Saída pela direita https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br Conservadorismo, nacionalismo e bolsonarismo, no Brasil e no mundo Mon, 06 Dec 2021 12:49:36 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Saída Pela Direita agora está em novo endereço https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/12/06/saida-pela-direita-agora-esta-em-novo-endereco/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/12/06/saida-pela-direita-agora-esta-em-novo-endereco/#respond Mon, 06 Dec 2021 12:49:36 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=5300 Caro leitor,

Este blog continua na Folha, mas, agora, em um novo endereço.

Acesse aqui para continuar lendo tudo que o Saída Pela Direita publica.

Os textos já publicados permanecerão neste espaço para serem lidos e relidos.

Clique a seguir para ler o novo texto o blog:

https://www1.folha.uol.com.br/blogs/saida-pela-direita/2021/12/moro-tera-coordenador-para-buscar-apoio-de-eleitores-evangelicos.shtml

Nos vemos lá!

Um abraço,

Fábio Zanini

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Weintraub reclama de ter sido preterido na disputa de SP e preocupa bolsonaristas https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/11/30/weintraub-reclama-de-ter-sido-preterido-na-disputa-de-sp-e-preocupa-bolsonaristas/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/11/30/weintraub-reclama-de-ter-sido-preterido-na-disputa-de-sp-e-preocupa-bolsonaristas/#respond Tue, 30 Nov 2021 11:16:06 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/weintraub-320x213.jpeg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=5289 A costura política para dar um palanque ao presidente Jair Bolsonaro (PL) em São Paulo na eleição do ano que vem está gerando ressentimento entre alguns de seus aliados. Quem mais ameaça desafinar é uma figura conhecida por fazer barulho sem se importar muito com as consequências, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub.

Desde que deixou a pasta, no ano passado, após comprar briga com o Supremo Tribunal Federal, Weintraub vive em Washington (EUA), onde trabalha no Banco Mundial, por indicação do governo Bolsonaro.

Mesmo distante, mantém-se atuante nas redes sociais, e segue fielmente o lema que adotou: “Meu Twitter, minhas regras”. Isso inclui críticas que vem fazendo há tempos sobre a falta de comprometimento de alguns setores do governo com a agenda conservadora, embora sempre poupando Bolsonaro pessoalmente.

A rebeldia de Weintraub ganhou novo impulso na semana passada, quando ele escancarou sua mágoa por estar sendo preterido de um projeto que acalenta há tempos, o de ser o candidato bolsonarista ao governo de São Paulo em 2022.

Na última sexta-feira (26), ele escreveu que estava acostumado a não ser o “queridinho”, mas que no final sempre vencia e não tinha medo de enfrentar times maiores.

Na base bolsonarista, o recado foi entendido como uma insatisfação com a articulação capitaneada pelo próprio Bolsonaro para fazer do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, candidato ao Palácio dos Bandeirantes no ano que vem.

Nem a vaga ao Senado estaria reservada para Weintraub, já que há dois nomes à frente dele na preferência do presidente: o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e a deputada estadual Janaina Paschoal.

A um apoiador que comentou que Weintraub deveria conversar com Tarcísio e Salles, o ex-ministro da Educação posou de vítima: “Precisa bater em mim? Não há limite? Tudo é justificado?”, escreveu, sem detalhar que tipo de ataque estaria sofrendo.

Em resposta a outro comentário, de que estaria sendo ingrato com o capitão, Weintraub respondeu: “Nunca levantei minha mão contra o presidente Bolsonaro”.

Ainda na sexta -feira (26), incomodado com as cobranças por lealdade, o ex-ministro fez novo desabafo.

Weintraub foi procurado pelo blog, mas não se manifestou.

Entre apoiadores de Bolsonaro, há um misto de impaciência e preocupação com as manifestações de Weintraub. Sua candidatura a um cargo majoritário é tida como inviável, em razão do próprio perfil do ex-ministro: boquirroto, dado a piadinhas infames, e com gosto pela polêmica. Sua gestão na Educação, tida como ideológica e com poucos resultados a mostrar, não é um bom cartão de visitas.

Em comparação, Tarcísio é avaliado com um dos melhores e mais técnicos quadros do governo, à frente de um ambicioso programa de concessões. Isso poderia dar a Bolsonaro um palanque mais sólido e com menor potencial de causar embaraços.

Ao mesmo tempo, Weintraub é tido até por amigos como um fio desencapado. Há receio de que, frustrado. ele aumente o tom das queixas públicas e até se lance em uma aventura eleitoral independente, por algum partido pequeno, dividindo o eleitorado bolsonarista no maior estado do país.

Bombeiros já estão atuando para tentar acalmar a situação. Uma saída seria oferecer a Weintraub uma campanha com boa estrutura para a disputa da Câmara dos Deputados. Ninguém se arrisca a prever, no entanto, se o irritado ex-ministro aceitará algo menos do que a disputa por um cargo majoritário.

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Esquerdista, Glenn Greenwald ganha fãs improváveis na direita por defesa da liberdade https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/11/26/esquerdista-glenn-greenwald-ganha-fas-improvaveis-na-direita-por-defesa-da-liberdade/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/11/26/esquerdista-glenn-greenwald-ganha-fas-improvaveis-na-direita-por-defesa-da-liberdade/#respond Fri, 26 Nov 2021 11:02:33 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/glenn-320x213.jpeg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=5271 Conhecido por suas posições progressistas, o jornalista americano Glenn Greenwald passou a ser admirado recentemente por uma plateia inusitada: a direita brasileira.

