Após um intervalo maior do que o esperado, culpa da pandemia, a segunda edição da versão brasileira da Cpac, mais importante evento conservador dos EUA, acaba de ser confirmada. Acontecerá nos dias 3 e 4 de setembro em Brasília.

O evento significa, em inglês, Conferência de Ação Política Conservadora. Nos EUA, é organizado todos os anos pela ACU (American Conservative Union, ou União Conservadora Americana), mais influente entidade da direita no país.

A Cpac surgiu nos anos 1970, quando o movimento conservador americano se estruturava, e desde então atrai os principais líderes deste campo no país, de jovens políticos ascendentes até presidentes como Ronald Reagan e Donald Trump.

No Brasil, a primeira edição ocorreu em São Paulo em outubro de 2019, organizada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.

Agora, o evento está a cargo do ICL (Instituto Conservador-Liberal), uma entidade recém-criada pelo próprio Eduardo, que ambiciona ser uma versão brasileira de instituições da direita americana como a Heritage Foundation e a própria ACU.

A agenda do evento ainda não foi fechada, mas o primeiro nome já está confirmado: o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, que virou uma espécie de ídolo dos conservadores brasileiros após ter sido demitido pelo presidente Jair Bolsonaro em março.

Mesmo após sua saída do Itamaraty, Ernesto segue leal ao presidente, e aderiu abertamente às ideias defendidas pelo filósofo Olavo de Carvalho. O ex-chanceler, que por enquanto segue sem nova função definida no ministério, continua fazendo sua pregação contrária ao “globalismo”.

Aliados afirmam que ele deve se candidatar a algum cargo nas eleições do ano que vem, provavelmente ao Senado ou à Câmara dos Deputados. A participação na Cpac será uma boa oportunidade para ele testar sua popularidade entre ativistas conservadores, que podem ajudar a sustentar seu projeto eleitoral.

“Hoje nós estamos diante de um perigo imenso, de uma ameaça imensa, no Brasil e no mundo, que é a formação de uma sociedade de controle, comandada por um sistema político corrupto, um sistema de manipulação, que a cada dia tenta destruir as nossas liberdades, tenta destruir os nossos valores mais profundos”, disse o ex-chanceler, em vídeo divulgado pelos organizadores da Cpac.

Para Ernesto, o movimento conservador é “a única esperança para enfrentar esse poder avassalador”. “O Cpac será a ocasião para nós analisarmos esse quadro, para reencontrarmos a motivação e o sentido de ação frente a esse sistema “, afirma ele no vídeo.

Sérgio Sant’Ana, diretor-executivo do ICL, diz que protocolos de segurança contra a Covid-19 serão seguidos no evento, que será restrito a 50% da capacidade do local onde ocorrerá.

A lista final de participantes, segundo ele, será anunciada em breve. A presença de ministros e do próprio presidente Bolsonaro seria natural no evento, até por ocorrer em Brasília.

Um sonho dos organizadores é trazer ao Brasil o próprio Trump, que recentemente se encontrou com Eduardo Bolsonaro nos EUA. “Trump é muito difícil. Mas seria excelente”, afirma Sant’Ana.