De Mandela aos alimentos orgânicos, conheça 10 implicâncias da direita
Este post é um desdobramento de um ranking que fiz há um mês com os maiores inimigos da direita. Ao elaborar meu top 10 da impopularidade do povo destro, vários outros nomes apareceram.
Mas não eram exatamente odiados, eram mais alvos de alguma implicância. Para completar, nem todos na lista eram pessoas ou instituições. Algumas eram apenas “coisas”.
Decidi então fazer um novo ranking, das 10 maiores implicâncias da direita. Em alguns casos, apenas os liberais torcem o nariz. Em outros, só os conservadores (e vários são uma unanimidade).
Aqui vai a lista, sem estar em ordem de importância:
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Nelson Mandela
Hein?? Mandela, aquele santo? O cara que ficou 27 anos preso pelo apartheid sul-africano e ao ser libertado tornou-se um símbolo de conciliação? Para parte da direita, ele também foi um perigoso comunista e terrorista. Aos fatos: sim, Mandela tinha simpatia pelo bloco soviético na juventude; sim, liderou o braço armado da resistência contra o regime racista, mas os ataques eram direcionados à infraestrutura do país, nunca a civis; e não, nunca foi perigoso (os ataques não faziam cócegas no governo).
Perseguição aos canudinhos
Neste caso, juntam-se dois pontos: uma resistência dos liberais ao chamado “Estado-babá”, que quer regular as atividades mais comezinhas do dia a dia; e uma rejeição de quem acha que o fundamentalismo ecologista está indo longe demais. Melhor investir em educação e reciclagem do que em proibição, dizem. Fora aqueles empregos todos que os canudinhos geram.
Verbo ‘lacrar’
Provavelmente a gíria mais odiada pela direita, pois quem gosta de “lacrar” nas redes sociais são esquerdistas em busca de aplauso com suas teses progressistas. Liberais adoram criticar a “lacrosfera”. Um tempo atrás, o MBL lançou o slogan “quem lacra não lucra” (ou seja, quem tem teses de esquerda se dá mal economicamente).
Dia da Consciência Negra
O 20 de novembro e a figura de Zumbi dos Palmares não são nada populares entre a direita, que os considera símbolos esquerdistas. Os conservadores preferem exaltar a Princesa Isabel e a Lei Áurea como marcos do fim da escravidão.
Papa Francisco
Essa retórica em favor dos pobres, essa humildade toda, essa tolerância com os homossexuais… Sei não, mas esse papa é meio vermelho. E ainda escreve cartinha pro Lula! Sdds Bento 16.
RG
A direita libertária, e mesmo outros liberais menos radicais, odeiam documentos de identificação como o RG. O argumento: obrigar alguém a fornecer dados pessoais para o governo é uma invasão de privacidade e um passo para a tirania do Estado sobre o indivíduo. Se precisar identificar alguém em alguma situação, carteirinha da academia com foto já basta.
Limites à economia disruptiva
Pode ser a regulamentação do Uber, a obrigatoriedade de capacetes ao usar patinetes ou alguma regra para o Air BNB: se hay limites, soy contra, dizem os liberais. Onde já se viu, afinal, o Estado se meter na sagrada capacidade inovadora do indivíduo?
Latte
A imagem de um esquerdista num café descolado, tomando seu espresso com muita espuma de leite em cima (um latte) ocupa hoje o lugar que já foi da “esquerda caviar” ou do “petista do Jobi” (um bar no Leblon). É o cara que se preocupa com a desigualdade no mundo enquanto aproveita os prazeres burgueses. A direita americana até criou o termo “latte liberal” (mas lá liberal é sinônimo de esquerdista).
Cartórios
Ok, todo mundo implica com eles, mas só a direita enxerga nos cartórios uma questão existencial, como se ameaçassem todo o sistema capitalista. Sempre que você vir iniciativas sobre desburocratização vindas de liberais, pode ter certeza que é o ódio dos cartórios se manifestando mais uma vez.
Alimentos orgânicos
Não é que a direita não consuma esse tipo de alimento (dizem até que existem direitistas veganos, mas eu não conheço). É mais uma defesa do direito de agricultores usarem defensivos agrícolas (agrotóxico é palavra de esquerda!) e sementes geneticamente modificadas. Se possível, até em terras indígenas.