Partido do Aerotrem quer ser alternativa para atrair bolsonaristas desgarrados
Levy Fidelix, o homem do Aerotrem, eterno candidato nanico em São Paulo, sente estar vivendo o melhor momento de sua carreira política.
À frente do PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro), ele enxerga uma avenida à direita aberta no espectro político após o atraso na formação do Aliança Pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro tenta criar.
“O PRTB já existia antes do bolsonarismo. Defendo Deus, pátria e família, estamos no mesmo campo político”, diz, em entrevista ao blog.
Fidelix novamente disputará a prefeitura de São Paulo neste ano. Será sua quarta tentativa, e ele espera ter resultado melhor do que os pífios desempenhos de eleições passadas (2008, 2012 e 2016), em que nunca passou de 0,50% dos votos.
Para isso, conseguiu dar uma encorpada em seu partido, trazendo alguns aliados de Bolsonaro que estavam meio órfãos politicamente.
Um deles é Edson Salomão (ex-PSL), presidente do Movimento Conservador, hoje um dos mais atuantes grupos de apoio ao presidente, que disputará cadeira na Câmara paulistana.
Também se filiaram Bruno Zambelli, irmão da deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP), o marqueteiro bolsonarista Sergio Lima e o ativista Eduardo Platon, do Movimento Avança Brasil, entre outros defensores do presidente.
A ambição do partido não se esgota na capital paulista. O PRTB lançará 150 candidatos a prefeito no estado de São Paulo e 18 em capitais. Alguns são veteranos da política, como os ex-senadores Almeida Lima, que disputará em Aracaju (SE), e Mário Couto, candidato em Belém (PA).
Há outros nomes que surgem com força para disputar o voto da direita bolsonarista, como o deputado estadual Bruno Engler, em Belo Horizonte (MG), e o vereador Cezar Leite, em Salvador (BA). Além disso, o partido calcula que lançará entre 13 mil e 15 mil candidatos a vereador.
Uma prioridade é conseguir alianças, para que o partido possa participar de debates na TV, já que não elegeu o mínimo de parlamentares que dá esse direito.
A maior expressão política dentro do PRTB é o vice-presidente Hamilton Mourão, que, após um estranhamento inicial, parece ter encontrado uma maneira de conviver de forma mais ou menos harmoniosa com Bolsonaro e seu entorno.
Mourão, diz Fidelix, deve se engajar na campanha eleitoral ajudando os candidatos do partido. “Com Mourão em alta, e mais o presidente, tenho uma oportunidade única de chegar à vitória aqui em São Paulo”, acredita.
Ele estima que na cidade de São Paulo haja de 20% a 30% de eleitorado cativo da direita, que no momento se vê sem opção. Bolsonaro promete que não vai entrar na campanha, o que faz o voto de seu eleitorado estar disponível.
O nome da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), que seria natural para esse campo da direita, inviabilizou-se após sua briga pública com o presidente.
Outros concorrentes tentam abocanhar ao menos uma parcela da direita bolsonarista, como Filipe Sabará (Novo), mas Fidelix acredita estar em melhores condições para isso.
“O PSL hoje é um partido errático, e grupos como o MBL [Movimento Brasil Livre] também não levam esse voto. Os bolsonaristas são pessoas muito instruídas. Eu estou muito mais próximo de incorporar o espírito deles”, afirma.
Criado em 1997, o PRTB sempre teve referências no conservadorismo paulistano, uma longa tradição que remonta ao adhemarismo, janismo e malufismo.
O partido também chegou a flertar com o ex-presidente Fernando Collor, quando ele se aventurou a tentar a prefeitura de São Paulo em 2000, antes de ser barrado pela Justiça, por estar inelegível.
Fidelix exala confiança, e diz que suas ideias estão sendo reconhecidas pela história, ainda que tardiamente. “O governo de São Paulo já criou o Aerotrem”, diz, em referência a linhas de monotrilho já criadas e em construção.