Greenwald, que vive no Rio de Janeiro, entrou na mira de bolsonaristas e lavajatistas há pouco mais de dois anos, quando revelou diálogos mantidos pelo ex-juiz Sergio Moro com procuradores, no caso que ficou conhecido como Vaza Jato. Foi atacado, teve a prisão e a deportação pedidas e ganhou a alcunha de “Verdevaldo”, tradução jocosa de seu nome.

De alguns meses para cá, no entanto, ele vem ganhando elogios surpreendentes no mundo destro.

Comentarista da rádio Jovem Pan e figura de proa do opinionismo bolsonarista, Rodrigo Constantino foi um dos que fizeram coro em prol do jornalista.

Outro a se manifestar foi o influenciador conservador Kim Paim.

O jornalista e escritor Leandro Narloch, colunista da Folha, seguiu na mesma linha.

Há diversos outros exemplos, como o do empresário e influenciador Leandro Ruschel (que depois se arrependeu e apagou um tuíte elogioso a Glenn).

O motivo da nova admiração pelo jornalista é sua defesa da liberdade de expressão, hoje um valor associado mais à direita, tanto no Brasil como nos EUA.

Figura influente na imprensa americana, Glenn se tornou um crítico de jornalistas de esquerda, de lideranças do Partido Democrata e do governo Joe Biden. Frequentemente participa de programas na Fox News, emissora de TV próxima ao Partido Republicano e ao ex-presidente Donald Trump.

Em entrevista ao blog, Glenn disse que não se tornou uma pessoa de direita, apenas se mantém fiel a princípios que defende há décadas. E afirma que não se importa dos elogios recebidos de trumpistas e bolsonaristas.

“Talvez dizer que eu sou elogiado por eles seja uma palavra um pouco forte. O que estou vendo é dizerem: ‘meu Deus, não consigo acreditar que estou concordando com alguma coisa que ele está falando’”, afirma.

Glenn acredita a simpatia que desperta nos apoiadores do presidente Bolsonaro tenha em parte relação com as mudanças na conjuntura política.

“Na época da Vaza Jato, o alvo principal era o Sergio Moro, que em 2019 era um  membro do governo Bolsonaro bem importante. Havia uma união entre bolsonaristas e lavajatistas. Quando eu estava criticando o Moro, eu era inimigo do governo Bolsonaro. E obviamente tudo isso mudou, agora Moro ironicamente é o inimigo número 1 do Bolsonaro. Muitos agora dizem:  ‘Glenn tinha razão’”, afirma.

Ele diz que se surpreende com a pouca importância dada pela esquerda ao tema da liberdade. “Quando cresci como um adolescente gay nos EUA, nas décadas de 70 e 80, a censura era uma ferramenta usada pela direita. Queria censurar filmes, músicas. A liberdade de expressão era um valor associado à esquerda. Mas agora aqui no Brasil, muitas vezes a censura é apoiada pela esquerda e o alvo é a direita, principalmente bolsonaristas”, afirma.

Isso tem relação, segundo o jornalista, com a forma como as novas gerações de esquerda enxergam o tema, já que elas não têm a memória da censura aplicada pelo regime militar no Brasil.

“No Brasil a liberdade de expressão é quase tratada pela esquerda brasileira como uma ideia fascista, autoritária. Isso para mim é incrível, porque a ditadura militar usou a censura contra a esquerda”, diz.

Em outra divergência com esquerdistas, ele diz ser contrário a estabelecer restrições a opiniões, desde que não envolvam a prática de crime.

“Não podemos ter limites na questão de opiniões políticas. Obviamente, tem de haver limites de difamação. Não posso publicar um artigo dizendo que você é pedófilo, por exemplo, ou cometer uma fraude”.

Na semana passada, Glenn e seu marido, o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), receberam críticas da esquerda por participarem de um programa do Flow, canal de podcasts popular entre a direita e que recentemente sofreu acusações de defender que sejam toleradas opiniões racistas.

O jornalista diz que aceitou o convite porque avalia que é importante ter contatos “fora da bolha”.

“Me incomoda que a esquerda e a direita nunca concordem em nada. Precisamos ter valores e princípios comuns. Para mudar a sociedade, é preciso conversar com pessoas que não concordem com você”, diz.

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Tour de Bolsonaro ajuda instituto de Eduardo a estreitar relações no Oriente Médio https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/11/23/tour-de-bolsonaro-pelo-oriente-medio-rende-frutos-ao-instituto-de-seu-filho-eduardo/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/11/23/tour-de-bolsonaro-pelo-oriente-medio-rende-frutos-ao-instituto-de-seu-filho-eduardo/#respond Tue, 23 Nov 2021 10:39:16 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/icl-320x213.jpeg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=5255 A recente viagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por países do Golfo Pérsico teve como efeito colateral um empurrãozinho no processo de internacionalização do instituto presidido por seu filho Eduardo.

Na esteira das visitas de Bolsonaro a Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Qatar, o Instituto Conservador Liberal aproveitou para consolidar acordos com entidades da região que haviam sido assinados anteriormente.

Um deles foi com o Emirates Policy Center (EPC), um think tank sediado em Abu Dhabi. Criado em 2013, o EPC surgiu no contexto da Primavera Árabe, quando uma série de manifestações pela região chegou a ameaçar derrubar como um dominó diversas ditaduras.

