De Marx a Paulo Freire, veja o top 10 dos inimigos da direita
Uma pergunta que ouço com frequência de pessoas que acompanham o blog: por que a direita fala tanto em Paulo Freire? Qual é o tamanho da treta com Cuba atualmente? O antilulismo arrefeceu ou continua à toda?
Daí veio a ideia de fazer um top 10 das figuras e instituições mais detestadas hoje pela direita, que você acompanha abaixo.
Antes, faço duas ressalvas:
-a primeira é óbvia, mas não custa repetir: ranking, listas etc. são baseados em opiniões muito particulares, com as quais provavelmente ninguém vai concordar. Espero que isso estimule os leitores a fazerem também seus rankings.
-a segunda: a lista é resultado de conversas que tenho tido com pessoas assumidamente de direita, militantes da causa, digamos assim. É um público restrito. Por isso Lula, a figura mais odiada pelos bolsonaristas hoje no país, aqui não aparece em primeiro lugar.
Ei-lo:
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10-) Foro de São Paulo (1990-)
O grupo de partidos latino-americanos de esquerda foi criado a partir de uma reunião que teve o PT como anfitrião, em 1990. Reúne, entre outras forças, o Partido Comunista de Cuba, o Partido Socialista chileno e a Frente Ampla uruguaia. Para a direita, esse clube primeiro serviu de veículo para apoiar o comunismo, depois viabilizou a onda de esquerda moderada no continente e agora legitima o bolivarianismo.
9-) The New York Times (1851-)
Porta-voz do liberalismo americano, o maior jornal do país é assumidamente secular, apoiador do Partido Democrata, ambientalista, feminista, globalista, defensor do aborto, contrário à pena de morte, crítico do armamentismo, e assim por diante. Ou seja, vermelho.
8- ) Che Guevara (1928-67)
Como pode um assassino confesso, comandante de sessões de fuzilamento, virar ícone pop e até hoje inspirar rebeldes de butique? E tudo temperado por baboseiras como “hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás” (que nem se sabe se ele disse mesmo)? A direita pira a cada camiseta vendida com aquela imagem do revolucionário olhando para o infinito.
7-) Nicolás Maduro (1962-)
O sucessor de Hugo Chávez na Venezuela endureceu o regime e o transformou numa ditadura. Mais grave, uma ditadura fracassada, com a economia em frangalhos, e que assim deveria ser facilmente derrubável. Mas ele continua firme, com apoio dos militares, e sem sinal de que vá largar o osso tão cedo.
6-) ONU (1945-)
Para grande parte da direita, a entidade que simboliza o globalismo é um antro de esquerdistas que só pensam em impor obstáculos ao poder dos EUA e aliados. Pior: dá voz para ditaduras e tiranos. Pior ainda: custa uma fortuna.
5-) Paulo Freire (1921-97)
O educador, referência em ensino no Brasil e no exterior, é considerado o maior culpado pela existência no meio acadêmico de um ambiente permeável à influência esquerdista. Seu método socioconstrutivista, diz a direita, toma o espaço que deveria ser ocupado pelo ensino do amor à pátria e do respeito à família.
4-) Lula (1945-)
O ex-presidente, preso em Curitiba, já não é considerado uma ameaça eleitoral tão grande, mas o fato de ainda ser a maior referência política da esquerda recomenda máxima atenção. Não é por outro motivo que cada condenação sua é comemorada pela direita como um gol em final de Copa do Mundo.
3-) John Maynard Keynes (1883-1946)
O britânico, pai da escola que defende a intervenção estatal na economia para regular a atividade econômica, encontrou amplo respaldo para suas ideias em diferentes países no século 20. Liberais e defensores do Estado mínimo o veem como sinônimo de ineficiência, compadrio e corrupção. Um inimigo mortal, portanto.
2-) Karl Marx (1818-83)
A culpa é toda dele, né? Seus escritos sobre a luta de classes insuflaram trabalhadores contra patrões, estimularam revoluções por todo o planeta e bagunçaram a ordem política e social vigente. Pior ainda: nenhum pensador de direita, ou liberal, conseguiu ter influência parecida à dele. Isso dói.
1-) Antonio Gramsci (1891-1937)
O marxista italiano superou o mestre no índex destro e recebe a medalha de ouro com louvor. É dele, afinal, o conceito de hegemonia cultural, hoje o pavor da direita. Por essa teoria, os marxistas, muito espertos, se reinventaram após a queda do comunismo e se embrenharam na academia, nas artes, no discurso, nos valores. É o marxismo cultural, também chamado de gramscismo, e a direita sente que está perdendo esse jogo.