Bolsonarismo é tão autoritário quanto petismo, diz coordenador do MBL

Movimento fundamental no impeachment de Dilma Rousseff e portanto insuspeito de esquerdismo, o MBL (Movimento Brasil Livre) acusa o presidente Jair Bolsonaro de usar métodos parecidos aos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“O bolsonarismo quer que todo mundo seja vaquinha de presépio, igual o lulismo fez com a esquerda. Querem botar cabresto em todo mundo”, afirma Renan Santos, um dos coordenadores do movimento.

As críticas são mais um passo no rompimento do movimento com o presidente, a quem o MBL apoiou no segundo turno da eleição do ano passado. “Os líderes bolsonaristas são tão autoritários quando o petismo na esquerda”, diz Santos.

O motivo da nova fricção foi um veto parcial do presidente Jair Bolsonaro (PSL) a penas mais duras para quem propaga notícias falsas nas eleições.

veto foi derrubado nesta quarta-feira (28), durante sessão do Congresso, por destaque apresentado pelo deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), outro dos líderes do MBL.

Em tom irônico, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) parabenizou Kataguiri pelas redes sociais porque, com a derrubada do veto, pessoas que replicam fake news poderão ser punidas.

Já Kim reagiu chamando o filho do presidente de “rato” e por não ter conhecimento sobre o projeto. Segundo ele, a derrubada do veto pune quem espalha denúncia sabidamente falsa, e nada tem a ver com censura.

Segundo Santos, a estratégia de Bolsonaro e de seu entorno é criar uma cortina de fumaça para desviar a atenção de outros temas incômodos, como as denúncias contra o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e seu ex-assessor Fabricio Queiroz.

Além disso, afirma o coordenador do MBL, há um interesse político do PSL em atacar o movimento.

“Se você não faz tudo o que eles querem, partem para a mentira e a destruição de reputação”, afirma. “Se a direita baixar a cabeça como a esquerda baixou, essa ideia de direita vai toda pro saco”, declara.

Ele afirmou também ver uma tentativa de retaliação ao movimento pelo fato de Kataguiri ter apresentado destaque que derrubou a possível engorda do fundo eleitoral, formado com recursos públicos, de R$ 1,7 bilhão para R$ 3,7 bilhões. A fatia do PSL seria de R$ 500 milhões.