“O EPC foi estabelecido durante o tumulto da Primavera Árabe para estudar ameaças internas e externas a Estados-nação no região do Golfo e no mundo árabe de modo geral”, diz o site do instituto.

Eduardo Bolsonaro e o diretor-executivo do ICL, Sergio Sant’Ana, participaram de um seminário do EPC, e depois assinaram um memorando de cooperação com a entidade, para troca de informações e realização de eventos. Eduardo foi ao Oriente Médio na comitiva do pai, enquanto Sant’Ana custeou sua viagem.

Embora seja formalmente independente, o instituto tem ligação política estreita com os governantes dos Emirados Árabes.

Outro contato presencial ocorreu no Bahrein, onde o presidente Jair Bolsonaro participou de um evento promovido pelo Centro Global Rei Hamad Para a Coexistência Pacífica, essa sim uma entidade umbilicalmente ligada à monarquia do pequeno país do Golfo.

O centro dedica-se à promoção da tolerância religiosa no reino, governado de forma absolutista pela atual família real há 50 anos.

Criado no início do ano, o ICL tem a ambição de se tornar o principal centro difusor de ideias da direita no Brasil. Seu modelo é a Fundação Heritage americana, hoje uma das principais bases teóricas do Partido Republicano.

Um dos pilares da estratégia de atuação é a formação de uma rede global conservadora, e o ICL vem investindo pesadamente nesse aspecto.

Em setembro, o instituto organizou a segunda edição brasileira da Cpac, conferência conservadora que anualmente reúne a direita dos EUA.

No mesmo mês, Sant’Ana encontrou-se em Lisboa com duas estrelas ascendentes da direita europeia: André Ventura, do partido português Chega, e Santiago Abascal, do espanhol Vox. Dois partidos, segundo disse Sant’Ana na ocasião, que “lutam bravamente pelos mesmos valores e ideias que defendemos no Brasil”.

“O trabalho do ICL não se resume ao nosso país. Precisamos unir conservadores e defensores da liberdade de todo o mundo, pois nossa luta é global”, resumiu o diretor do instituto brasileiro.

Também há contatos com partidos e movimentos de direita em países como Venezuela, Colômbia, Argentina e Chile –onde a passagem de José Antonio Kast para o segundo turno da disputa presidencial foi saudada efusivamente por bolsonaristas.

Novos contatos devem ocorrer em breve. Estreitar relações com Hungria e Polônia, países com governos conservadores que estão na agenda de visitas de Jair Bolsonaro para 2022, devem ser os próximos objetivos do instituto presidido por seu filho.

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Populismo de direita cresce na África do Sul, com nova legenda anti-imigração https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/11/09/partido-anti-imigrantes-cresce-com-populismo-de-direita-na-africa-do-sul/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/11/09/partido-anti-imigrantes-cresce-com-populismo-de-direita-na-africa-do-sul/#respond Tue, 09 Nov 2021 11:54:28 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/actionsa-320x213.jpeg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=5241 A África tem muitos problemas, mas o populismo de direita nunca foi um deles. Isso pode estar mudando, com o surgimento de um partido com uma plataforma anti-imigração no país mais importante do continente.

Formado em agosto de 2020, o ActionSA tomou de assalto o cenário político da África do Sul, repetindo o sucesso que legendas que correm no mesmo campo têm obtido em diversos países, do Chile a Portugal.

Nas eleições locais realizadas na semana passada, capturou 16% dos votos em Johannesburgo, coração econômico do país, ficando num surpreendente terceiro lugar.

Foi bem também em outras regiões metropolitanas. Por ser uma legenda recém-criada, ainda não está organizada na grande maioria das cidades pequenas e zonas rurais, ainda dominadas pelo tradicional Congresso Nacional Africano (CNA), partido que foi de Nelson Mandela, e outras legendas de caráter étnico.

Assim, no cômputo nacional, recebeu apenas 1,8% dos votos, mas isso não impediu que fosse tratada como a grande novidade da eleição, e com perspectivas de causar impacto na votação para Congresso e presidente, prevista para 2024.

O ActionSA é comandado por Herman Mashaba, um ex-prefeito de Johannesburgo, o que explica parte de seu sucesso na cidade. Mas essa não é a história toda. Diversas das políticas que a legenda defende tiveram ampla ressonância entre um eleitorado de classe média cansado de corrupção, insegurança e incompetência por parte do atual governo, do CNA.

O manifesto do partido mistura a defesa de medidas liberais para a economia e pulso firme na defesa da ordem. A legenda diz, em seu manifesto, que reconhece o impacto socioeconômico do legado das décadas de discriminação sofrida pela população negra durante o regime do apartheid, que vigorou até 1994.

Mas sua resposta para corrigir esses problemas passa longe do consenso existente hoje na África do Sul em torno das políticas de ação afirmativa.

“Rejeitamos as políticas fracassadas do Black Economic Empowerment [Empoderamento Econômico Negro, nome pelo qual essas políticas são conhecidas] e das ações afirmativas da forma como são implementadas pelo atual partido no poder”, afirma a legenda.

Em linha com o ideário liberal, o ActionSA relativiza a importância da redução das desigualdades. Fala em “igualdade de oportunidades, não igualdade de resultado”.

Em outras palavras, é preciso criar políticas que deem chance a todos de progredir por seus próprios meios, com investimentos pesados em educação, sem focar tanto na distribuição de renda acumulada.

