevista para o canal de um estudante no YouTube sobre como é a vida de um professor conservador em ambiente universitário, que é majoritariamente de esquerda.

Poderia ser apenas uma molecagem desimportante, mas o professor tem histórico de ser ameaçado, e por isso está levando o recado a sério e constituiu advogado para tratar do tema. Ele já teve sua sala vandalizada por estudantes de esquerda e foi hostilizado após promover debates no campus. Precisou colocar grade na porta de sua sala.

Procurei Bruno Araújo para comentar o assunto, mas não tive reposta dele até a publicação desse texto.

 

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Governo erra ao rebaixar filosofia e sociologia, diz professor de direita https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/04/26/governo-erra-ao-rebaixar-filosofia-e-sociologia-diz-professor-de-direita/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/04/26/governo-erra-ao-rebaixar-filosofia-e-sociologia-diz-professor-de-direita/#respond Fri, 26 Apr 2019 21:52:40 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/jungmann-320x213.jpg http://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=785 O anúncio do presidente Jair Bolsonaro de que pretende reduzir as verbas para cursos de sociologia e filosofia foi, previsivelmente, bombardeado pela esquerda, dominante nessas áreas acadêmicas.

Mas há críticas também entre os raros professores universitários que se dizem abertamente de direita na área de ciências humanas.

Um deles, Rodrigo Jungmann, que leciona Filosofia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e não esconde sua simpatia pelo governo Bolsonaro, considera a medida um equívoco, inclusive do ponto de vista estratégico.

“Os conservadores se queixam com razão de que a esquerda domina a cultura precisamente em função de sua presença acachapante nos cursos de humanas, que, de fato, com considerável frequência servem a um proselitismo político raso. Mas a supressão de cursos jamais será a solução”, disse Jungmann ao blog, sobre a diminuição de investimentos nas áreas.

Uma reclamação comum na direita é estar perdendo para a esquerda a batalha das ideias na academia. Diminuir o peso de disciplinas de Humanas não ajuda a combater o que é chamado por conservadores de “marxismo cultural”.

“A única maneira pela qual os conservadores podem se contrapor ao domínio da esquerda no mundo da cultura reside numa inserção própria nesse mundo. A direita não deve abolir cursos de humanas. Deve entrar neles, assim como no direito, na imprensa e todas as demais instâncias de formação e circulação de ideias”, afirma Jungmann.

Na opinião do professor, há uma lógica na decisão do governo de investir em áreas de aplicação prática, mas isso não deve ser feito às custas das demais.

“É fora de dúvida que o Brasil pode e deve priorizar a alocação de recursos para áreas de aplicabilidade prática imediata. A nossa carência de engenheiros, por exemplo, é notória. No entanto, daí a preconizar a completa supressão de cursos de humanas já existentes e atuantes vai uma longa distância”, afirma ele, que ressalva que ainda está esperando detalhes sobre a medida anunciada por Bolsonaro.

Para Jungmann, que costuma ser perseguido por estudantes de esquerda na universidade,  o ser humano não pode viver exclusivamente para o mundo das coisas práticas. “Pessoas desejam lidar também com ideias e as produzirão e consumirão de uma forma ou de outra”, declara.

 

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Aliados de Olavo de Carvalho terão braço no movimento estudantil https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/03/13/aliados-de-olavo-de-carvalho-terao-braco-no-movimento-estudantil/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2019/03/13/aliados-de-olavo-de-carvalho-terao-braco-no-movimento-estudantil/#respond Wed, 13 Mar 2019 10:48:09 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/DouglasGarcia-320x213.jpg http://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=314 Nesta sexta (15), a improvável trajetória de Douglas Garcia, 25, da favela do Buraco do Sapo, na divisa de São Paulo com Diadema, para um gabinete na Assembleia Legislativa paulista se completa.

Não satisfeito, no dia seguinte à sua posse como deputado estadual pelo PSL, ele será um dos organizadores do evento de criação de uma nova entidade estudantil, assumidamente pró-Jair Bolsonaro e alinhada com o conservadorismo de Olavo de Carvalho, guru do presidente.

