Prefeito de Teresópolis (RJ) alinha-se a Witzel e deixa movimento liberal

O movimento liberal Livres e o prefeito de Teresópolis, Vinicius Claussen, estão de divorciando. O pivô do afastamento é ninguém menos que o governador do Rio, Wilson Witzel.

Claussen decidiu alinhar-se a Witzel e está trocando o Cidadania, pelo qual foi eleito num pleito tampão no ano passado, pelo partido do governador.

Para o Livres, grupo que é crítico ao estilo linha dura do chefe do Executivo fluminense, a mudança foi inaceitável.

“O movimento [Livres] acredita que segurança pública é um dos principais problemas a serem enfrentados no Rio de Janeiro e que Witzel tem adotado uma política de extermínio e violação de direitos humanos contra a população carioca”, diz em nota o grupo.

Claussen era uma espécie de porta-bandeira do Livres no Executivo, e vinha demonstrando como aplicar na prática o ideário de abertura à iniciativa privada, Estado mínimo e administração pública nos moldes da que é feita nas empresas.

Em agosto, numa entrevista ao blog, ele afirmou que seus objetivos eram “planejamento, foco em resultado, indicadores, metas, monitoramento, informatização”.

Mas, segundo Paulo Gontijo, presidente do Livres, o governador “relativiza as garantias fundamentais que o liberalismo trouxe para a humanidade”. “Não podemos compactuar com isso. Os valores de liberdade individual e respeito aos direitos humanos são inegociáveis para nós”, afirmou.

Segundo ele, a decisão foi tomada de comum acordo. “Torcemos para que o prefeito siga defendendo princípios liberais em sua administração, mas não é possível continuarmos juntos”, disse Gontijo.

O Livres, criado em 2015, é um movimento suprapartidário, dentro do espírito dos novos tempos, de fazer política fora da camisa de força das legendas tradicionais. Tem entre seus membros filiados a partidos como Cidadania, Rede, Novo, PSB e PSDB.

Para pertencer ao grupo, todos precisam ter o compromisso de seguir as ideias de liberalismo econômico e de costumes.

O grupo chegou a se filiar ao PSL no passado, mas deixou o partido no começo de 2018, quando o presidente Jair Bolsonaro juntou-se à legenda.

Como mostrei aqui na sexta (18), eles agora acompanham com indisfarçável alívio à guerra fratricida no partido do presidente.

Claussen, um empresário, foi eleito prometendo resgatar a cidade da serra fluminense, a 90 km do Rio de Janeiro, após uma sucessão de prefeitos afastados por corrupção. Confiante no trabalho que vem fazendo, quer disputar a reeleição no ano que vem. Agora, grudado no governador.

Por meio de sua assessoria, o prefeito confirma que a saída do Livres foi tomada de comum acordo e assegura que se mantém fiel aos princípios liberais.

“Acredito no liberalismo econômico, na redução equilibrada da intervenção estatal”, diz ele, que afirma que seu objetivo é “tornar a administração pública mais leve e voltada para as vocações e necessidades básicas do município e o estímulo ao empreendedorismo para gerar oportunidades, renda e desenvolvimento”.

O alinhamento a Witzel, de acordo com Claussen, ocorreu porque o governador tem sido um forte apoiador da sua gestão.

“Ele também representa uma ruptura com o modelo de gestão ultrapassado que faliu Teresópolis e o estado do Rio. Nosso alinhamento é em torno de um projeto comum de reconstrução e desenvolvimento econômico e social do município”, declara.