No Twitter, protesto pela educação tem ligeira vantagem sobre ato pró-Bolsonaro
As menções no Twitter, uma das formas mais diretas de se medir o impacto de um grande evento, mostraram os protestos contra Bolsonaro (15 de maio) ligeiramente à frente das manifestações a favor dele (26 de maio). Praticamente um empate técnico.
Até as 18h de domingo passado, houve 1,1 milhão de menções relacionadas à manifestação em defesa do governo, segundo levantamento feito pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV (DAPP-FGV).
Nesse mesmo horário, mas no protesto contra Bolsonaro, que teve como mote os cortes na área de Educação, a pesquisa registrou 1,18 milhão de referências no Twitter, (7,2% a mais portanto).
Nem todas essas menções ao ato do último domingo foram de apoio, segundo o levantamento: 67% foram positivas e 29% com críticas ao governo (além de 4% neutras).
Os apoiadores do ato se dividiram em dois grupos. Um defendendo mais claramente Bolsonaro, inclusive com críticas à direita que não aderiu, sobretudo o MBL (Movimento Brasil Livre), e outro priorizando pautas do governo, como a reforma da Previdência e o pacote anticrime do ministro Sergio Moro (Justiça).
Entre os alvos principais dos tuítes estiveram o Congresso Nacional, o STF e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
De uma forma geral, portanto, a tuitosfera refletiu mais ou menos de maneira fidedigna as bandeiras prioritárias dos manifestantes (ao menos no ato da avenida Paulista, que acompanhei). Vi muita defesa de Bolsonaro, mas muita gente que estava lá estava quase se lixando para o presidente e mais preocupada com a aprovação de reformas pelo Congresso.
Dentro do universo de citações no Twitter, os temas ficaram assim divididos:
O DAPP-FGV também levantou os personagens mais citados (após Bolsonaro, obviamente):
A conclusão do DAPP-FGV é de que as manifestações foram “significativas, mas não avassaladoras”, o que só vai apimentar a disputa nas redes. Os atos também tiveram caráter “antissistema” (contra os políticos, o Congresso e o STF), o que deve gerar reação contra o presidente, que de uma certa forma os estimulou.
Por fim, consolidou-se um racha na base de direita de Bolsonaro: de um lado os defensores radicais do presidente, de seu estilo e de seus valores conservadores. De outro, os mais liberais, preocupados com a economia e apoiadores apenas de Guedes.