Garcia é a principal força por trás da União Nacional dos Estudantes Conservadores (Unecon), pensada para ser uma voz do olavismo dentro do movimento estudantil.

Seu surgimento vem no momento em que Olavo trava uma queda de braço com representantes do Ministério da Educação que não seguem sua cartilha.

O guru tem força na pasta, e está demonstrando. Indicou a Bolsonaro o ministro Ricardo Vélez Rodríguez e nos últimos dias pressionou para que ele demitisse o número dois do MEC, Luiz Antônio Tozi, e o coronel-aviador Ricardo Roquetti de uma diretoria, porque seriam técnicos demais e tutelados pelos militares.

Olavo, diz Garcia, terá na Unecon uma aliada inconteste. “O professor foi muito importante na minha formação intelectual”, afirma, antes de citar de um só fôlego o nome de todos os livros do filósofo. Jovem pobre de direita, lamentar nunca ter tido dinheiro para fazer o curso online dele, que custa R$ 640 a anualidade.

Para o encontro de fundação da entidade são esperados 150 delegados do interior de São Paulo e estados como Minas Gerais e Ceará. A maioria ligada ao Direita SP, entidade liderada por Garcia, e ao Instituto Conservador.

Não querem substituir a UNE (União Nacional dos Estudantes), mas tomá-la por dentro, agindo como uma espécie de “partido” da direita estudantil. No curto prazo, pretendem controlar alguns centros acadêmicos e grêmios estudantis.

Nisso, pretendem se diferenciar do braço estudantil do MBL (Movimento Brasil Livre), dando apoio total a Bolsonaro. “O MBL muitas vezes é progressista nos costumes. Nós somos conservadores sempre”, diz Garcia.

A programação do encontro discutirá temas como “O envenenamento da juventude pelas ideologias totalitárias” e “A supressão dos estudantes conservadores nas instituições de ensino”. Haverá competição de debates, com prêmios (um deles é o livro “A Verdade Sufocada”, do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido como torturador pela Justiça).

Programação do encontro de fundação da Unecon (Divulgação)

A UNE, controlada há décadas pelo PC do B, e os ambientes universitários de forma geral não toleram a direita, afirma Garcia. No final do ano passado, um grupo do Direita SP organizou uma marcha na USP para celebrar a vitória de Bolsonaro. Tiveram de sair do campus escoltados pela PM.

A plataforma da Unecon é impecavelmente bolsonarista/olavista. (Garcia se assume um “bolsominion com orgulho”, sem problemas com o tom pejorativo do termo). O primeiro alvo, claro, é o educador Paulo Freire, cuja influência, segundo ele, “produz analfabetos funcionais ao privilegiar o socioconstrutivismo”. “O cara chega na faculdade e não consegue fazer uma equação de segundo grau”, afirma.

Outras bandeiras são a regulamentação do ensino domiciliar, o aumento do número de colégios militares e, obviamente, o Escola Sem Partido.

Mas em ao menos um totem petista a Unecon não vai mexer: o ProUni. O máximo a que chega é defender que seja um programa temporário, e que a prioridade do governo seja voltada para a educação de base.

Estudante de Direito na Unip, Garcia é cria dos movimentos de junho de 2013. Aquelas passeatas despertaram seu gosto pelo ativismo, primeiro na  sua “quebrada” na zona sul de SP, e depois em atos convocados pelo Facebook.

Em 2016 aproximou-se de Bolsonaro, criou o Direita SP e chegou a promover um bloco de Carnaval que apoiava abertamente a ditadura, o Porão do Dops, depois barrado pelo Ministério Público. No ano passado foi escolhido pelo PSL como um de seus candidatos à Alesp. Eleito com 74 mil votos, será o deputado estadual mais jovem na Casa.

Na periferia, diz ele, o sentimento conservador é dominante, mas a esquerda sempre monopolizou o discurso por falta de alternativa.

Agora é diferente, afirma. E desafia: “Vai lá na favela e pergunta o que as pessoas acham de o filho poder fumar maconha livremente, de abortar quando quiser, de o menino de 5 anos pode ser chamado de Mariazinha. Faz um teste”.

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