“Apoiamos uma economia competitiva, orientada pelo mercado, com interferência mínima do governo”, diz o manifesto.

Ao falar sobre programas de assistência social, o partido defende que sejam mais focados, e que o mais importante é estimular as pessoas a “trabalhar e ter controle sobre seu futuro”.

Ao enveredar por outras áreas, o ActionSA mostra uma face mais conservadora. No caso da educação, prega que “salas de aula nunca sejam playgrounds políticos”, uma pregação que tem ecos do debate no Brasil sobre o Escola Sem Partido.

Na área da segurança, defende endurecimento penal, num país em que a criminalidade historicamente é um problema sério, como no Brasil.

“Devemos reformar nosso sistema de justiça criminal e fortalecer nossos agentes da lei para assegurar que sejam os criminosos, e não os cidadãos respeitadores da lei, que vivam com medo”.

É quando menciona a imigração que o partido começa a brincar com fogo. Potência econômica do continente, a África do Sul atrai migrantes pobres de diversos países vizinhos, como Moçambique, Zimbábue, Zâmbia e Congo.

“Nosso sistema de imigração precisa ser revisto para atrair migrantes qualificados, e ao mesmo tempo reprimir o ingresso de migrantes sem documentos através de nossas fronteiras porosas”, afirma o manifesto do partido.

Esse tipo de discurso é bastante perigoso na África do Sul, em que o sentimento xenófobo vem crescendo de forma acelerada. Periodicamente, há erupções de violência contra imigrantes em grandes cidades, em que as vítimas se contam às dezenas.

Num país ainda muito dominado por partidos tradicionais, o ActionSA dificilmente fará parte de um governo nacional no futuro próximo. Mas provavelmente ocupará espaço no Congresso e, talvez, controle sobre alguns entes locais.

Para os otimistas, sua chegada ao palco da política sul-africana oferece um arejamento necessário para um sistema partidário viciado, apresentando ideias interessantes sobre a economia.

Mas os pessimistas têm razão em temer que tudo do que a África não precisa nesse momento é adicionar populismo de direita a um continente que até o momento vinha escapando dessa praga.

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Kataguiri faz guia prático para liberais em tretas com esquerda e bolsonaristas https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/11/05/kataguiri-faz-guia-pratico-para-liberais-em-tretas-com-esquerda-e-bolsonaristas/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/11/05/kataguiri-faz-guia-pratico-para-liberais-em-tretas-com-esquerda-e-bolsonaristas/#respond Fri, 05 Nov 2021 11:01:41 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/kim-320x213.jpeg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=5212 Para o bem e para o mal, o debate político há muito deixou de ser exclusividade do ambiente acadêmico e dos meios de comunicação.

A popularização do tema invadiu a mesa de bar, ainda que no sentido metafórico. É a essa realidade que se destina um novo livro que pretende ser uma espécie de guia prático para discussões políticas do dia a dia.

Seu autor é o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), uma das principais lideranças do MBL (Movimento Brasil Livre). O título mostra logo de cara a que se propõe: “Manual de Debate Político: Como Vencer Discussões Políticas na Mesa do Bar” (Edições 70).

São 40 capítulos curtos, cada um tratando de um tema, em que Kataguiri, um liberal hoje na oposição ao governo, oferece argumentos para contraditar o discurso da esquerda ou da direita bolsonarista.

Para isso, recorre a frases diretas e muitas vezes simplificadoras para temas complexos, com uma linguagem que usa humor e algum sarcasmo eventual.

“As pessoas já não discordam umas das outras, elas simplesmente torcem para estar certas”, afirma o autor logo na introdução, justificando a decisão de escrever o livro.

Apenas quebraremos esse ciclo de oportunismo, cegueira e turbulência política quando as pessoas tiverem uma noção básica dos conceitos mais elementares e do funcionamento das políticas públicas mais comuns”, completa.

Os tópicos escolhidos vão dos mais tradicionais, como o papel do Estado na economia, até os que costumam gerar longos fios nas redes sociais, caso de discussões sobre racismo estrutural e políticas identitárias,  chamadas por ele de “novo fetiche da esquerda”. “Uma pessoa não deve ser julgada pelo seu mérito ou por suas ações, mas por sua sexualidade, cor da pele, origem etc.”, escreve.

Não faltam trechos que ensinam como criticar com propriedade praticamente tudo que se refira ao presidente Jair Bolsonaro, que, para ele, é a antítese do conservadorismo.

“O que Bolsonaro sempre defendeu, e continua defendendo, é uma ruptura institucional, um golpe, uma revoluçãoSer revolucionário é o contrário de ser conservador​”, diz o livro.

Kataguiri também adiciona um ou outro item mais inusitado para ilustrar sua visão liberal de mundo, como as razões que levam profissionais de futebol feminino a ganharem muito menos do que jogadores homens.

E não economiza artilharia contra alguns dos inimigos mais notórios da direita, como Che Guevara, Foro de São Paulo, John Maynard Keynes, Josef Stálin, Guilherme Boulos e, claro, Luiz Inácio Lula da Silva. Todos têm a distinção de merecerem capítulos exclusivos.

O autor preocupa-se em delimitar ideologicamente o terreno da direita, hoje formado por duas esferas que mantêm alguns pontos de contato: conservadorismo e liberalismo.

Os conservadores, diz o parlamentar, querem mudanças graduais, no que pode ser definido como um grande pacto entre as gerações.

