Liberal, novo dono do Miss Brasil diz que vencedora deve ter perfil empreendedor

Beleza e simpatia são os critérios mais conhecidos em concursos de Miss. Empreendedorismo poderia ser um também?

Para o empresário sino-brasileiro Winston Ling, que acaba de adquirir os direitos de promoção do tradicional Miss Brasil, definitivamente sim.

“Uma candidata a Miss é uma empreendedora de si mesma”, disse Ling,  conhecido defensor de ideias liberais, ao Saída Pela Direita.

Para ele, beleza apenas não basta nos dias de hoje e há outras qualidades igualmente importantes para as mulheres que sonham ocupar o trono de mais bela do Brasil.

“O mais importante requisito para ser uma vencedora é ter autoestima para ficar imune às críticas de terceiros. E ter autenticidade, individualidade, independência de pensamento, curiosidade, vontade de aprender e de conhecer coisas novas”, afirma.

“Estes são todos valores de um empreendedor de sucesso”, conclui.

Gaúcho de Santa Rosa, Ling, 64, é filho de um chinês que migrou ao Brasil e construiu um conglomerado nas áreas da agropecuária, indústria e comércio internacional.

Em 1995, sua família fundou o Instituto Ling, em Porto Alegre (RS), para difundir ideias liberais na economia.

O empresário é um firme apoiador do presidente Jair Bolsonaro e ajudou a apresentá-lo ao atual ministro Paulo Guedes (Economia) pouco antes da campanha presidencial de 2018.

Isso não o impediu de sofrer ataques racistas de bolsonaristas em redes sociais por sua origem chinesa.

Na última terça-feira (7), Ling anunciou que mais uma vez está diversificando seus negócios. Desta vez, adquiriu os direitos sobre o Miss Brasil, após o término do contrato que o concurso tinha com a TV Bandeirantes.

Seu interesse, afirma, não é apenas empresarial, mas tem também um componente nacionalista.

“Vivemos um momento de muito pessimismo e polarização. Gostaria de oferecer algo positivo e belo, que possa unir o Brasil e trazer esperança de dias melhores”, afirma.

Ele também pretende usar o concurso para promover um canal online de vídeos que está lançando, o SoulTV, que fará a transmissão.

Neste ano, em razão da pandemia, os organizadores do concurso tiveram que improvisar. No lugar do tradicional evento, com desfile e perguntas às Misses estaduais, a vencedora, que também representará o Brasil no Miss Universo, será escolhida até agosto por uma comissão de jurados. 

A ideia é que o concurso nos moldes habituais retorne em 2021. O próprio Miss Universo deste ano foi adiado em razão da crise do coronavírus, e não tem data para ocorrer.

Criado em 1954, o Miss Brasil está longe de seu auge. Até a década de 1970, o concurso era acompanhado quase como uma Copa do Mundo. O Brasil já venceu o Miss Universo duas vezes, em 1963, com Ieda Maria Vargas, e 1968, com Martha Vasconcellos. A atual detentora da coroa é a mineira Júlia Horta.

Ling acredita que é possível resgatar o prestígio do evento.

“Gostaria que todos os brasileiros se unam a uma causa comum e que se entusiasmem e se mobilizem em torno do sonho de trazer a coroa de Miss Universo para o Brasil pela terceira vez. Faz 52 anos que o Brasil não ganha o Miss Universo. Está na hora”, afirma.

Dentro dessa pegada nacionalista, o empresário quer resgatar alguns símbolos. Entre eles, a faixa nas cores nacionais, que ao longo dos anos foi aposentada. “Miss Brasil tem que ter a faixa verde e amarela. É algo para mim óbvio e autoevidente. Não consigo imaginar diferente”, declara.

Mas não são apenas os defensores de valores nacionalistas, ou conservadores, que podem se interessar pelo evento, acredita o empresário.

“Os concursos de beleza são mais inclusivos do que se pensa. Existe um enorme contingente do público formado por gays, que se constituem nos fãs mais ardorosos. Todos aqueles que buscam e admiram o belo se identificam com os concursos de Miss, independente da corrente política”, afirma.

Para muitos, concursos de beleza com mulheres em trajes de banho, disputando coroa e faixa, não combinam com o atual momento de conquista de espaços e emancipação feminina.

Ling discorda que sejam coisas excludentes. “Empoderamento feminino não exclui a beleza, o charme, e a feminilidade”, afirma.

Mais acostumado a eventos que debatem o pensamento do economista austríaco Ludwig von Mises (1881-1973), papa dos defensores do Estado mínimo, Ling é um neófito na organização de eventos de beleza.

Mas demonstra estar disposto a dar essa tintura mais liberal, digamos assim, ao concurso. Mises e Misses podem andar juntos, por que não?