Alvo do STF disse que 7×1 foi lição para o Brasil e é cético sobre gays militares

Alvo de uma ação da Polícia Federal sobre fake news, o general da reserva Paulo Chagas não se limita a fazer comentários críticos ao Supremo Tribunal Federal.  A defesa do regime militar, a crítica à esquerda e até digressões sobre a maior tragédia da história do futebol brasileiro fazem parte de seu cardápio.

“O desempenho da seleção brasileira é o retrato da Copa do Brasil: cara, improvisada e um fracasso diante da realidade”, disse ele, em 2014, num artigo para o Clube Militar intitulado “A lição da Alemanha”, após a derrota por 7 a 1.

O fiasco, segundo o general, teve pelo menos o mérito de demonstrar para o mundo o equívoco que foi promover o Mundial naquele ano, segundo ele uma aventura cara e marcada pela incompetência das autoridades.

“O exemplo dos alemães não deve, no entanto, limitar-se ao degradante 7×1, mas estender-se aos próximos anos e aos desafios de reerguer o Brasil depois de 12 anos de PT, assim como eles [alemães] recuperaram sua pátria depois da destruição de seis anos de guerra!”, declarou.

Chagas, general de brigada (segundo posto mais alto na hierarquia do Exército), também presidiu o Ternuma (Terrorismo Nunca Mais), entidade que se dedica a defender a atuação dos militares durante a ditadura. Nessa condição, criticou diversas vezes a Comissão Nacional da Verdade (CNV) e os governos do PT.

Em outro artigo publicado na internet, critica o então coordenador da CNV, Pedro Dallari, porque teria proposto aos militares aceitarem sua parcela de culpa no regime militar em troca de recursos e equipamentos.

“O dr. Dallari nos revela que os militares entregam –têm entregado ou devem entregar– suas almas ao governo para obter os meios de que necessitam para o cumprimento de suas missões!”, afirma o general.

Em um caso, Chagas entrou com ação contra a CNV movido por uma razão particular: em 2015, junto com quatro irmãos, processou o órgão por ter incluído seu pai, general Floriano Aguilar Chagas (1926-2012), no relatório final como um dos perpetradores de violações de direitos humanos.

Ele também já se manifestou sobre a participação de mulheres e homossexuais nas Forças Armadas. Não chegou a ser explicitamente contrário, mas demonstrou ceticismo quanto à possibilidade de exercerem as mesmas funções que homens heterossexuais, em razão da questão física.

Ao comentar entrevista da ministra Elizabeth Rocha, do STM (Superior Tribunal Militar) ao portal G1, também em 2014, Chagas disse ser necessário haver “cautela em avançar até as mulheres poderem manejar as armas fins, porquanto terão que fazê-lo com a mesma eficiência dos homens”.

Sobre homossexuais, afirmou que a integração nas Forças Armadas “deve condicionar-se ao respeito desses cidadãos à rigidez e à uniformidade exigidos do comportamento, das atitudes, do relacionamento e do vigor físico dos militares em geral, o que me parece muito difícil de ser atendido na plenitude necessária”.