“O conservador acredita que mudanças não são apenas desejáveis, mas necessárias. Ocorre que essas mudanças precisam acontecer dentro das regras das instituições, não por meio de revoluções sangrentas”, diz ele.​

Já os liberais têm foco maior na redução da intrusão do Estado a vida do indivíduo. “Nós, os liberais, queremos um Estado bem menor, para pagarmos muito menos impostos. E queremos usar o dinheiro que nos sobra para escolher nossos serviços”, prega Kataguiri.

Mais do que isso, afirma o autor, o Estado é incapaz de acabar com a pobreza, porque não consegue e não quer. “O Estado é uma máquina burocrática gigante, comandada por pessoas cujo maior propósito, em regra, é se perpetuar na própria máquina e ter cada vez mais poder”, resume.

Movimento surgido em 2014 basicamente como uma ação entre amigos pós-adolescentes, o MBL cresceu rapidamente e teve papel relevante nas manifestações pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT). Kim Kataguiri foi, desde o início, uma de suas lideranças mais visíveis, e acabou capitalizando essa projeção para uma bem-sucedida carreira política.

Com um estilo barulhento nas redes sociais e muitas vezes agressivo contra opositores, o grupo passou a chamar a atenção e a despertar a rejeição da esquerda. Em 2018, apoiou Bolsonaro no segundo turno, mas logo rompeu com ele.

Desde então, o MBL tem procurado se mostrar mais moderado, e chegou a fazer um mea culpa público sobre seu papel na polarização do debate público.

Mais recentemente, o movimento tem defendido uma saída de centro para a Presidência em 2022, e não esconde a simpatia pela candidatura do ex-juiz Sergio Moro, que deve se filiar ao Podemos em breve.

O credo defendido pelo movimento ainda é um ser estranho no arcabouço político brasileiro, tradicionalmente dominado pelos pensamentos socialista, social-democrata e conservador, com apenas alguns espasmos de liberalismo.

No livro, Kataguiri procura oferecer uma resposta liberal pronta para cada tema que se apresente. As escolhas seguem uma lógica clara, de estarem na ordem do dia –e, portanto, mais propensas a aparecerem na tal mesa do bar.

Um exemplo são as cotas raciais. Ao torpedeá-las, o livro não se limita a criticar o mérito desse mecanismo, que começou sendo usado em universidades e hoje é praticamente universal. O autor se preocupa também com um tema derivado, o “lugar de fala”.

“Você pode e deve discutir as cotas, seja você branco, negro, pardo, amarelo, azul, vermelho, listrado ou verde com bolinhasVocê é um cidadão e tem todo o direito de participar ativamente da vida política”, afirma.

Em alguns momentos, os pontos de vista liberal e bolsonarista se confundem, como na defesa da posse de armas, que, para Kataguiri, é um direito individual. “Armas matam da mesma forma que carros atropelam e facas esfaqueiam. Vamos proibir carros e facas?”, argumenta.

Já no debate sobre drogas, o contraste com as posições conservadoras é mais nítido. Kataguiri defende a descriminalização, com o argumento de que a proibição estimula o crime organizado.

“Não tenho dúvidas de que Al Capone cometeria crimes caso a bebida fosse legal nos EUA de sua época, mas sem dúvidas, sem o império que ele construiu com o dinheiro do tráfico, não passaria de um trombadinha”, compara.

No fim, o livro pode ser lido como uma grande defesa dos ideais da direita, ou ao menos da parte dela com a qual o autor concorda.

Afinal, argumenta Kataguiri, ser de direita é antes de tudo desfazer preconceitos alimentados hoje em dia sobretudo pelo presidente.

A imprensa reproduz [o que diz Bolsonaro], transformando conservadorismo em sinônimo de defesa do golpe militar, fiscalização de órgãos genitais alheios e regulamentação da masturbaçãoTudo isso criou uma imagem caricata do conservadorismo, um espantalho horrendo, como se o conservador fosse um carola, um fiscal de fiofó”, lamenta.

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Título – “Manual de Debate Político: Como Vencer Discussões Políticas na Mesa do Bar”

Autor: Kim Kataguiri

Editora: Edições 70 (290 págs.)

Preço: R$ 69 (disponível em https://loja.mbl.org.br/)

 

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Com bate-bocas e defesa da liberdade, TV Jovem Pan repete cacoetes do rádio https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/10/27/com-bate-bocas-e-defesa-da-liberdade-tv-jovem-pan-repete-cacoetes-do-radio/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/10/27/com-bate-bocas-e-defesa-da-liberdade-tv-jovem-pan-repete-cacoetes-do-radio/#respond Wed, 27 Oct 2021 18:12:38 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/JovemPan-320x213.jpeg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=5201 A TV Jovem Pan estreou em canais por assinatura nesta quarta-feira (27) mostrando seu cartão de visitas de emissora alinhada à direita, e não apenas em razão da simpatia que a maioria de seus comentaristas demonstra pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

O canal martelou, em suas primeiras horas de existência, a defesa da “liberdade”, hoje um grito de guerra do universo destro, usado como justificativa para a veiculação de praticamente qualquer tipo de conteúdo, não importa se verídico ou nem tanto.

O tema permeou o noticiário e intervalos comerciais. A deputada federal bolsonarista Alê Silva (PSL-MG) surgiu numa inserção sobre o tema, com vinheta e tudo, pregando contra qualquer regulação de manifestação.

