Mesmo com pandemia, preço do álcool em gel pode e deve subir, dizem liberais

Depois da lei da gravidade, a lei da oferta e da procura é a mais relevante para nosso dia a dia.

É a base de toda a atividade econômica, e quase impossível de ser contornada (vide as experiências fracassadas de congelamento que tivemos).

Mas ela pode ser relativizada num momento de crise mundial como o que estamos vivendo?

O tema animou alguns círculos liberais nos últimos dias. Em debate, o preço do álcool em gel, que teve uma explosão de demanda com o aumento dos casos de covid-19.

É correto, moral e humano deixar que numa situação como essa o preço dispare na mesma proporção da procura, atendendo ao mais elementar dos princípios econômicos?

Em artigo no site do Instituto Liberal, o administrador, palestrante e professor Juliano Oliveira defendeu que sim. “O preço do álcool em gel está subindo, e não há nada de errado com esse evento”, é o título do texto.

“O preço do álcool em gel tem que subir diante de uma demanda excessiva. Não há outro caminho, embora os defensores do Estado digam que o aumento dos preços é abusivo”, afirma Oliveira.

Para ele, é injusto ver nesse fenômeno apenas a expressão de um comportamento ganancioso de produtores e revendedores do produto.

“Na mente das crianças mimadas, o empresário maldito quer ter lucros cada vez maiores em detrimento da saúde dos mais pobres”, critica.

Nos primeiros dias da atual crise, os preços do produto chegaram a crescer até quatro vezes em algumas farmácias, o que levou a Prefeitura de São Paulo a fechar alguns estabelecimentos por praticarem preço abusivo.

O preço alto, afirma Oliveira, tem uma certa função social, digamos assim. É como um aviso de que meios empregados na produção de outros produtos precisam ser realocados para a fabricação de mais álcool em gel. Com mais oferta, o preço cai.

“É o mercado, portanto, e não o governo, que irá oferecer as respostas que as classes mais pobres desejam”, diz.

Também escrevendo para o Instituto Liberal, o articulista Gabriel Wilhelms lembra que, se o preço não subir, o produto provavelmente acabará rapidamente, e o resultado será a escassez para todos.

“Os preços não aumentam porque todos os capitalistas são abutres sem coração, e sim porque isso é uma resposta inevitável ao aumento da demanda. Sem essa resposta, os produtos acabariam mais rápido e menos pessoas teriam a chance de usufruir deles”, afirma.

Soluções como tabelamento, ou congelamento são sempre tentadoras para governos em momentos de crise.

Wilhelms sugere algo menos drástico. Numa situação emergencial, e até que a oferta se estabilize, poderia haver algum tipo de restrição ao consumo.

É o que algumas farmácias já estão fazendo, limitando o número de frascos que cada pessoa pode levar. Trata-se de uma solução imperfeita, diz ele, mas que poderia ser adotada temporariamente.

“Limitar a quantidade por cliente e manter os preços livres, embora polêmico, seria muito mais sensato”, escreve.

Em seu popular canal no YouTube, o libertário Raphael Lima vai direto ao ponto sobre o aumento do preço do álcool gel: “deixa subir mesmo”.

Ele diz que entende quem defende controle de preços. “É uma situação muito assustadora”.

Mas afirma que se houver tentativa de interferência estatal, a desorganização da economia é muito mais nociva do que os benefícios almejados.

“O fato de que preços podem oscilar é o que permite tudo ao seu redor funcionar”, diz.

O preço que atende à lei da oferta e da demanda, diz Lima, é o que evita que as pessoas tenham comportamentos impulsivos, como o de sair comprando dezenas de fracos de álcool em gel sem necessidade.

“A alta de preços faz com que as pessoas tenham um consumo racional. Faz com que as pessoas calculem”, afirma.