“A liberdade de expressão não deve ser regulamentada, porque se trata de um termo bastante relativo. Ou seja, o que pode ser liberdade de expressão para alguns pode não ser para outros”, pregou.

Pouco tempo depois, apareceu o comentarista Rodrigo Constantino, uma das estrelas da emissora, fazendo propaganda de um curso sobre pensadores de direita.

“Você sabe por que acontece a doutrinação ideológica? Porque o obscurantismo é do interesse de mentes manipuladoras”, afirmou ele, para depois vender o conteúdo oferecido como “antídoto contra a desinformação”.

Na parte editorial, o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, foi escalado para uma entrevista sobre o mesmo assunto, mas que parece não ter seguido o script desejado pela emissora. Talvez por isso, tenha sido bastante curta.

À pergunta do âncora sobre ameaças atuais à liberdade de expressão, Santa Cruz respondeu com a defesa do jornalismo profissional e a denúncia de ataques contra repórteres, sobretudo mulheres. Ataque que, como se sabe, partem sobretudo de apoiadores do presidente e são estimulados pelo chefe de Estado.

Em nova tentativa, houve um questionamento sobre supostos excessos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), hoje considerados pela direita bolsonarista os maiores agressores da liberdade, mas Santa Cruz não mordeu a isca. O máximo que fez foi criticar o excesso de exposição por parte de alguns integrantes da corte.

O canal é um mix de programas já conhecidos da rádio Jovem Pan, em que impera a discussão acalorada (e às vezes física) entre comentaristas, e noticiários em formato mais convencional.

No “Morning Show”, que discute o noticiário do dia, novamente o tema da liberdade veio à tona, com uma configuração que privilegiava as posições pró-Bolsonaro.

Espremido entre os bolsonaristas Adrilles Jorge e Zoe Martinez, o economista Joel Pinheiro da Fonseca apresentou visões mais centristas sobre pautas como a prisão do líder caminhoneiro Zé Trovão, as declarações homofóbicas do jogador de vôlei Mauricio Souza e a exigência de passaporte da vacina, enquanto era bombardeado por seus dois adversários.

Para Adrilles e Zoe, todos estes assuntos são parte de um mesmo contexto de ameaça às liberdades individuais –mesmo que seja as de incitar agressões aos ministros do STF, rejeitar “doutrinação homossexual” em gibis ou não querer se vacinar.

Outros sinais de alinhamento à linha do governo federal pontuaram a programação, caso da forma como foram apresentados os número da pandemia.

Ao lado das estatísticas sobre contaminados, mortos e vacinados, também foram exibidos em destaque os “recuperados” da doença, o que trouxe ecos do famigerado “placar da vida” criado pelo Ministério da Saúde no início da crise sanitária,

O próprio Bolsonaro deu duas entrevistas para a emissora com uma diferença de poucas horas, sendo que na segunda delas, ao programa Pânico, abandonou o microfone em meio a um bate-boca.

Em alguns momentos, a emissora procurou passar uma mensagem de mais moderação e pluralismo, chegando a dar destaque a comentaristas antibolsonaristas e a entrevistar opositores do presidente, como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

Mas o primeiro dia do novo projeto mostrou que os cacoetes que fizeram a fama da Jovem Pan no rádio parecem que também vieram para ficar em sua versão televisiva.

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Volta de Moro reanima lavajatistas, que estavam por baixo https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/10/26/volta-de-moro-reanima-lavajatistas-que-estavam-por-baixo/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/10/26/volta-de-moro-reanima-lavajatistas-que-estavam-por-baixo/#respond Tue, 26 Oct 2021 12:22:41 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/outdoor-320x213.jpeg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=5184 Tido como carta fora do baralho por políticos, analistas e a imprensa, o ex-juiz Sergio Moro surpreendeu ao dar sinais claros de que está disposto a fazer uma reentrada triunfal na disputa presidencial neste final de ano.

Em 10 de novembro, ele deve se filiar ao Podemos, no que deverá ser um concorrido evento em Brasília. Em seguida, sai em turnê de lançamento de seu aguardado livro sobre a Operação Lava Jato, que comandou até aceitar integrar o governo do recém-eleito presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em 2018.

Tudo isso aparenta ser aquecimento para o evento maior, o anúncio de sua candidatura para a eleição de 2022, que deve ocorrer no primeiro semestre do ano que vem.

Aliados próximos de Moro dizem que duas coisas em especial o motivam a sair candidato: a possibilidade de tirar votos de Bolsonaro, hoje um desafeto até maior do que Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e a defesa da operação de combate à corrupção que o projetou nacionalmente.

A Lava Jato, desde que Moro a abandonou, sofreu reveses em série, que levaram, na prática, ao seu fim. Houve desde derrotas judiciais, como o fim da prisão após condenação em segunda instância, até os áudios que revelaram a proximidade do então juiz com a força-tarefa de procuradores do Ministério Público Federal.

Se não é mais possível ressuscitar a Lava Jato, ao menos o “lavajatismo” pode ser salvo? A mera entrada em cena do ex-juiz já provocou alguns movimentos nesse sentido.

Em Maringá (PR), terra de Moro, o movimento Médicos Contra a Corrupção colocou na entrada da cidade, na semana passada, um outdoor em defesa da operação.

“A Lava Jato acabou? Criminosos torcem pelo sim. Nós torcemos pelo não”, diz o cartaz, com a hashtag #somostodoslavajato. O material também diz apoiar o Ministério Público Federal e a Polícia Federal “totalmente independentes”.

A referência não foi gratuita, mas pensada para ajudar na campanha contrária à proposta de emenda constitucional que alterava a composição do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), vista como uma ameaça à independência da instituição.

Na semana passada, a emenda foi derrotada, embora o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tenha dado sinais de que vai tentar novamente votar a matéria.

O grupo que colocou a peça de propaganda é formado por cerca de 200 profissionais de saúde de Maringá e outros estados, e apoia a candidatura do ex-juiz a presidente.

O exemplo paranaense é um caso pontual, mas que tende a se espalhar à medida que o ressurgimento de Moro no cenário eleitoral acorda uma base que estava dormente.

O ex-juiz tem contrato até o final do ano com a empresa de compliance americana Alvarez & Marsal, que o mantém vivendo em Washington (EUA). As indicações são de que o contrato não deve ser renovado, liberando Moro para fazer política novamente.

Em Brasília, convites personalizados já estão sendo distribuídos para o evento de filiação de ex-juiz. O lavajatismo, que andava meio por baixo, sonha em voltar aos dias de glória, na esteira do retorno de seu herói.

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Relatório da CPI da Covid oferece um ‘quem é quem’ do bolsonarismo digital https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/10/21/relatorio-da-cpi-da-covid-oferece-um-quem-e-quem-do-bolsonarismo-digital/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/10/21/relatorio-da-cpi-da-covid-oferece-um-quem-e-quem-do-bolsonarismo-digital/#respond Thu, 21 Oct 2021 12:10:41 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/hang-320x213.jpeg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=5167 O relatório final da CPI da Covid, apresentado nesta quarta-feira (20) pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) pode ser lido como um “quem é quem” do universo de influenciadores digitais do bolsonarismo.

Foram 27 com indiciamento pedido por Renan, uma conta que inclui políticos, diplomatas, empresários, jornalistas e agitadores de redes sociais.

“A disseminação das fake news na pandemia contou com uma rede organizada, com capacidade de alcance e influência política”, afirma o relatório, que ainda será votado pela comissão e poderá receber emendas.

A maioria é acusada de espalhar fake news e, por falta de opção jurídica mais específica, foi enquadrada no artigo 286 do Código Penal, que trata de incitação ao crime.

É o caso, por exemplo, de Allan dos Santos, chamado de “personagem central na disseminação de fake news em acordo com o Palácio do Planalto”. O relatório reproduz declarações, vídeos e tuítes de sua autoria negando a gravidade da pandemia, inclusive uma célebre dancinha em que ele diz que “corona é o caralho”.

Outras pérolas afirmam que o lockdown seria um plano diabólico da China e que a OMS (Organização Mundial da Saúde) seria genocida pela posição contrária ao uso de cloroquina contra o vírus.

Também recebe destaque o jornalista Oswaldo Eustáquio, que se autoexilou no México. Durante a fase mais aguda da pandemia, fez lives defendendo o chamado tratamento precoce.

Numa delas, conversa com o virologista Paolo Zanotto, também com pedido de indiciamento pela CPI, e que é um expoente do chamado “gabinete paralelo” que assessorou o presidente Jair Bolsonaro.

Outros médicos citados são Nise Yamaguchi e Luciano Dias Azevedo, também membros dessa estrutura de aconselhamento informal ao governo, que contornou os canais oficiais do Ministério da Saúde.

Já o empresário Leandro Ruschel, que vive na Flórida (EUA), é citado no relatório, entre outros pontos, por sua campanha contra a China, lugar de origem do vírus.

Em postagens, ele também subestimou o número de mortes pela Covid-19, que chama de “vírus chinês”. Além disso, espalha a tese de que o vírus foi criado em um laboratório (versão que, a bem da verdade, começou a ser levada a sério também pelo presidente americano, Joe Biden).

Bernardo Kuster, editor do jornal Brasil Sem Medo, ligado ao filósofo Olavo de Carvalho, é mencionado por sua campanha questionando a eficácia e a segurança das vacinas, mesmo depois dos estudos científicos que chancelaram a confiabilidade do imunizante.

Expoentes do bolsonarismo também citados são o jornalista Paulo Eneas, o comentarista Rodrigo Constantino e o youtuber Paulo Lisboa, entre outros.

Todos, de alguma forma, espalharam a receita de desprezo à gravidade da doença, tentativa de minar a credibilidade das vacinas, defesa da cloroquina e campanha contra medidas para mitigar as possibilidade de contágio, como isolamento social e uso de máscaras.

Estranhamente, Renan dá tratamento diferenciado a estas figuras: parte é apenas citada no relatório, e parte tem o indiciamento pedido. Não fica muito claro qual critério ele adotou, dado que a mensagem que todos espalham é basicamente a mesma.

Em redes sociais, a reação dos implicados por Renan variou do silêncio à postura desafiadora.

Um dos mais enfáticos no ataque ao relatório foi Ruschel, numa série de tuítes em que questionou as conclusões da CPI.

“Me acusam de ‘incitação ao crime’ por posts de Twitter que não trazem fake news, um conceito vago que passou a significar tudo aquilo que o seu oponente político defende, tampouco incitação a cometer qualquer crime! É um ataque frontal à liberdade de expressão”, escreveu.

Já Kuster optou pelo deboche, dizendo estar orgulhoso de ter o indiciamento pedido por uma CPI relatada por Renan.

Outro mencionado, o empresário Luciano Hang, que deu um dos depoimentos mais caóticos da CPI, desta vez foi surpreendentemente sóbrio, comportamento bem diferente de sua personalidade espalhafatosa. Chegou a se dizer honrado por ter de alguma forma participado da comissão.

O fato de terem sido citados no relatório pode trazer mais complicações jurídicas a pessoas que já estão na mira do Supremo Tribunal Federal sob acusação de espalhar fake news e patrocinar atos contrários à democracia.

Para parte deles, a menção pela CPI será usada como uma espécie de medalha, a ser exibida na próxima eleição. Muitos dos alvos de Renan, afinal, não escondem ter projeto político para o ano que vem.

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Produtora conservadora Brasil Paralelo oferece filmes e ‘escola da família’ a Paraisópolis https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/10/19/produtora-conservadora-brasil-paralelo-oferece-filmes-e-escola-da-familia-a-paraisopolis/ https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/2021/10/19/produtora-conservadora-brasil-paralelo-oferece-filmes-e-escola-da-familia-a-paraisopolis/#respond Tue, 19 Oct 2021 12:10:04 +0000 https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/BP-320x213.jpeg https://saidapeladireita.blogfolha.uol.com.br/?p=5153 Educar famílias, com a difusão de valores como o respeito ao matrimônio e a criação dos filhos em um ambiente saudável, estão entre os objetivos da produtora de filmes conservadora Brasil Paralelo, em recente acordo firmado com o G 10 das Favelas, uma das principais entidades que representam essas comunidades no país.

O convênio prevê a concessão de 500 assinaturas gratuitas do conteúdo da BP  para moradores de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo.

Os contemplados, indicados pelo G 10, terão acesso a parte do catálogo da empresa, especializada na produção de documentários, séries e cursos com viés de direita.

Recentemente, a Brasil Paralelo expandiu sua atuação também para a área de entretenimento, incluindo em seu acervo filmes hollywoodianos, desde que sejam compatíveis com seus valores. A ambição é se tornar uma espécie de “Netflix de direita”.

“Queremos efetivamente levar nosso conteúdo para pessoas que normalmente não teriam acesso a ele, disseminar nossa mensagem para um público mais amplo”, diz Renato Dias, head de Relações Institucionais da produtora.

Os moradores de Paraisópolis terão acesso a filmes e documentários da Brasil Paralelo, que já fez diversas produções sobre temas como educação, meio ambiente, temas internacionais e a pandemia de Covid-19.

Além disso, também será possível assistir ao “Escola da Família”, que se assemelha a um curso de relações familiares. Entre os temas abordados nos programas estão diálogo com os filhos, relação entre marido e esposa “sem perder a paciência” e maneiras de desenvolver a vida espiritual de crianças e adolescentes.

“Este é um público [das favelas] que valoriza muito a família. Tivemos uma avaliação de que seria interessante oferecer conteúdo que trata da importância de haver uma família estruturada, um matrimônio harmônico”, afirma Dias.

Os 500 planos destinados a Paraisópolis são parte de um modelo de “mecenato”, pelo qual assinantes da Brasil Paralelo doam as assinaturas, como se fosse uma ação social. A ideia é que isso seja expandido para outras favelas, inclusive de outros estados, futuramente.

Em entrevista à coluna Painel, da Folha, o presidente do G10 Favelas, Gilson Rodrigues, diz que a parceria tem como objetivo subsidiar os moradores de favelas com todo tipo de conteúdo para que possam formar suas próprias opiniões, sejam elas convergentes ou divergentes em relação ao que a produtora de vídeos conservadora apresenta na sua filmografia.

“A gente quer, como grande massa de favela, formar a nossa opinião de forma livre. A gente quer acesso a todo tipo de conteúdo para poder construir a nossa própria história”, afirmou ele, que é líder comunitário em Paraisópolis.

A Brasil Paralelo é frequentemente criticada por promover conteúdo revisionista, ou negacionista, rótulos que ela rejeita. Um documentário sobre o golpe de 1964, por exemplo, apresentava o movimento como uma reação a uma suposta ameaça comunista, que muitos historiadores consideram exagerada.

Em outro, sobre a educação, a influência do educador Paulo Freire é apontada como maior razão para o atraso do Brasil na área. No caso de um filme sobre o meio ambiente, há diversos ataques à atuação de ONGs conservacionistas.

A produtora se defende dizendo que apenas defende valores conservadores. A empresa, que começou como uma operação amadora de um grupo de estudantes gaúchos há apenas cinco anos, vem crescendo meteoricamente. Hoje, já tem uma carteira de mais de 200 mil assinantes, que pagam planos mensais que variam entre R$ 10 e R$ 49. O objetivo é chegar a 1 milhão até o final do ano que vem.

Embora a BP tenha se beneficiado como poucos da ascensão da nova direita no país, sobretudo após a eleição do presidente Jair Bolsonaro, seus fundadores negam a pecha de “bolsonaristas”, e fazem questão de reiterar sempre que não recebem dinheiro público.

O acordo com o G 10 Favelas, que representa as dez maiores favelas do país, mostra que a empresa fala sério quando se propôs uma meta ambiciosa: tornar-se a mais influente produtora de conteúdo cultural do Brasil –e não apenas no universo da direita, mas de forma geral.

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